sexta-feira, 23 de julho de 2021

Judô Olímpico: Os 8


Dizer que o judô está voltando para casa é um eufemismo. Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão uma aventura iniciática para mergulhar nas raízes de nossa arte. Judô é educação e valores; seu caráter esportivo vem depois. Voltar ao Japão é redescobrir nosso passado e abraçar a alma de quem sempre nos acompanha, Jigoro Kano.

O judô é um esporte olímpico desde 1964 e não foi por acaso porque os jogos foram realizados em Tóquio. O Japão pensou muito e bem e decidiu construir uma obra de arte, um recinto que já é famoso e faz parte da mística do judô. É chamado de Budokan. Ali se comemora o judô e só o judô, pois era um espaço sob medida em 1964, onde a tradição se encontra com o judô competitivo moderno e agora está novamente em foco. Competir no Budokan é se sentir dominado pelas façanhas daqueles que conquistaram as primeiras medalhas da nossa era olímpica ali. Voltamos para lá e fazemos isso de todo o planeta.

24 de julho representa o fim de uma viagem pelo deserto na forma de um vírus microscópico. Será uma libertação e é normal que estejamos todos eufóricos e cheios de expectativa após cinco anos de espera, o último deles atroz para toda a humanidade. Os Jogos Olímpicos são a certidão de óbito de um triste estado de espírito e a resposta do mundo às contingências do confinamento. O judô retorna em grande forma, com todos os seus campeões e vontade de fazer história.

Haverá muitos candidatos e apenas 14 vencedores. Haverá, é claro, a Seleção Japonesa, aquela equipe prodigiosa que vai defender a honra de um país que deu ao mundo os segredos do nosso esporte. Lá estará Teddy Riner, pronto para conquistar seu terceiro ouro, liderando um time francês que brilha de outra forma nas categorias femininas. Haverá todos os continentes e também nossa equipe de refugiados, formada por aqueles que fugiram do horror e reconstruíram suas vidas graças ao judô; pessoas comuns que são os verdadeiros heróis do nosso mundo. Haverá pratas e bronzes, mas a grande vitória será estar lá, todos juntos e mais fortes, todos olímpicos. A força do judô é fazer parte de um grupo que se expressa individualmente, mas nem sempre, às vezes, o indivíduo passa a fazer parte de uma equipe.
 

Pela primeira vez, haverá um torneio de equipes olímpicas. É uma novidade, mais uma que valeu a pena no Mundial. Vale a pena assistir ao judoca, dividindo o banco e torcendo pelos companheiros, liberando as emoções que normalmente guardam para si. A competição por equipes será o culminar de uma festa global no melhor cenário possível, um estádio octogonal que respira judô por todos os lados e se o número 8 cair teremos a eternidade. Isso é olimpismo, isso é judô porque o legado de Kano está mais vivo do que nunca.

Fotos: Emanuele Di Feliciantonio

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