Há oito anos, o mato-grossense David Moura, 32, filho do judoca Fenelon Oscar Muller, medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1975, foi ao morro da Rocinha para treinar no Instituto Reação. Queria aprender com o medalhista olímpico Flávio Canto a lutar melhor no chão.
O programa social fundado por Canto em 2004 atende a 1.750 crianças e adolescentes no Rio de Janeiro – desses, 37% estão abaixo da linha da pobreza. Foi onde Rafaela Silva, campeã olímpica em 2016, começou a praticar o esporte.
O lutador da categoria acima de 100 kg passou a ir para o Rio de Janeiro com frequência a partir de 2012. Quando não dava, treinava na escola construída em Cuiabá pelo pai, a sua maior inspiração.
“Eu nunca quis sair daqui. Temos hoje na academia sete bons atletas no peso-pesado, o que é difícil de reunir nessa categoria. São atletas do interior, de São Paulo, de Minas Gerais, querendo o seu espaço. Isso deixa o treino mais bruto”, afirmou Moura.
Campeão pan-americano em 2015, em Toronto, o cuiabano voltou para o Brasil após aquela conquista com a sensação de estar em dívida com a população desassistida. “O Reação mudou a minha maneira de ver a vida e o judô", explica.
Inicialmente sem um patrocinador ou benefícios com a lei de incentivo ao esporte, Moura deu início ao seu projeto social em um tatame improvisado numa igreja, no bairro de Cidade Alta. Para manter a atividade, o lutador contou com a ajuda dos pais e familiares, que contribuíam com dinheiro, refeições e quimonos.
Após visitá-lo, Canto demonstrou interesse em abrir uma unidade do Reação na capital mato-grossense.
O Reação na cidade de Cuiabá, inaugurado oficialmente no início de março de 2020, já tem 250 crianças e adolescentes matriculados.
A prefeitura cedeu espaço em uma escola municipal no bairro de Três Barras, periferia de Cuiabá, e vai arcar com despesas mensais de água e de luz. Um banco de investimentos que já patrocina o judoca e o instituto fará um aporte de R$ 800 mil por ano.
Clique aqui e confira a matéria completa de Carlos Petrocilo para a Folha de São Paulo.
Foto: Divulgação
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