sábado, 10 de setembro de 2016

Antônio Tenório é prata e encerra carreira fazendo história no judô paralímpico


Antônio Tenório, 45, já escreveu seu nome na história do judô paraolímpico brasileiro. Sua primeira medalha, de ouro, aos 25 anos, foi nos jogos de Atlanta-96.

Começava ali uma trajetória e sucesso. Ele foi o primeiro judoca paraolímpico a ter quatro ouros consecutivos– Atlanta-96, Sidney-00, Atenas-04 e Pequim-08. Em Londres ficou com o bronze.

Tenório conquistou sua primeira medalha de prata na tarde deste sábado (10), ao perder para o sul-coreano Gwanggeun Choi, 28, nas Paraolimpíadas do Rio.

O público que acompanhou a disputa, na Arena Carioca 3, vibrou com a luta, que teve ares de revanche. Antes mesmo de entrar na área de competição, a torcida já gritava o nome de Tenório. "Tenório vai te pegar".

Choi batera o brasileiro na semifinal em Londres, encerrando hegemonia de vinte anos de Tenório, para se sagrar campeão paraolímpico na luta seguinte.

No Rio, a vitória do coreano veio na final, com um ippon. Ao longo do dia, Tenório havia superado três adversários. Na luta contra Choi, não conseguiu vencer o coreano, mas foi muito aplaudido.

Chegou a tomar uma punição (shido). Quando a pequena torcida da Coréia do Sul se manifestou em favor de seu competidor, o público soltou a primeira vaia do dia, mas logo passou a gritar o nome do brasileiro.

Na segunda vez que os coreanos se manifestaram e a torcida brasileira reagiu, foi do tatame que veio a definição. Choi aplicou um golpe rápido e tenório caiu com as costas no chão. Fim de luta, o público aplaudiu Tenório de pé.

PERFIL

Tenório deu início ao fim de sua carreira como profissional nas Paralimpíadas do Rio. Ele pretende competir em mais um mundial na categoria até 100 quilos e depois se aposentar dos tatames.

Quando ganhou a primeira medalha paralímpica, há vinte anos, Tenório já tinha 17 de judô, esporte pelo qual começou a competir aos oito, em um clube da cidade de São Bernardo do Campo (SP), onde nasceu.

Ele tinha 13 anos quando, durante uma brincadeira de criança, perdeu a visão do olho esquerdo. Uma semente de mamona atirada com um estilingue por um amigo causou-lhe um descolamento de retina e uma lesão permanente. Seis anos mais tarde ficaria completamente cego ao ter o olho direito atingido por uma infecção.

Tenório competiu pela primeira vez no judô paralímpico aos 21 anos de idade. O brasileiro disputa na categoria B-1, para totalmente cegos. Nessa categoria, o atleta não percebe qualquer luz e é incapaz de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

MAIS PRATAS


Na última luta do dia na Arena Carioca 3, Willians Araújo, 24, perdeu para o uzbeque Adiljan Tuledibaev e ficou com a medalha de prata na categoria acima de 100 kg.

Foi um duelo relâmpago. O brasileiro permitiu o ataque do rival aos dois segundos de combate e caiu de costas, perdendo por ippon. Araújo deixou o tatame desolado, mas muito aplaudido pela torcida.

O resultado rendeu a quarta medalha de prata para o judô do Brasil neste sábado. Nos dois dias anteriores de disputas, os judocas do país não tinham ido ao pódio.


Mais cedo, brasileira Alana Martins Maldonado, 21, foi derrotada pela mexicana Lenia Alvarez e também ficou com a medalha de prata.

Alana já tinha uma punição quando foi imobilizada pela adversária na categoria até 70 kg. Após a luta, a judoca brasileira chorou e foi abraçada pela torcida.

Já a brasileira Deanne Almeida foi derrotada pela norte-americana Christella Garcia, na disputa do terceiro lugar da categoria acima de 70kg, e não conseguiu um lugar no pódio.

Na sexta (9), Lúcia Teixeira conquistou a primeira medalha do Brasil no judô paralímpico da Rio-2016. Ela foi derrotada pela ucraniana Inna Cherniak e levou a prata.

SALTO QUALITATIVO

Na comparação com Londres-2012, o Brasil teve no judô paralímpico uma evolução.

Na Inglaterra, o país amealhou uma prata (Lucia da Silva) e três bronzes (Antônio Tenório, Daniele Milan e Michele Ferreira).

No Rio, após os três dias de competições nos tatames, as mesmas quatro medalhas foram conquistadas, porém com um salto qualitativo: quatro pratas (Alana Maldonado, Antônio Tenório, Lúcia Araújo e Willians Araújo).

Por: Lucas Vettorazzo - Folha Esporte

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