domingo, 7 de agosto de 2016

80 Chibanas fazem bate e volta olímpico de ônibus: "Tem trabalho amanhã"


Convidar a família para acompanhar sua estreia em Jogos Olímpicos é normal. Mas quando o brasileiro Charles Chibana faz isso, é um evento gigantesco. Neste domingo, mais de 80 Chibanas estavam espalhados pela Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca. Tinha gente pertinho da área de luta, em cima na arquibancada, do lado direito, do lado esquerdo...

“Trouxemos umas 80 pessoas de São Paulo. Todos da família”, conta o pai do judoca olímpico, Mario Chibana. “Alugamos dois ônibus e saímos de casa às 22h de ontem”, completa. E ficam até quando? “A gente volta assim que terminar a sessão da tarde. Vamos assistir até o final e depois pegamos a estrada. Não dá para ficar. Amanhã todo mundo trabalha”, explica o patriarca da família.

Seu Mário é comerciante. Tem uma loja de autopeças em São Paulo. “Tem que abrir a loja, sem falta”, avisa. Eles chegaram ao Rio de Janeiro às 5h da manhã, após mais de seis horas na estrada. Pararam em frente a um Shopping na Barra da Tijuca, tomaram um café e vieram para o local de competição do judô. Quando tudo acabar, voltam para São Paulo. A expectativa é chegar em casa já de madrugada.

Ao lado da mulher, Hiroko, seu Mário não estava muito feliz. Para ele, o filho deu azar no sorteio e pegou, logo de cara, o tricampeão mundial Masashi Ebinuma, do Japão. Perdeu. Se fosse mais para frente, ele poderia ter vencido, diziam todos Chibanas. “Em um campeonato, você vai crescendo com as vitórias”, ensina.
“Mas só o fato dele ter se classificado para a Olimpíada é uma vitória. É uma homenagem ao avô, que foi quem idealizou tudo isso aqui. A história da nossa família no esporte”, conta o primo Jonatas Tanaui, lembrando do avô de Charles, Kohan Chibana, o primeiro da família no Brasil. Carateca, ele fez questão que os netos aprendessem judô pela filosofia do “caminho suave”.

Em São Paulo, boa parte dos Chibanas mora no mesmo prédio, que eles mesmos construíram, na Vila Carrão, na zona norte. O endereço abriga a avó e seus sete filhos. Alguns netos moram por lá também. “Só minha tia não mora lá. Construímos o prédio e todos os filhos do meu avô moram lá com suas famílias, além da minha avó. Quando podemos, fazemos churrasco e festa para todos, é só chamar todo mundo do prédio”, conta o judoca.

Charles estava, como os pais, abalado pela derrota. Sempre alegre, ele falava baixo após a eliminação. “O judô ensina a cair, levantar e continuar. É o que eu vou fazer”, filosofa. “A minha família está sempre torcendo, ganhando ou perdendo. Sei que eles vão sempre me apoiar. Assim como o público aqui me apoiou. Acho que isso é a melhor coisa do esporte”.



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