sábado, 30 de outubro de 2021

Judoca Mayra Aguiar apresenta pela 1ª vez as três medalhas olímpicas e o noivo Leonardo


A gaúcha Mayra Aguiar, 30, é um fenômeno. Ela é a única mulher brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em esportes individuais em três edições seguidas dos Jogos. Os três bronzes vieram desde Londres-2012, passando pela Rio-2016 e agora, por último, nos Jogos de Tóquio, que aconteceram em 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus.

Mas a trajetória da Miroca, apelido dado pela mãe Leila Aguiar, começou muito cedo e não foi no judô. Ainda na infância, ela e a irmã Helen praticaram de tudo: natação, atletismo, balé, ginástica e até fizeram parte de um grupo de escoteiros.

Foi aos seis anos de idade que Mayra conheceu o judô, se apaixonou e, desde então, iniciou uma história de amor, suor e conquistas.

A judoca afirma que se encantou com a disputa ao descobrir que competir seria como um elixir que a preencheria numa carreira que ela começava a rascunhar ao lado dos pais.

Aliás, foram muitas viagens pelo interior do Rio Grande do Sul atrás de competições que, algumas vezes, nem chegavam a acontecer por falta de adversárias.

Em uma delas, Miroca viajou mais de 600 km com o pai de Porto Alegre até Uruguaiana e não entrou no tatame por falta de uma atleta da categoria e do peso dela para competir.

Valeu a pena?
A resposta veio mais rápido do que ela e a família Aguiar imaginavam.

A primeira convocação para a seleção brasileira ocorreu em 2004, quando Mayra tinha apenas 14 anos.

Também não demorou mais que um ciclo olímpico para que ela garantisse vaga pela primeira vez nos Jogos. Foi aos 17 anos, na edição de Pequim, em 2008, na China.

De lá pra cá, Mayra foi acumulando ótimos resultados em sequência. Foi duas vezes campeã mundial (2014 e 2017), e só não subiu mais vezes ao pódio em Mundiais e Olimpíadas por causa das inúmeras lesões, além de sete cirurgias.

Mayra Aguiar nas quartas das Olimpíadas [FRANCK FIFE/AFP via Getty Images]

As artes de Miroca
Desde bebê, Mayra já se apresentava uma menina à frente do seu tempo.

Imperativa, inquieta, começou a andar com nove meses. Aos 11, caiu de uma altura de um metro e quebrou o braço, pela primeira vez.

No quintal do condomínio onde os pais vivem até hoje, no bairro Medianeira, em Porto Alegre, Mayra tem muitas histórias pra contar, desde os tempos em que descia as lombas (como os gaúchos chamam as escadas) de skate e bicicleta, até as brincadeiras mais criativas que surgiam na cabeça da caçula da família.

Naquele quintal, Miroca participava de festas, churrascos e, à noite, sofria muito com as dores do crescimento.

“Mayra está acostumada a conviver com a dor desde pequena. É a dor do crescimento. Crescia muito rápido de uma hora para outra. Muitas vezes ela acordava de madrugada gritando de dor, com câimbras, acordava chorando. Eu não tinha muito o que fazer, a não ser massagens na tentativa de aliviar o sofrimento dela”, disse dona Leila Aguiar, que também é arquiteta e professora de artes plásticas, mas não gosta de dar entrevistas.

Casamento à vista
Quem vê Mayra no tatame não imagina o que há por trás daquela cara brava, daquele espírito aguerrido e dos golpes perfeitos e totalmente calculados.

Atrás daquela judoca existe uma pessoa meiga, doce, atenciosa e extremamente carente, como nos confidenciou a irmã Helen Aguiar, hoje assessora e fisioterapeuta de Mayra.

No meio da preparação olímpica, com uma cirurgia que quase a tirou dos Jogos de Tóquio, Mayra teve o coração conquistado pelo também judoca Leonardo Lara Lopes, 22.

Os dois começaram a se falar pelas redes sociais no ano passado e logo no primeiro encontro aconteceu o que eles chamam de paixão fulminante.

Apesar de ser oito anos mais novo que a medalhista olímpica, Leonardo vem batalhando a vida no judô desde a infância na cidade de Campinas, onde morava com os pais.

Mayra Aguiar e o noivo Leonardo Lara Lopes, também judoca 
[Arquivo Pessoal Mayra Aguiar]

Em 2020, por causa da pandemia, chegou a abandonar o esporte, mas o encontro com Mayra não só mudou a vida de ambos.

Ele foi morar em Porto Alegre, conseguiu uma vaga para fazer parte do forte time da Sogipa e, de quebra, tornou-se noivo da maior medalhista olímpica em esportes individuais do Brasil.

Juntos há dez meses, o casal vive um intenso amor. Moram juntos, treinam juntos e, pelo que tudo indica, o casamento é inevitável.

“Todo mundo conhece a Mayra judoca, mas poucos conhecem a mulher espetacular que ela é no dia a dia. Vim pra cá e posso garantir que vivo a fase mais feliz da minha vida. Faço o que amo, o judô, e estou ao lado de uma mulher que me faz muito feliz", disse Leonardo.

"Quando vim pra cá, coloquei na cabeça que tinha que me adaptar à cultura do Rio Grande do Sul. Já tomo chimarrão com ela, com os familiares dela e os amigos. Sei o que significa esse gesto, apesar de ser um mate amargo, na água quente, que, a princípio, não tem gosto muito bom. Mas o que importa é o significado, o estar junto, dividir a cuia, bater um papo e se sentir integrado a fantástica cultura dos gaúchos”, completou.

Diante de tanto amor, perguntamos ao casal quando o casório vai sair. E os dois não titubearam.

“Estou noiva. Olha a aliança. Estamos conversando para [casar em] 2024. Quem sabe na minha quinta Olimpíada e na primeira dele. Se Deus quiser, se a gente for junto, a gente casa lá em Paris mesmo”, disse, empolgada, Mayra.

Já Leonardo é um pouco mais cauteloso quanto à possibilidade de passar o anel da mão direita para a esquerda, e brinca.

“Falei pra ela que o cenário ideal é o seguinte: Primeiro a gente tem que garantir essa vaga, e, como é o meu sonho, buscarei a todo custo. Em seguida, se a gente estiver mesmo competindo nos Jogos, eu caso com ela assim que os dois conquistarem uma medalha. Se isso acontecer, eu saio com ela da Vila Olímpica e casamos na primeira igreja que encontrarmos em Paris”, afirmou Leonardo.

Se depender da Miroca, a filha da dona Leila, vai lutar por ela e por ele para que esse casamento aconteça.

E que não tenha no caminho, nenhum tipo de inseto, especialmente baratas, pois é só disso que a nossa três vezes medalhista de bronze em Jogos Olímpicos morre de medo.

Mayra Aguiar com o bronze conquistado nas Olimpíadas de Tóquio [Getty]

Por: Marcelo Gomes - ESPN






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