O Grand Slam de Abu Dhabi é como um restaurante à beira-mar anunciando o último prato. Resta pouco até o amanhecer e esse será o crepúsculo da estação mais estranha e exótica de que há memória. Os clientes ainda não querem ir para casa, preferem prolongar a festa e isso é compreensível porque as portas ficarão fechadas por dois meses. É muito tempo, no auge do inverno, frio e escuro. É o jantar das últimas esperanças.
Existem clientes habituais, aqueles que não perdem nenhuma festa. Outros são novos e gostam do lugar. Há quem venha comemorar uma temporada sensacional e outros que busquem o incentivo na última chance do ano. Seja o que for, há espaço para todos. Aliás, o restaurante se chama World Judo Tour, mas todo mundo conhece como WJT.
Lasha Shavdatuashvili é muito conhecida. Ele é um cliente VIP. O georgiano tem uma mesa reservada porque é campeão mundial com –73kg este ano. Como há outros com o mesmo título, a direção especifica que ele também é campeão olímpico e europeu. Abu Dhabi é para ele o toque final de uma campanha extraordinária na qual também conquistou a prata olímpica.
Matthias Casse está tropeçando desde setembro. O belga foi proclamado campeão mundial em Budapeste e conquistou o bronze olímpico em Tóquio. Desde então ele caminha sem dor e sem glória e tem como assunto vencer os japoneses, que não estarão em Abu Dhabi.
A estrela francesa Amandine Buchard é vice-campeã olímpica com -52kg e campeã na competição por equipes. Abu Dhabi será seu primeiro torneio desde Tóquio; faz parte da clientela que quer se despedir de um excelente 2021 com uma grande festa.
O mesmo pode ser dito de Raz Herschko, + 78kg e Primo Gefen, -52kg, que rodaram no trem do sucesso um pouco tarde, mas terminaram o ano entre os mais regulares do circuito. Uma luta entre Buchard e Primo seria um final muito popular para os frequentadores assíduos deste estabelecimento.
Shady Elnahas já se prepara para 2022. Abu Dhabi é para ele o trampolim que deve catapultá-lo para o topo da categoria –100kg. Termine bem para começar a aproveitar melhor os favoritos, aqueles que brilharam em 2021 não aparecem no restaurante há meses.
Esses são os ilustres. Há também clientes que não têm andado muito a festejar, devido à idade, competição ou lesões e outros que estão a visitar o menu pela primeira vez. No total, são 253 clientes, sendo 152 homens e 101 mulheres. São números marcantes para o que já foi este ano, com alguns campeonatos continentais, os mundiais e as Olimpíadas acontecendo, com pouco descanso; um ano denso que anuncia mais ou menos o mesmo para o próximo porque se a temporada começar em fevereiro, o ciclo olímpico começará em maio e como serão apenas três anos, haverá fila para entrar no local.
Abu Dhabi é o lugar certo, um restaurante elegante e charmoso, com vista para o mar, onde o sol vai nascer e todos vão dormir até que o maître volte a colocar a placa aberta.
Por: Pedro Lasuen - Federação Internacional de Judô
Fotos: Nicolas Messner, Gabriela Sabau e Emanuele Di Feliciantonio
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