sábado, 24 de outubro de 2020

#Tenorio50: legado garantido para as próximas gerações do judô


Após acompanhar ao longo da semana a trajetória que fez de Antônio Tenório o maior nome do judô paralímpico na história, é preciso pensar também no futuro. Afinal, assim como o sensei Fernando da Cruz enxergou lá, nos anos 80, potencial no garoto de 19 anos para ser um campeão, outros Tenórios surgirão para carregar o legado deixado pelo ídolo quando ele se aposentar.

Para isso, dois processos têm sido fundamentais: o incentivo a torneios de iniciantes e o processo de renovação conduzido pela atual comissão técnica da Seleção Brasileira.

Desde que passou a organizar o calendário de eventos, em 2011, a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) promove uma competição aberta a novatos do tatame. A partir de 2017, ela recebeu o nome de Copa Antônio Tenório como forma de homenagear o ídolo máximo da modalidade.

"Essa competição é muito importante. Quando assumimos a gestão da CBDV, em 2017, abaixamos a idade mínima, que era de 14, para 10 anos, dando a essas crianças a oportunidade de participarem. É o torneio que traz novos atletas, revela grandes promessas. Nada mais justo do que batizá-lo de Copa Antônio Tenório, que é uma inspiração por tudo o que ele representa e já conquistou", explica Helder Maciel, secretário-geral da Confederação e ex-judoca com participação em duas Paralimpíadas (Atlanta 1996 e Sydney 2000).

"É de muita importância termos uma competição para jovens iniciantes no judô paralímpico, para diferenciação dos níveis e para que estes iniciantes conquistem suas primeiras medalhas", afirma Joannis Georgiou, professor de judô e técnico do Cesec (Centro de Emancipação Social e Esportiva de Cegos), uma das instituições pioneiras no trabalho de atletas com deficiência visual.

A atleta Lara Amaral, de 11 anos, que ganhou o ouro na categoria até 40 kg na última edição, realizada em novembro do ano passado, aprova a experiência proporcionada pelo torneio. "O judô é importante porque todo mundo de qualquer idade pode praticar. Eu comecei com sete, oito anos. Na Copa Antônio Tenório, a gente tem um grande aprendizado, fica ansiosa pela viagem, aprende muita coisa, tem pessoas de outros países. Fiquei muito feliz em poder participar", conta a atleta do Ismac-MS (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos).

Frutos colhidos na Seleção

Ter uma competição com esse propósito no calendário acabou auxiliando no trabalho desenvolvido pela comissão técnica da Seleção, conforme explica o treinador Alexandre Garcia, que aproveita também a presença do veterano Tenório no grupo para auxiliar no processo de maturação dos mais jovens: "Desde que entramos na Seleção, o processo de renovação é constante e é muito importante termos atletas experientes para prepararmos os mais jovens".

Atleta da Aepa-PA (Associação Esportiva e Paradesportiva do Sul e Sudeste do Pará), Thiego Marques vem representando o Brasil nos últimos anos e foi revelado justamente no torneio de iniciantes da CBDV.

"Participar de um torneio como esse é de extrema importância, pois é o primeiro contato de um iniciante com uma competição de judô paralímpico e com o alto rendimento", diz o judoca de 20 anos, que estreou na competição em 2011. "É muito interessante terem colocado o nome do Tenório, porque normalmente em todo campeonato, ele vai estar. Será uma grande honra para esses atletas cruzarem com nomes como ele, com a Lúcia (Teixeira), a Karla (Cardoso). Tive essa oportunidade e foi essencial ver esses nomes ali lutando também por uma medalha no mesmo tatame em que eu estava competindo."

É bom valorizar também quem deu os primeiros passos para a descoberta de talentos. Ainda na esteira do ciclo para Pequim 2008, a comissão do sensei Jucinei Costa, então treinador da Seleção, realizou uma busca ativa em todo o país à procura de novos judocas: "Na Seleção, o Tenório era praticamente o único grande nome. Fizemos uma busca por atletas com deficiência que não estavam ligados apenas a associações de deficientes, que tinham um cunho mais assistencialista, mas já treinavam em clubes. Foi daí que vieram Karla, Eduardo (Amaral), Daniele (Bernardes)", diz Jucinei, citando algumas joias encontradas.

Comunicação CBDV - Renan Cacioli


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