sexta-feira, 22 de maio de 2020

Elton Fiebig: Uma vida dedicada ao judô e suas perspectivas no pós pandemia


Judoca consagrado e muito conhecido no meio competitivo e educacional, Elton Fiebig possui a principal característica de um judoca nato: Persistência, dedicação e amor ao esporte.

Com o isolamento social, o ritmo de vida freou. Seus projetos tiveram que ser interrompidos momentaneamente e sua rotina alterada, assim como os demais judocas. Com isso, sobrou tempo para repensar métodos, criar soluções e estudar. Essa pausa, que esperamos que seja momentânea, serviu para que pudesse também olhar o outro lado da modalidade, olhar e entender o judô de forma mais completa, não apenas a competição e a graduação.

Por esse motivo, vamos apresentar o judoca nesta matéria, como está sendo o seu enfrentamento perante essa pandemia e as novas perspectivas e entendimentos, durante seus momentos de reflexão.

Apresentação:

Elton Quadros Fiebig, 48 anos, é natural de Santa Maria-RS e criado em São Paulo. Professor de Educação Física e Especialista em Fisiologia do Exercício e Prescrição de Exercícios. Praticante de judô há 39 anos, é faixa preta 5º Dan e professor de judô há 26 anos.

Entre os principais trabalhos realizados, foi técnico do Projeto Futuro entre 1998 e 2004, foi atleta e auxiliar técnico do A.D. São Caetano entre 1997 e 2010.

Em 2009 mudou-se para Poços de Caldas-MG onde trabalha no Judô Escolar atendendo dezesseis escolas, com uma equipe de trabalho de alunos faixas pretas e estudantes de Educação Física, formados nos Projeto Social Judô Móvel em três unidades de atendimento e na Academia Judô Fiebig.

Inicio da Pandemia:

Estavam com a equipe pronta para participar da 1ª Fase da Copa São Paulo, em São Bernardo do Campo, quando no dia 13 souberam do cancelamento do evento. A principio não gostou da situação pois já estava com alunos e grupos de pais prontos para viagem e achou certo exagero por parte das autoridades governamentais.


Tinha acabado de mudar de local de treino e montado novo espaço em novo endereço onde só colocou os tatames no local, realizou um treino com alunos e já foi solicitado o fechamento da academia no dia 17 de março.

Adaptação Inicial:


Como todos,  não imaginava inicialmente o tamanho do problema e nem mesmo a duração. Hoje, parado há mais de 65 dias.


Realizou atividades através da Internet pra preservar a integridade física dos alunos e para não perderem interesse e contato com a modalidade. Cada aluno em sua casa, em confinamento.

Propôs atividades, desde exercícios físicos, treinos técnicos adaptados e lives com professores.

Através de feedback de pais e alunos, tenta adaptar as soluções, pois as crianças muitas vezes não tem acesso às plataformas. As aulas on-line retomadas por muitos alunos em diversos horários, e no momento em Minas Gerais, já passam para o distanciamento social onde o comércio se adaptou pra voltar e muitos pais conseguiram voltar as sua rotinas.

É momento de adaptação para todos e no caso do judô, por ter contato físico, as atividades voltarão integralmente somente quando tiver segurança para as crianças e as mesmas voltarem às aulas presenciais. 

Continuidade das atividades

Segundo Fiebig, atualmente o maior obstáculo está no estado emocional, onde a ansiedade e a perda de ânimo acaba afetando todos.

Disciplinado, tem criado para si uma rotina de trabalho como no período normal, criando metas e objetivos diários.

Acorda por volta das 06h00 com sua esposa, que trabalha na área da saúde, e faz um trabalho físico na bicicleta ergométrica ou série de exercícios respiratórios.

Investe parte de seu tempo matinal para leitura, principalmente com assuntos pertinentes ao judô e também assiste muito material no YouTube. Como conhece o idioma japonês, busca informações "na fonte" e também tenta resgatar conhecimentos que possam ser trabalhados nesse momento.

À tarde faz exercícios com pesos e produz material para os alunos.  Tem contatos com amigos professores em todo país mas também busca informações de professores que são de outros países comparando a situação aqui no Brasil em relação aos seus países, como Japão, Alemanha, Portugal, Itália, Estados Unidos e Canadá, tentando encontrar modelos ou alternativas para essa situação.

Repensar o Futuro


"Como Professor e Educador tenho o compromisso com nossa sociedade de tentar encontrar respostas e não aceitar muitas das situações atuais", disse Elton Fiebig.


"O vírus tem sua letalidade como outras doenças, mas a maior prova de letalidade é a do nosso sistema de saúde, há tantos anos sendo roubado por desvios de verbas de governantes que só se aproveitam de qualquer situação,  seja no Carnaval, Esportes como Copa do Mundo e Olímpiadas e agora com a doença, superfaturando, desviando ou roubando descaradamente. Não confiamos mais no poder público e na TV. Depois de anos de farra, cobrar educação do povo que nunca teve acesso a isso pelo sistema. Tenho alunos de todas as classes sociais e às vezes a única informação positiva ou correta é a que passamos a eles e seus familiares. Somos formadores de opinião e com isso temos grande compromisso com essas pessoas que nos escutam e confiam em nossa experiência e discernimento", conclui Fiebig.

Valorização Profissional:

Na visão de Elton, o Sensei de judô não é apenas um professor, trabalhamos crianças das mais tenras idades até idosos de forma a desenvolver o Físico, a Moral e a Mente de cada aluno para que encontre dentro de si o caminho a seguir.

A Mudança tem que vir de nós em não aceitar mais qualquer espaço para desenvolver nossas atividades em condições insalubres de pouco espaço ou higiene.

Trabalhamos com bem maior da sociedade que é o cidadão e formar pessoas tem que ser nosso legado.

Fazer que pais, escolas e governos entendam esse compromisso e mostrar que somos diferenciados nisso e essa é a melhor oportunidade.

Soluções:

Para Elton Fiebig, não adianta apenas criticar, reclamar e ficar de braços cruzados. É preciso agir e apresentar soluções e sugestões de melhorias. 

Primeiro Educação para atender esse momento e utilizar de estratégias para beneficiar os alunos e atender a sociedade em geral. Jigoro Kano criou nosso esporte para ser amplamente utilizado por seus praticantes e que esse mudasse as coisas ao seu redor através do exemplo.

Se atualmente temos que ficar dentro de casa, vamos criar alternativas para ajudar utilizando o que o próprio Judô nos proporciona. Competição, aulas práticas no dojo, treino físico, uchikomi não conseguimos realizar sem parceiro ou local adequado, mas o judô tem tantos fundamentos, que estão esquecidos ou negligenciados ao longo do tempo, que estão se perdendo devido valorização da competição como único benefício do judô.

Citando Jigoro Kano através do Livro Energia Mental e Física que foi baseado em estudos entre 1882 e 1933; “As pessoas que acham que ir simplesmente ao Dojô é praticar Judô podem também achar que, caso as circunstâncias de vida tornem difíceis a ida regular ao dojô, devem parar de treinar. Mas o judô não se resume a treinar no dojô: o judô pode ser praticado sem um parceiro e existem vários métodos de treinamento, que incluem chutes e socos, esquiva e movimentos para frente e para trás. Se você não abandonar esses treinos, pode praticar mesmo sem ir ao dojô. E nas ocasiões que não puder ir ao dojô, você poderá complementar o treinamento em casa, praticando diversos tipos de tarefas. O benefício de ir ao dojô e praticar randori depende muito da atitude do praticante.”

Utilizando esse conceito Elton está criando aulas de atemiwaza através de katas que além de serem ataques e defesas são um método de educação física para o praticante que tenha um significado e possa ser realizado em qualquer lugar.

Mensagem Final:

Reclamamos da falta de tempo o tempo todo. E agora que estamos tendo esse tempo dentro de casa,  em família, vamos melhorar nossas relações, criar objetivos diários a partir de pequenas coisas, ter rotina definida, estudar, voltar a dieta, abandonar velhos hábitos por atitudes saudáveis, curar lesões e pensar que o judô é muito mais que competição e que todos estamos no mesmo barco então vamos evoluir nesse período e voltar melhor como Judokas e Cidadãos!

Biografia resumida:

Professor Elton estudou por quatro anos na Universidade de Kokushikan, entre 1990 e 1994 no Curso de Educação Física com Especialização em Artes Marciais de Origem Japonesa (BUDO-ROM), onde foi treinado pelo Bi-Campeão Olímpico (1984 e 1988) peso pesado Hitoshi Saito.

Esse ano, como atleta veterano, voltou a representar sua academia de origem, a Associação de Judô Shinohara (antiga Associação de Judô Vila Sônia) onde tem como Mestres Massao e Luiz Shinohara.

Representou as seleções nacionais do sub-18 à classe sênior, atualmente compete Internacionalmente no Veteranos.

Por: Boletim OSOTOGARI


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