terça-feira, 28 de setembro de 2021

Maria Suelen se livra das muletas e trabalha sem pressa por Paris 2024

Maria Suelen Altheman na fisioterapia para recuperar o joelho esquerdo
Foto: Arquivo pessoal

Deixar as muletas de lado foi libertador. Quase dois meses após sofrer uma grave lesão que impediu o sonho da medalha olímpica em Tóquio, Maria Suelen Altheman comemora as pequenas vitórias no processo de reabilitação. Dirigir, ir ao mercado e fazer exercícios na bicicleta ergométrica são motivos para celebrar enquanto voltar ao judô ainda não é possível.

Se a rotina de atividades físicas ainda é limitada, Suelen usa o tempo para reavaliar os rumos. Estuda, pensa no processo de transição de carreira e nas Olimpíadas de Paris. Neste momento prefere não fazer qualquer previsão a longo prazo.

- Quando passassem as Olimpíadas eu ia me preparar para uma transição, competir menos. Mas eu não tive essa oportunidade. Com a lesão foi de uma vez só. Agora penso em voltar a treinar, ver como me sinto no tatame e aí sim tomar essa decisão. Ainda penso em ser mãe, mas nesse momento o joelho não aguenta uma barriga (risos). E esse ciclo também vai ser muito rápido, com menos de três anos. Piscou, passou.

A previsão é de retorno aos treinos em janeiro. Suelen passou por cirurgia para reconstrução do ligamento patelar do joelho esquerdo, rompido nas quartas de final do peso-pesado feminino das Olimpíadas de Tóquio após uma entrada da francesa Romane Dicko. Ainda no tatame a brasileira percebeu a gravidade.

Ao colocar a mão no joelho, sentiu a patela fora de lugar e soube que o caso era cirúrgico. Depois de deixar a área de competições de maca, falou com a família e com os técnicos e tentou acalmá-los. Só após operar, dois dias depois de desembarcar no Brasil, Suelen se permitiu sentir a dor emocional do que a lesão representou.

- A ficha só foi cair mesmo, aquela tristeza, depois que operei. Eu estava no hospital e ainda estavam passando as Olimpíadas na TV. Eu sei o quanto me preparei, não só fisicamente, construindo minha medalha com calma, luta a luta. Aí chorei muito. Não queria falar com ninguém, nem para fazer fisioterapia tinha ânimo. Eu me permiti viver esse luto mesmo porque, se não vivesse isso, em algum momento ia acontecer.

As mensagens das amigas Maria Portela e Ketleyn Quadros, assim como dos técnicos do Pinheiros, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro, ajudaram a recuperar o ânimo. Passada a fase mais dura do processo, Suelen aproveitou o repouso para estudar. Formada em Educação Física, decidiu se inscrever em uma pós graduação e em vários cursos online.

Este é um ponto que faz Suelen refletir bastante. A busca por conhecimento a fez questionar o quão preparada estaria para a transição de carreira que imaginava após o ciclo de Tóquio.

- O processo cirúrgico serve para a gente pensar na vida, no que pode ser feito. O tempo que eu tinha livre eu queria descansar, e agora não, é um tempo que estou tendo para mim. Voltei a estudar. Não sei se caberia ao COB ou a CBJ nos preparar melhor para essa transição, para não tomarmos um susto tão grande. A gente treina, não tem família, feriado... Talvez se tivesse uma preparação melhor não sentíssemos um baque tão grande assim.

Os estudos ajudam a preencher a rotina de Suelen. Atualmente ela faz uma sessão diária de fisioterapia, além de exercícios extras em casa. Agora, autorizada a fazer algumas tarefas cotidianas, como cozinhar e dirigir, a judoca se sente mais plena.

Maria Suelen Altheman evolui na fisioterapia após cirurgia no joelho esquerdo

- Estou evoluindo bem. Graças a Deus tenho uma boa cicatrização. Agora eu comemoro todas essas conquistas: conseguir fazer a rotação de joelho da bicicleta, ganhar essa amplitude... Eu adoro ir ao mercado, e agora posso fazer minhas compras me apoiando no carrinho. Poder fazer minha comida também, sem depender do meu marido.... Estou muito feliz com isso. Só subir e descer escada que ainda não estou conseguindo direito, mas vou conseguir. Vejo que já estou tendo uma qualidade de vida melhor.

Por Helena Rebello - GloboEsporte

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