quinta-feira, 17 de março de 2022

Teddy Riner compra casa no Rio e diz que pode estender carreira até 2028

Teddy Riner treina com Rafael Silva no solo — Foto: Helena Rebello

Nos tatames do CT Time Brasil, cinco atletas brasileiros se revezam para treinar com uma lenda do judô. Teddy Riner, dez vezes campeão mundial e dono de cinco medalhas (três de ouro) olímpicas, escolheu o Rio de Janeiro para um camping de treinamento. Uma oportunidade de evoluir na luta de solo e também de visitar um apartamento que comprou em Copacabana e que nunca tinha visto pessoalmente.

O Rio é uma cidade de ótimas memórias para o francês. Foi o palco de dois dos 10 títulos mundiais dele, inclusive o primeiro, em 2007. Na Rio 2016 o peso-pesado sagrou-se bicampeão olímpico. O carinho é tão grande que o astro decidiu ter uma residência na capital fluminense. A intenção inicial era comprar um apartamento na Vila Olímpica, na Zona Oeste, mas desistiu por considera-la muito distante. A opção foi pelo tradicional bairro de Copacabana, na Zona Sul.

- Conquistei meu primeiro título mundial em 2007 aqui, depois um segundo (título mundial) em 2013 e, sobretudo, o título olímpico em 2016. O Brasil é, sem dúvidas, um país especial, um país que eu amo, onde tudo começou para mim. É um país que eu amo muito. É uma escola de judô reconhecida mundialmente. Tem combatentes fortes, que vão me ajudar, porque sei que tecnicamente são fortes.

Teddy Riner posa com pesados do Brasil durante treinamento no CT Time Brasil, no Rio de Janeiro — Foto: Helena Rebello

Uma das intenções de Riner é melhorar na luta de solo. João Marcos Cesarino, Juscelino Nascimento Jr, Rafael Silva, Ruan Isquierdo e Yuri Santos foram convocados para treinar ao longo de dez dias com o francês, que trouxe também um sparring. Uma oportunidade de ouro mesmo para o mais condecorado brasileiro em atividade na categoria.

Bronze em Londres 2012 e na Rio 2016, Rafael Silva nunca derrotou o francês. Foi superado nos dez confrontos, o último deles na repescagem das Olimpíadas de Tóquio. O camping é a chance de ter contato direto e intenso com Riner.

- O judô é um esporte individual, mas a gente precisa treinar junto com esse pessoal lá de fora, é bastante importante. Principalmente o Brasil, que está um pouco isolado geograficamente (de outras potências do esporte). Para mim é muito bom. É difícil é você conseguir treinar com ele lá fora, você tem a concorrência de outros países e tal. Então, ter ele aqui dentro de casa, no Brasil, poder pegar no quimono dele todo dia, é muito bom – disse Baby.

Zero pressão e muita gula

Riner teve um último ciclo olímpico atípico antes mesmo da pandemia. Enfrentou lesões em 2018 e 2019, que o fizeram cair no ranking mundial. Perdeu a invencibilidade de quase dez anos (154 lutas) ao ser superado pelo japonês Koko Kageura no Grand Slam de Paris de 2020. Em 2021 optou por não disputar o Mundial de Budapeste, e chegou às Olimpíadas de Tóquio sem ser cabeça de chave.

Koko Kageura quebrou invencibilidade de quase dez anos de Teddy Riner em 2020 — Foto: Divulgação / Federação Internacional de Judô

Nas quartas de final, o francês acabou superado pelo russo Tarmelan Bashaev, então líder do ranking mundial. Se recuperou na repescagem – inclusive com vitória sobre Baby - e terminou a disputa individual no pódio com o bronze. Depois, ajudou a França na conquista do inédito ouro por equipes.

- Não mudou nada porque conquistei o título olímpico por equipes, e no fim, fui embora com duas medalhas. Eu havia prometido aos meus filhos que eu voltaria com um ouro, e tive sucesso. Graças a esta medalha eu tenho ainda mais um titulo neste esporte, então estou feliz.

Riner não compete desde Tóquio. Neste momento do ciclo prefere focar em uma série de treinamentos no exterior para evoluir em aspectos específicos de sua técnica. O plano inicial era vir ao Brasil na última semana de fevereiro, mas teve Covid-19 e precisou adiar a viagem. Se mostra muito tranquilo, sem pressa, por ainda ter dois anos e meio até os Jogos em casa.

A ansiedade por Paris 2024 é vista de forma muito positiva. Ao fechar os olhos para se imaginar nas próximas Olimpíadas, Riner sorriu como uma criança feliz.

- Não tenho pressão. Minha carreira está feita com o que tenho. Isso é gula. É pela ambição, porque eu amo o judô, que eu não me aposento, que não paro o judô. Seguir até os Jogos de Paris 2024, viver esse momento, viver os Jogos em casa, com a família, com os amigos, uma maneira de me despedir do público, de me despedir do judô. Mas sem pressão. Os outros é que vão viver a pressão.

- Eu vejo um mundo que me encoraja. Me vejo em forma, com vontade de buscar a medalha de ouro, com vontade de buscar duas medalhas, uma individual e uma por equipes. Me vejo ganhando, passando o maior da minha carreira em casa, me vejo com um adeus no fim. Isso seria algo de magnifico de se viver.

Paris, no entanto, pode não ser o último capítulo da carreira de Teddy Riner. O astro estará com 35 anos nos Jogos em casa, mas admite que pode prolongar um pouco mais a carreira.

Por:  Helena Rebello e Karin Duarte - ge.globo.com

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