segunda-feira, 12 de abril de 2021

Juiz de Fora - MG: “O esporte salva vidas”: Projeto social do Santa Efigênia inicia jovens no judô e no futebol

Kleyton com jovens judocas da comunidade atendida pelo projeto (Foto: Divulgação)

Há seis anos, a rotina de cerca de 300 crianças do Bairro Santa Efigênia, na Zona Sul, passou a incluir a prática de esportes. Mais especificamente, o judô e o futebol ganharam jovens adeptos na comunidade local. O engajamento acontece pelo trabalho da “Life Projetos Sociais”, que desde o início do século atua na assistência social aos moradores da região, e, há pouco mais de meia década, integrou as atividades esportivas gratuitas no escopo de ações. “O esporte tem um papel central no nosso projeto, porque ele salva vidas”, justifica o presidente da associação, Kleyton Oliveira.

Morador do Santa Efigênia desde a infância, Kleyton é conhecido no bairro pelas iniciativas de ajuda à população vulnerável. Há cerca de 19 anos ele fundou a “Life Projetos Sociais”, que se dedica a oferecer cestas básicas e auxílio jurídico, além de distribuir remédios e marcar consultas médicas a quem necessita. O fundador e presidente da associação contabiliza cerca de 480 famílias atendidas, após quase duas décadas de trabalhos.

Os serviços foram sendo agregados ao projeto gradualmente. Segundo Kleyton, dentro da comunidade ele é visto como aquele que resolve os problemas. “Várias pessoas começaram a bater na porta do projeto precisando de assistência médica. Aí você consegue uma cirurgia para um, uma consulta para outro… E tudo isso é divulgado. Então, as pessoas começam a falar: ‘vai lá que ele resolve’. Hoje, eu sou o cara que tenta resolver”, brinca. “Mas esse trabalho é muito gratificante porque nós já salvamos muitas vidas através desse assistencialismo. Eu tomei um gosto tão grande por isso que virou minha paixão”, comemora o idealizador.


Esportes envolvem crianças e melhoram comportamentos

Com o mesmo intuito de resolver problemas, os esportes foram adicionados ao cardápio do projeto. A demanda partiu dos próprios jovens do bairro, mas enfrentava um problema: a falta de um espaço para as práticas. Kleyton contou com a ajuda da direção da Escola Municipal Bela Aurora, localizada no Bairro Ipiranga, que disponibilizou a estrutura para receber os atendidos. “A nossa parceria com o projeto começou com a indicação de uma professora que já conhecia o trabalho e pensou que seria interessante para a nossa escola. Ela passou meu contato para o Kleyton, que esteve na escola e solicitou o espaço”, conta a diretora E.M. Bela Aurora, Ivanilza Bandeira Gomes. “Esse trabalho ajuda muito na escola, porque ele cobra frequência, aproveitamento, e isso faz com que os alunos e a família participem ativamente”, complementa.

A iniciação dos jovens no esporte ajuda a diminuir a entrada dos garotos na criminalidade, de acordo com Kleyton, e a mudança no comportamento foi sentida no bairro. “Nós conseguimos tirar do tráfico diversas crianças. Hoje, se você parar para conversar, a mentalidade deles é outra. Até mesmo o convívio dentro de casa mudou”, avalia o fundador da “Life”.

Mãe de Angelyna, de 10 anos, e Enzo Manoel, de 7, a auxiliar de produção Elaine Carvalho tem em casa dois esportistas mirins formados no projeto. “Angelyna com seus 6 anos iniciou no jiu-jítsu. Enzo retornou agora, com mais idade para poder se juntar às outras crianças. “Life, na vida de muitos, soa ‘esperança’. O projeto hoje é bem quisto e muito respeitado por todos da comunidade e os demais bairros”, celebra a mãe.

Pandemia impõe dificuldades

Desde a concepção da “Life”, o setor de eventos se posicionou como um grande parceiro do projeto. Há 19 anos, Kleyton firmou parcerias com empresas da área para arrecadar os alimentos e utilizá-los na formação das cestas básicas. Com a pandemia de coronavírus, o setor foi o primeiro atingido, pela impossibilidade de promover aglomerações, o que, por fim, atingiu também o projeto do Santa Efigênia. “Se não tem evento, não há coleta de alimentos, e isto reflete nas famílias do projeto que nós atendemos. Não se chega mais o arroz e não se chega mais a cesta básica”, lamenta o fundador.

“Até mesmo o convívio dentro de casa mudou”, conta Kleyton sobre as consequências do esporte na vida dos jovens

A luta contra o coronavírus se materializa no caminho da “Life” na dificuldade em seguir oferecendo assistência às famílias, ainda mais vulneráveis com o agravamento da pandemia. “Eu sempre bato na porta de algumas empresas. Mas, de dez portas que eu bato, só uma abre”, relata Kleyton, que ainda tenta manter a prática do judô em um tatame improvisado na própria casa. “Na comunidade tem muitas famílias que não conseguem segurar os filhos dentro de casa. Foi quando eu peguei os tatames, levei para a minha casa e trouxe eles novamente para o esporte”, explica. Com a deterioração da rede hospitalar da cidade e o decreto de lockdown, no entanto, o esporte acabou novamente paralisado.

Pessoas interessadas em ajudar o projeto podem entrar em contato pelo perfil @lifeprojeto_social no Instagram. Apesar da atual situação adversa, Kleyton ainda projeta a retomada da capacidade assistencial quando o cenário epidemiológico permitir. “Nós vamos voltar com força total para tentar atender ao máximo de famílias e tirando o máximo de crianças da rua, para dar um norte no caminho delas”, afirma, esperançoso, o resolvedor de problemas.


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