sexta-feira, 5 de abril de 2013

Judô é usado para auxiliar tratamento de crianças autistas e com TDAH no Rio de Janeiro



Aos 8 anos, o menino Wantuir Jacini escolheu trilhar os caminhos do judô para escapar do bulliyng praticado por colegas de escola.

“Nunca precisei revidar o tapa ou o soco. Mas o judô deu a confiança que faltava para dizer ‘chega’. Parei de apanhar e me apaixonei pela atividade”, lembra.

Nas estradas que trilhou por Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, acabou chegando à faixa preta antes de se formar em Educação Física. Ele só não imaginava que o esporte e a carreira profissional se cruzariam. Percebeu isso quando passou a atender alunos autistas e com transtorno de déficit de atenção (TDAH). Aos 30 anos, escolheu o judô como direção a seguir. 

“Na minha formação como educador físico, comecei a pesquisar a área da neurociência”, lembra. “Para o mestrado, fiz avaliação cerebral de judocas, corredores e sedentários. O objetivo era pesquisar se existiam diferenças no comportamento do cérebro nos três grupos. As análises mostraram que, nos praticante de judô, a área da memória, da concentração e do equilíbrio eram muito estimuladas. Fiquei com aquilo na cabeça”, lembra Wantuir.

Como professor de educação física, especializado em fisiologia do esporte, Wantuir acabou cruzando também com a área da psicologia infantil. Focou os estudos nas manifestações comportamentais de problemas de saúde como o autismo, TDAH, bipolaridade e outras síndromes.

“Todos eles, de alguma forma, tinham alterações cerebrais que poderiam ser melhoradas ou desenvolvidas com a prática de judô, conforme eu tinha constatado na elaboração do mestrado”, lembra.

Há quase um ano, Wantuir Júnior aceitou o desafio de ingressar na equipe do Instituto Priorit, organização do Rio de Janeiro que foca não só no tratamento médico, mas também o acolhimento global de crianças e adolescentes autistas, bipolares e com TDAH.

No total, já são 13 meninos e meninas que, duas vezes por semana, recebem os ensinamentos de Wantuir. Três deles têm déficit de atenção, dois são autistas, um é bipolar, um têm Síndrome de Asperger e o restante algum problema de relacionamento social.

“O objetivo da aula é garantir a autoconfiança, despertar a autonomia e mostrar aos meninos que eles podem ser o que quiserem”.

Rafael Biachels de Oliveira, 16 anos, tem TDAH e foi o primeiro aluno de Wantuir. Ele diz que as aulas deram não só mais consciência do próprio corpo – “antes eu andava e derrubava tudo, agora parece que sei melhor o espaço que ocupo”, diz – como ajudaram a definir o foco nos sonhos.

“É ano de vestibular e a minha ideia é tentar entrar em medicina”, diz.

Wantuir sabe e reforça que a arte marcial não é alternativa nem interferência única. Funciona como um complemento importante do que preconiza a medicina tradicional. Mas, conta ele, pode amenizar angustias, afetando também os pais dos 13 alunos que frequentam as aulas.

Talvez seja só coincidência. Mas quando escolheu trilhar a rota judoca para o autismo, o TDAH e os outros transtornos infantis, o educador físico fez jus ao significado da palavra judô: “caminho suave”.

*Inspirado em matéria da jornalista Fernanda Aranda para o site IG originalmente emhttp://saude.ig.com.br/alimentacao-bemestar/2013-02-25/ele-encontrou-um-caminho-suave-para-o-autismo.html.

Foto: Marlon Falcão/Fotoarena

Por: Imprensa CBJ

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