quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Campeã mundial no judô, Rafaela Silva treina com crianças da periferia


Campeã mundial da categoria até 57kg no judô, Rafaela Silva esteve na manhã desta quinta-feira no CEU Perus, onde participou de um treino com as crianças que fazem parte do projeto esportivo da escola, promovido pela Semana Ticket de Cultura. Vinda de uma comunidade carente do Rio de Janeiro, a Cidade de Deus, a medalhista de ouro se emocionou ao contar sua história aos pequenos judocas.

"Não é só porque a gente não é rico que não podemos chegar a lugar nenhum". Foi assim que a atleta que se prepara para o Grand Slam de Tóquio iniciou seu discurso. Comandadas pela equipe de professores do CEU, crianças de todos as idades participam das aulas e se preparam para ingressar na modalidade. "O judô é um esporte que precisa de dinheiro, quando eu comecei não tinha quimono. Tinha vergonha de entrar na quadra de roupa. Tem que dar oportunidade para essas crianças crescerem na vida." O pai de Rafaela deu o incentivo inicial para que ela e a irmã, Raquel, que também é judoca, praticassem esportes. Do futebol ao judô, ela foi se encontrando aos poucos. "Eu tinha muita energia. O judô ajuda bastante, o esporte ajuda. Até o Felipe Kitadai, que é da seleção brasileira, também entrou no esporte por causa disso, ele até toma remédio para dormir."


Depois de faturar a medalha de ouro no Mundial e tirar férias, Rafaela voltou com tudo para as competições: lutou o Campeonato Brasileiro, em Manaus, ficou com a prata no World Combat Games com a seleção brasileira, na Rússia, e em Qingdao, na China. Dentre as adversárias, destaca os nomes que poderão dar trabalho nas próximas competições. "Todo mundo fala que a minha categoria é muito disputada, porque não é sempre a mesma judoca que está no primeiro lugar. Tem a francesa (Automne Pavia, primeira no ranking da Federação Internacional de Judô), a alemã Miryam Rober, que é terceira, e a americana que fez a final do Mundial comigo, Marty Malloy. O nível é muito alto."

Emocionada enquanto relembra de sua trajetória até chegar ao topo da lista das melhores atletas da categoria, Rafaela analisa o momento da seleção brasileira. "A equipe do Brasil vem crescendo bastante e conquistando respeito. Antes, as cubanas debochavam da gente, agora chegamos lá e elas olham com outros olhos, não pensam que vão simplesmente ganhar, com facilidade. Sabem que vai ser difícil."

O próximo desafio será a o Grand Slam do Japão, outra pedreira para a equipe. Rafaela embarca no dia 25 de novembro para a disputa do torneio no país. "Depois do Mundial e do World Master, o Grand Slam do Japão é uma competição muito dificil. Os japoneses são mais fortes porque a base do judô é lá. Eles vão entrar com quatro atletas na competição, não tem como escapar. Ano passado fiquei em 3.º lugar e lutei com duas japonesas, além dos outros atletas de alto nível que disputam o campeonato."

INSPIRAÇÃO

A troca de experiências deixou os dois lados tensos. Marcela Alves, uma das mais empolgadas do treino, aos 13 anos já acumula três de judô sob o comando do professor Michel. Estudante do CEU Beira Mar Melo, no Jaraguá, foi até Perus para conhecer a campeã mundial. "Sou fã da Rafaela e da Ednanci, me espelho muito nelas." O momento de lutar com Rafaela chega, e Marcela se mostra nervosa. "Fico com medo de me machucar", revela, tímida. Timidez essa que acaba assim que elas pisam no tatame improvisado."Foi muito bom. Estar com ela deu força de vontade, saber que a gente pode ser alguém." Marcela já está na segunda faixa e pretende seguir os passos das campeãs até as grandes competições.

Por: Denise Bonfim - O Estado de S. Paulo

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