domingo, 8 de julho de 2012

Guerreiras do tatame: Geração mais talentosa do judô feminino brasileiro quer fazer bonito nos Jogos Olímpicos


Os Jogos de Londres são especiais para o judô brasileiro. Pela primeira vez na história olímpica, o país conseguiu classificar atletas para todas as 14 categorias (sete homens e sete mulheres). No entanto, o que chama mais atenção é a ótima fase da seleção feminina, que nunca foi a uma Olimpíada com tantas possibilidades de bons resultados.

Responsável por dar muitas alegrias ao Brasil, o judô é o segundo esporte que mais trouxe medalhas olímpicas ao país. São 15 no total, número inferior apenas ao da vela, que tem 16. Das 15 conquistas, 14 foram no masculino e apenas uma no feminino: o bronze de Ketleyn Quadros, em Pequim 2008.

Se as mulheres não tinham muito destaque nos tatames, a situação agora é outra. Embalada por desempenhos excelentes em competições importantes nos últimos anos, nossa equipe feminina chega aos Jogos de Londres com algumas judocas entre as melhores do mundo.


Mayra Aguiar conseguiu um feito inédito: chegou ao topo na categoria até 78kg, tornando-se a primeira brasileira a liderar o ranking da Federação Internacional de Judô. Prata no Mundial de Tóquio, em 2010, e bronze no Mundial de Paris, em 2011, Mayra vive a melhor fase da carreira. A judoca conquistou, no início de 2012, o Grand Slam de Paris, derrotando a grande rival Kayla Harrison, dos Estados Unidos.

Grande candidata ao pódio em Londres, a gaúcha está empolgada com o atual momento do judô feminino brasileiro, mas prefere manter os pés no chão quando o assunto é favoritismo. “Nossa equipe é jovem e tem muita vontade, só que todas as adversárias são perigosas, porque nos Jogos estão as melhores atletas e todas se prepararam muito. Já venci seis judocas que estão no Top 10 e, apesar de me colocarem entre as favoritas, sigo treinando forte e focada”, concluiu.


Apesar de Ketleyn Quadros, bronze em Pequim, não ter se classificado para Londres na categoria até 57kg, o Brasil pode ficar tranquilo porque terá forte representante na disputa. A jovem Rafaela Silva, de apenas 20 anos, leva aos tatames a garra e a vontade de vencer que sempre teve na vida. Nascida e criada na Cidade de Deus, comunidade do Rio de Janeiro, Rafaela passou por uma infância de muita luta. Em 2000, com oito anos de idade, ela conheceu o judô graças ao Projeto Reação, do ex-judoca Flávio Canto, e se apaixonou pelo esporte. Não demorou muito para Rafaela se tornar uma das atletas mais talentosas da sua categoria.

Campeã mundial sub-20, em 2008, e vice-campeã mundial adulta, em 2010, a jovem quer brilhar na capital inglesa. De acordo com a judoca, o caminho para o sucesso é pensar pouco nas adversárias e acreditar no próprio desempenho. “Não penso em uma adversária em específico, mas, em lutar bem e avançar na competição. Não adianta focar em uma atleta, perder, e não chegar ao pódio”.
Quarta colocada no ranking até 57kg, Rafaela exalta o respeito que as judocas brasileiras adquiriram. “O judô feminino do Brasil está crescendo. Sem dúvida, somos hoje um dos países mais importantes do cenário mundial”, comemora.


Assim como Rafaela, Sarah Menezes também superou barreiras para se tornar uma atleta de ponta. No caso dela, o problema foi o preconceito da própria família. Seus pais não queriam ver a filha praticando um esporte que consideravam ser para homens, mas a piauense seguiu em frente. Hoje, aos 22 anos, já possui um currículo invejável, com dois bronzes em Campeonatos Mundiais (Tóquio 2010 e Paris 2011).

Terceira no ranking da categoria até 48kg, Sarah destaca o planejamento feito para Londres como o principal motivo da boa fase do judô brasileiro. “É o melhor momento do judô feminino do Brasil. A forma com que nosso treinamento foi feito ajudou bastante. Tivemos um crescimento muito bom nos últimos anos e o resultado do Mundial de Paris, no ano passado, mostrou que estamos no caminho certo.”

Uma safra brilhante de judocas


Além de Mayra Aguiar, Rafaela Silva e Sarah Menezes, o Brasil conta com ótimas judocas em outras categorias. E nesta safra estão Érika Miranda, quarta colocada no ranking até 52kg e que vai brigar por medalha em Londres; Maria Portela  oitava até 70kg e, na categoria acima de 78kg, Maria Suelen Altheman aparece em sétimo.


Única da equipe que não está entre as dez melhores do mundo, Mariana Silva figura na décima quarta colocação até 63kg, mas tem chances de surpreender e chegar ao pódio.

As competições de judô em Londres começam no dia 28 de julho e terminam no dia 3 de agosto. Em Pequim, o Brasil conseguiu três bronzes (dois no masculino e um no feminino), mantendo a tradição da modalidade. Para Londres, a expectativa é ainda maior. Chegou a hora das nossas meninas arrebentarem com muita garra e talento. As adversárias que se cuidem.

Por: Fernando Hawad - Memória Olímpica

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