O que todos eles sabem

O que todos sabem é que é difícil. Eles assistem às telas da sala de aquecimento, compartilhando esses tapetes antes de lutarem entre si em tapetes semelhantes do outro lado da parede da arena. Aqui eles se sentam, quietos, pensativos, nervosos, recordando e acalmando.

Todos sabem que treinaram duro. A maioria não contou as horas ou calculou quantas mais precisarão, apenas treinam e treinam e treinam e dormem e depois viajam e testam seu trabalho e se julgam. Eles se sentam ao lado de seus amigos internacionais, seus adversários, seus treinadores e avaliam e compartilham um pouco mais.

Quando a luta termina, eles analisam e se preparam para lutar novamente ou analisam e se preparam para ir para casa. Nesses tatames estão os que ganham mais vezes que os outros e os que sabem que as estatísticas dizem que vão perder de novo, mas mesmo assim vêm e treinam e dormem e dividem os tatames.

Eles se sentam ao lado de uma pele diferente, por trás da qual está um entendimento coletivo de que o kimono importa, os objetivos importam, o que eles compartilham importa. A maneira como eles chegaram importa e como eles se prepararam para isso. É tudo diferente e as origens são diferentes, mas todos ainda entendem e aceitam e depois lutam.

Este esporte de combate com suas habilidades de submissão e sua capacidade de trazer o rugido mais profundo de dentro do peito de cada atleta, é a maior ferramenta de paz e tolerância. Alguns aqui não gostam uns dos outros, mas todos aqui se respeitam. Gostar ou não não é importante, não é relevante. Gostar não faz parte do objetivo. Respeitar e compartilhar é tudo e é aceito. É o que os une e mostra em voz alta que as diferenças não chegam nem perto da divisão. Os vínculos que os unem são o ponto, são a razão e são o que contribui para que cada um desses atletas seja uma pequena parte de uma vontade de melhorar suas comunidades. O que eles compartilham é importante e a tolerância e coesão comunitária vivida pelo judoca é o que o mundo deve aspirar.

Por: Jo Crowley - Federação Internacional de Judô

Fotos: Lars Moeller Jensen