segunda-feira, 2 de setembro de 2013

'Deformados': pés, mãos e orelhas cobram caro dos judocas da seleção


Para as mulheres é mais difícil. Os homens, é bem verdade, não ligam tanto. No judô é quase impossível se preocupar com a vaidade em determinadas partes do corpo. As meninas até tentam. Treinam com o cabelo preso, pintam as unhas. Mas o esporte em alto nível cobra o seu preço descontando no corpo dos atletas. Pés, mãos e orelhas são os que mais sofrem. São ligamentos rompidos, dedos quebrados, orelhas estufadas e quase sempre deformadas, como é o caso de grande parte da seleção brasileira de judô que defendeu o país no Mundial do Rio, no Maracanãzinho.

Eduardo Santos, da categoria médio (até 90kg), é um dos que mais sofrem. Chamado para a competição individual após o corte de Tiago Camilo, ele já operou o pé direito, hoje deformado. E terá que operar de novo. Fato é que não há para onde correr. Ser judoca por décadas não os faz escapar disso.

- Operei uma vez os ligamentos e a placa plantar do pé direito. E rompi um outro ligamento novamente. Tenho que operar de novo. O esparadrapo eu uso porque ele me ajuda a treinar, ele mantém os dedos numa posição de maior conforto. Ajuda bastante. Se não estivesse usando, meus dedos estariam se afastando ainda mais. De qualquer forma, não tem jeito. O judoca nunca está 100%. É impossível - brinca Eduardo Santos, que lutou na sexta-feira.

Bronze em Londres 2012 e eliminado na primeira luta no Rio, Felipe Kitadai é outro que tem dedos das mãos e a orelha direita deformados. Resultado de anos de treino, de quedas no tatame, de movimentação das mãos no quimono do rival.

- Isso é normal. Não tem jeito. A minha orelha é até bonita (risos). Isso acontece com todo judoca e faz parte do dia a dia. A mão também não tem jeito. De vez em quando acontece uma pequena lesão, por isso o esparadrapo ajuda muito, deixa mais firme os dedos, tanto dos pés quanto das mãos - explica o medalhista olímpico.


Luiz Revite, do peso até 66kg, durante os treinos também cobre pés e mãos com esparadrapos. Quando os tira é possível ver o resultado de quase duas décadas de judô. Ele foi eliminado em sua primeira luta no Rio de Janeiro, no segundo dia de competições.
- Nem ligo mais para isso. É uma coisa que não tem para onde correr. Acontece com todo judoca. E eu também sou adepto do esparadrapo, porque ajuda no conforto. Mas só por isso, porque é o dia a dia que deixa nossas mãos e pés assim.

Mulheres com pés e mãos marcados

Katherine Campos, que lutou na quinta-feira e foi eliminada no segundo duelo do peso meio-médio (63kg), mesmo com o posto de musa da seleção também já teve que pagar seu preço. Fraturou durante a carreira o rádio (osso) do antebraço direito e exibe uma cicatriz gigante. Por isso, antes do treino começar, minutos antes do aquecimento, é hora de preparar o corpo com os esparadrapos, aliados e presentes na mochila de todos.

- Eu não tenho tatuagem, mas brinco que se servir uma cicatriz, eu tenho uma gigante. Fraturei o rádio e fiquei com essa herança (risos). Foi uma lesão que tive no judô. E mesmo com a vaidade feminina, não adianta se preocupar muito porque dedos das mãos e dos pés vão ficar feios mesmo. Também uso o esparadrapo para deixar o dedo firme. Você compra ele bem barato e pode evitar uma lesão bem cara.


Campeã mundial e dona de um feito inédito para o judô feminino do Brasil, Rafaela Silva sofreu um pequeno corte durante os treinos antes do Mundial, nada mais sério. Dali em diante, passou a usar o esparadrapo para evitar sujar o quimono de sangue e também para ajudar na pegada.

- Coloquei o esparadrapo porque fui fazer uma pegada com uma menina que estava comigo e acabei encostando a mão na boca dela, que tem aparelho. Cortou minha mão. É mais para não sair a bandagem e sangrar no quimono das meninas. E com o esparadrapo fica mais forte, ajuda na pegada.

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