Mundial de Budapeste: Previsões no masculino

Sugoi Uriarte no judogi azul.

São 665 aspirantes à glória, o que significa que as medalhas são caras. 14 categorias e uma medalha de equipe adicional. Muita gente por tão pouco metal, que marca um campeonato mundial monumental. Para ter uma ideia de onde vai soprar o vento, consultamos o técnico espanhol Sugoi Uriarte, estudioso do judô e bom observador do circuito. Hoje falamos sobre os homens.

 

-60kg 

Nagayama Ryuju (JPN) é o favorito indiscutível. É engraçado porque ele é o número um do mundo, um judoca muito bom, mas não foi selecionado para os Jogos. Também indicaria Koga Genki (JPN), filho da lenda Koga, como candidato ao título. Ele é muito bom. Não o vi lutar com os melhores, mas acho que vai ser um bom evento para ele.

Yago Abuladze (RUS) é um judoca que adoro. Ele ataca de ambos os lados; ele é muito ágil e rápido. Acho que ele não terá sorte para os Jogos porque o número dois do mundo é seu compatriota Robert Mshvidobadze. Em princípio, Abuladze deve enfrentar Nagayama nas semifinais. Você não pode ser um campeão sem ter derrotado os melhores.

Do outro lado está Francisco Garrigós (ESP), novato campeão europeu e que está em grande forma. Acho que ele pode ganhar uma medalha. Existem várias possibilidades reais, mas será Nagayama quem dará o tom.

-66kg

Vejo dois candidatos acima do resto. Primeiro, Maruyama Joshiro (JPN), que também ficou de fora dos Jogos Olímpicos. O segundo é o atual líder do ranking mundial, Manuel Lombardo (ITA), que está em um nível espetacular. Eles são, sem dúvida, os dois grandes candidatos ao ouro. Do resto, destaco Sardor Nurillaev (UZB) porque gosto do estilo dele. 

Hashimoto Soichi (JPN)

-73kg

Vejamos Hashimoto Soichi (JPN), número um do mundo e atual campeão. O problema dele é que ele está na categoria de Ono Shohei (JPN) e por isso não vai aos Jogos. Nas três categorias mais leves, existem verdadeiras maravilhas do judô. Que três: Nagayama, Maruyama e Hashimoto! Nenhum deles estará em Tóquio, apesar do fato de que todos os três poderiam aspirar perfeitamente ao ouro olímpico, o que diz tudo sobre o imenso potencial do Japão, cujas segunda e terceira linhas são tão fortes que eles podem pagar por esses luxos. 

Nesta categoria, Hashimoto é claramente o favorito. Como nem Ono nem Rustam Orujov (AZE) estão aqui, será interessante ver quem consegue lutar pelas medalhas. Acho que é uma boa oportunidade para Akil Gjakova (KOS) e Tommy Macias (SWE), mas o ouro, a princípio, vai para Hashimoto.

-81kg 

Matthias Casse (BEL) é o líder da categoria e está entre os três primeiros há alguns anos. Porém, para mim, o favorito é Tato Grigalashvili (GEO). Desde 2020 ele está progredindo constantemente. Ele é um guerreiro, como todos os georgianos, e muito talentoso.

É uma categoria muito aberta, muito bonita porque os primeiros quinze são muito bons e são, sobretudo, de um nível muito semelhante. Em Budapeste teremos Frank De Wit (NED), Saeid Mollaei (MGL), Sharofiddin Boltaboev (UZB), claro Matthias Casse, Ivaylo Ivanov (BUL) e o atual campeão olímpico, Khasan Khalmurzaev (RUS). Na verdade, apenas Sagi Muki (ISR) e Vedat Albayrak (TUR) estão faltando. É por isso que todos os fãs amam esta categoria, porque é muito incerta e nos últimos anos ninguém repetiu um título mundial; todo ano há um novo.

-90kg 

O principal favorito é Nikoloz Sherazadshvili (ESP). Ele está acima dos demais, principalmente se chegar em sua melhor forma. Mikhail Igolnikov (RUS) e Lasha Bekauri (GEO) me deixaram uma ótima impressão, mas eles não estarão em Budapeste e nem Noel Van T End (NED). Por isso Nikoloz será o claro favorito, mas fique atento a Murao Sanshiro (JPN), um judoca de que gosto muito e também Krizstian Toth (HUN), pois estará em casa e querendo agradar os fãs locais. Também não devemos descartar Beka Gviniashvili (GEO), porque ele tem estado em um bom nível ultimamente. Pode não haver tantos candidatos de ouro quanto –81kg, mas também será uma categoria aberta, com um favorito e muitos candidatos.   

Shady Elnahas (CAN)

-100kg 

Eu gosto de Shady Elnahas (CAN)! Acho que ele pode fazer alguma coisa. Michael Korrel (NED) volta a propor o bom judô e Jorge Fonseca (POR) vai querer manter o título, até porque não tem sido o seu melhor ano até agora. Iida Kentaro (JPN) vai ser forte, porque os japoneses sempre almejam uma medalha e, por último, mas não menos importante, está em jogo o grande Varlam Liparteliani (GEO). Há dez anos está entre os melhores e é o atual líder, vice-campeão em tudo que é importante e em busca dos tão almejados títulos mundiais e olímpicos. O Lipo é o Lipo, ele está sempre aí.

+ 100kg 

Já que Teddy Riner (FRA) está faltando, darei dois nomes: Tamerlan Bashaev (RUS) e Kageura Kokoro (JPN). Eu amo o russo e o Grand Slam de Kazan foi um passeio e tanto para ele, quase fácil demais. Kageura ficou famoso por ser o primeiro homem em dez anos a derrotar Riner, mas ele é muito mais do que isso. Ele é canhoto, muito chato para os outros, tem a técnica dos japoneses e como não vai estar em Tóquio, vem a Budapeste para vencer. Eu acho que eles são os dois favoritos claros, pelo menos para mim. 

Kageura Kokoro (JPN)

 

Competição de equipes mistas 

O Japão tem que ser o favorito, porque eles têm pedreiras suficientes para vencer. Eles trouxeram uma mistura de segunda e terceira linhas e quando olhamos os nomes, eles formam uma equipe de primeira linha. A França terá muito a dizer, especialmente se os três campeões mundiais Agbegnenou, Gahié e Malonga participarem. O Brasil também terá algo a dizer. Não acho que a Coreia tenha opções porque não trouxe seu primeiro time e, ao contrário do Japão, a segunda linha não pode competir com os melhores. Finalmente, você pode ter que olhar para a Geórgia. É um país com uma equipe muito sólida e eles trouxeram gente muito séria, muito boa. Será um torneio interessante.

No entanto, tudo isso é apenas teoria, embora provavelmente bem orientado, porque Sugoi Uriarte geralmente não se engana em suas previsões. Veremos o que a realidade guarda para nós. 

Por: Pedro Lasuen - Federação Internacional de Judô

Fotos: Gabriela Sabau, Marina Mayorova e Emanuele Di Feliciantonio