Uma mistura de emoções e expectativas toma conta da seleção brasileira, que disputa a partir desta sexta-feira (27) o Campeonato Pan-Americano de Judô em Montreal, Canadá. A competição é o último evento válido antes do fechamento do ranking olímpico, em 30 de abril, e acontece simultaneamente aos campeonatos Europeu e Asiático. Atletas como Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro, lideres de suas categorias no ranking mundial, estão lado a lado com os jovens estreantes Eduardo Bettoni, 21 anos, e Renan Nunes, 25 anos, que substituem nos pesos médio e meio-pesado os atletas que ainda travam disputa interna para representar o Brasil em Londres (respectivamente Hugo Pessanha e Tiago Camilo, e Luciano Correa e Leonardo Leite).
Mariana Silva e Maria Portela, por sua vez, têm no Pan a chance de assegurar a participação olímpica em agosto. Ambas estão em 14o lugar no ranking, última posição possível, no feminino, para garantir a vaga em Londres pela lista da FIJ (no masculino vai até o 22o lugar).
A seleção brasileira no Pan de Montreal é composta por: Sarah Menezes (48kg, 3a do ranking mundial), Erika Miranda (52kg, 7a), Rafaela Silva (57kg, 4a), Mariana Silva (63kg, 19a, com descartes 14a), Maria Portela (70kg, 15a, com descartes 14a), Mayra Aguiar (78kg, 1a), Maria Suelen Altheman (+78kg, 10a), Felipe Kitadai (60kg, 15o), Leandro Cunha (66kg, 6o), Bruno Mendonça (73kg, 12o), Leandro Guilheiro (81kg, 1o), Eduardo Bettoni (90kg), Renan Nunes (100kg), Rafael Silva (+100kg, 4o).
Eduardo Bettoni e Renan Nunes são as caras novas do Brasil. Em meio aos atletas da equipe olímpica, os jovens judocas foram convocados nos pesos médio e meio-pesado, respectivamente, para evitar que a pontuação no Pan pudesse decidir a disputa verde-amarela pela vaga em Londres entre os principais atletas brasileiros nas categorias.
“A gente tem que estar sempre pronto para agarrar as oportunidades. É uma chance única estar aqui entre esses atletas disputando um Pan”, diz o tímido Eduardo Bettoni, vestido com o quimono com o nome de Pessanha bordado na calça. “Estava sem judogi oficial da FIJ e peguei emprestado com o Hugo, meu companheiro de clube, os quimonos azul e branco para lutar aqui. Moramos juntos e ele me deu várias dicas para minha primeira competição internacional”, conta o peso médio do Minas Tênis Clube/MG.
Um pouco mais acostumado com a seleção brasileira por já ter disputado etapas do Circuito Mundial, o gaúcho não esconde o entusiasmo.
“É muito bom representar o Brasil. Me preparei bastante para fazer o melhor”, afirma Renan, irmão de Rochelle Nunes, peso pesado da seleção brasileira. “Essa convocação para o Pan foi uma boa surpresa”, reconhece o judoca da Sogipa/RS.
Os dois estreantes lutam logo no primeiro dia de competição, no ginásio da Universidade McGill, em Montreal. Competem na sexta-feira a partir das 10:00 (11:00 de Brasília) os pesos +100kg, 100kg, 90kg e 81kg no masculino e +78kg, 78kg, 70kg e 63kg no feminino. No sábado lutam as categorias 73kg, 66kg, 60kg e 57kg, 52kg e 48kg. Domingo acontece o campeonato por equipes.
Já o sonho olímpico de Mariana Silva e Maria Portela passa por Montreal. Atualmente ocupando a 19a e 15a colocação no ranking mundial, respectivamente, ambas estão dentro do critério de classificação para Londres pelo descarte de países com mais de uma atleta na lista. A vaga nunca esteve tão perto, mas um bom desempenho no Canadá fora com que a dupla não precise fazer contas com os resultados dos Campeonatos Europeu e Asiático, disputados no mesmo final de semana do Pan.
“Sei que minha situação não é muito confortável, mas conheço bem minhas adversárias na Pan-América e estou confiante em lutar bem”, resume a gaúcha Maria Portela, da Sogipa./RS
Já Mariana Silva confia na boa sequencia de treinamentos que a seleção feminina fez no Rio de Janeiro nos últimos meses.
“Ficamos muito tempo treinando com nossos treinadores. A preparação para o Pan foi muito bom, em especial nas técnicas de ne waza (judô no chão), com Flávio Canto”, diz Mariana. “O Pan é uma competição que vai ajudar na classificação olímpica, mas não acho que seja a mais importante do ano. Estou tranquila para lutar”, garante a atleta da Associação de Judô Rogério Sampaio/Santos.
A ansiedade da dupla de estreantes e a expectativa pela vaga de Mariana e Maria contrasta com a serenidade de Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro, lideres de suas categorias no ranking mundial. Ambos competem pela primeira vez na condição de número um do mundo. Guilheiro sequer entrou no tatame pela seleção brasileira em 2012, enquanto Mayra não compete desde o Grand Slam de Paris, em fevereiro, quando assumiu o posto de número um no meio-pesado.
“Depois que encerrei 2011 com quatro resultados em Grand Slam e Mundial, que valeriam 100% para o fechamento da lista olímpica, optei por tirar os primeiros meses de 2012 para treinar. Como valem os cinco melhores resultados de cada atleta para o ranking olímpico, tenho a possibilidade de marcar pontos importes no Pan. Por isso decidi vir. Aproveitei o começo do ano para treinar, aprimorar técnica e ganhar peso. E aqui no Canadá é a hora de ver se tudo funcionou direitinho”, diz Leandro Guilheiro. “Vou entrar no tatame da mesma forma como lutei em 2009, quando havia acabado de subir de categoria e meu nome nem figurava no ranking do meio-médio”, garante o judoca do Pinheiros/SP.
Mayra terá como principal adversária em Montreal ninguém menos do que sua principal rival, a americana Kayla Harrison, atual quarta colocada do ranking mundial e com quem a brasileira vem decidindo medalha nas principais competições do mundo.
“Fiz questão de vir lutar o Pan justamente para poder enfrentar a americana e a cubana (Yallenis Castillo). Esses detalhes serão importantes em busca da medalha olímpica”, diz Mayra. “O fato de seu ser líder do ranking não me torna favorita. No judô não tem isso. Mas com certeza vou aproveitar esse momento. A liderança é algo que vou levar pra sempre comigo”, completa a gaúcha da Sogipa/RS.
Por: In Press Media Guide - CBJ
Fotos: Marcio Rodrigues - Fotocom.net