quarta-feira, 20 de junho de 2012

Momento mágico: Rogério “acordou” para o ouro só na manhã seguinte.


Rogério Sampaio foi medalha de ouro na categoria meio-leve (-65 kg) do judô da Olimpíada de Barcelona-1992, mas acredita que seu “momento mágico” tenha começado bem antes da final disputada.  Foi uma das apenas três medalhas conquistadas pelo Brasil: a seleção masculina de vôlei também foi ouro (o primeiro do país em esporte coletivo) e Gustavo Borges foi prata nos 100 m livre da natação.

Da Vila Olímpica de Barcelona, o judoca lembra pouco. Já estava totalmente concentrado bem antes de chegar à cidade espanhola.

- Uns 20 dias antes, você começa a fazer sua alimentação exatamente em cima do objetivo: a Olimpíada. Vai dormir, pensando que precisa de tantas horas de sono, pensando na Olimpíada. Fica em casa descansando, porque precisa disso… para a Olimpíada. Sua vida passa a girar apenas na direção da Olimpíada. A gente entra nesse nível de concentração bem antes da competição.

“Parece que você está dando choque”

Na Vila Olímpica, a preocupação era fazer o máximo que pudesse, em cima do esforço de uma vida toda, e mais – queria dar tudo, por causa do irmão que também lutava e havia morrido, e pelos pais, que poderiam ter alguma alegria depois da dor da perda do filho.

- Eu ficava deitado no quarto, depois dos treinos diários, descansando as pernas. Até ia no ginásio para ver as lutas, mas voltava logo, para manter o nível de concentração. O judô é um esporte de respostas, de reflexo, muito intenso. E é individual, por mais que a gente trabalhe em grupo. Concentrado, parece que você fica com maior percepção de tudo, parece que está dando choque!

Ao mesmo tempo, segue Rogério, é preciso se acalmar, o que também é muito individual.

- E na luta também. A luta é muito intensa, é tudo em cinco minutos e qualquer erro é fatal. Ao mesmo tempo é preciso ter paciência. E conversava muito comigo mesmo durante as lutas e nos intervalos. Você tem flashes, respostas em reflexos.

Espera pela semifinal foi mais difícil que a final

Em Barcelona-1992, o pior momento para Rogério Sampaio foi entre a terceira luta e a semifinal, quando enfrentaria o campeão mundial Udo Quellmaiz, alemão.

- A gente tinha uma vitória e uma derrota cada um. Por isso, foi o momento mais agressivo emocionalmente, para mim, aquela uma hora e meia de intervalo. É um confronto mental – você fica otimista, fica pessimista, fica otimista. Ele me olhava feio e eu falava com todo mundo, me mostrava tranquilo. Com 25 anos, o judoca já tem experiência para isso…

Depois de ganhar do campeão mundial, Rogério foi tranquilo de verdade para a final contra o húngaro Jozsef Csak.

- Sabia que eu estava melhor fisicamente, tecnicamente. Era mais forte que ele e iria tentar desgatá-lo, impor meu ritmo de luta. Na hora que venci, foi aquela explosão de emoção. Vi uma festa na arquibancada lotada [dos outros judocas da equipe e de brasileiros].

Rogério saiu à noite naquele sábado, foi com os amigos passear nas ramblas de Barcelona, mas diz que só foi se dar conta de tudo às seis horas da manhã do domingo.

- Foi só naquele momento que veio a quebra de concentração. Sozinho, no quarto. Por isso tenho poucas lembranças da Vila Olímpica.

Então lembrava dos meus pais, do que tinha trabalhado para dar a eles – aquele momento de emoção de extrema alegria.

- Era isso o principal e continua sendo. Mas a medalha de ouro de uma Olimpíada marca a sua vida.

Por: Denise Mirás, do R7

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