quinta-feira, 8 de abril de 2021

CBDV: Dia Nacional do Braille reforça como é importante a alfabetização dos cegos


Dentro das quadras de goalball, o pivô José Roberto já conheceu a sensação de conquistar medalhas paralímpicas, títulos mundiais e diversos outros campeonatos. Fora delas, o paraibano de Lagoa Seca conseguiu chegar à universidade utilizando o mesmo sentido que o guia durante as partidas: o tato. Foi pela leitura das mãos que ele se alfabetizou e, hoje, dá aulas de História.

Neste 8 de abril, quando é comemorado o Dia Nacional do Braille, histórias como a do atleta da Seleção Brasileira dão ainda mais relevância ao sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas inventado pelo francês Louis Braille, em 1824.

"Foi por meio do Braille que fui alfabetizado, estudei toda a minha vida, apesar de o acesso não ser amplo. Sou professor e quase não encontrava material sobre o meu curso em Braille. Mas fez uma diferença enorme na minha vida", diz Zé Roberto, de 40 anos.

Ele e diversos atletas das Seleções Brasileiras geridas pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) conseguem circular pelo Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, com muito mais autonomia. Isto porque toda a comunicação de placas e objetos do local é acessível, com os pontinhos em relevo sobre letras e números.

"É superimportante o uso e conhecimento do Braille, pois foi o primeiro método que conseguiram inventar para inserir a pessoa com deficiência visual na sociedade, nos estudos, no trabalho", confirma Leomon Moreno, colega de Zé Roberto no time masculino de goalball do Brasil.

Como funciona o Braille?

O sistema possui uma estrutura em relevo, formada por seis pontos verticais divididos em duas colunas de três pontos em cada. A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 63 combinações ou símbolos. A leitura é tátil, feita da esquerda para a direita. Pose-se optar tanto por utilizar uma ou ambas as mãos, de acordo com a forma que se adaptar melhor. Além disso, existem três diferentes graduações, sendo o Braille grau 1 aquele em que a palavra é escrita por extenso, letra a letra. Os graus 2 e 3 utilizam formas abreviadas que requerem maior domínio por parte do leitor cego.


#Acessibilidade: placa contendo o alfabeto Braille dividido em três linhas, sendo a primeira das letras A-J, a segunda, das letras K-T, e a última, das letras U-Z.

No Brasil, o Instituto Benjamin Constant (IBC), localizado no Rio, foi o pioneiro no ensino do Braille e é referência até hoje. "A alfabetização traz à pessoa cega maior independência, autoestima, melhor noção espacial. Ela se percebe melhor como parte da sociedade", diz Maria Luzia do Livramento, que é professora por lá desde 2010.

Malu, como é conhecida no IBC, sabe bem da importância desse conhecimento. Ela mesma deixou Pernambuco quando criança para estudar no Instituto. E lamenta que o Braille não seja tão difundido quanto deveria no país: "Hoje em dia, a tecnologia, da qual sou muito fã, reforçou em algumas pessoas cegas que a alfabetização no Sistema Braille não é mais importante. Eu digo que a tecnologia é muito importante, mas caminha paralela ao Braille. Aliás, é por causa do Braille que nós, alfabetizados, estamos hoje tendo acesso a essa tecnologia", conclui.

Por: Comunicação CBDV - Renan Cacioli

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