domingo, 29 de dezembro de 2013

Clã Namie faz o judô de Mogi ser reconhecido há mais de 50 anos


Sethiro Namie, quando tinha 16 anos, em 1947, começou a praticar judô no bairro Cocuera, em Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo. O garoto passou a treinar com outros alunos de origem japonesa ou descendentes, entre eles, os irmãos mais novos Kendi e Osvaldo. Com 21 anos, ele ostentava a faixa preta na cintura, uma marca pessoal que foi o início de uma das famílias mais tradicionais do judô na cidade.

Capitaneado por Sethiro, sexto dan, o Clã Namie foi crescendo e ganhando o respeito dos praticantes de artes marciais. Mogi das Cruzes passou a se tornar referência na modalidade e o nome da família passou a se tornar sinônimo de judô.

- Uma das primeiras regiões que começaram a praticar o judô foi aqui em Mogi, então é uma tradição que vem de anos. Na época do meu pai a cidade era bem reconhecida. Quando eu era mais novo, o judô daqui não evoluía muito e acabava não tendo muito resultado - contou o Sensei Paulino Namie, filho do Sethiro e sexto dan de judô.


Durval, Ricardo e Paulino, faixas pretas, e Carlos, marrom, deram continuidade ao trabalho do pai. O judô foi imposto, mas os filhos do Sethiro assumiram a filosofia que acompanha o quimono.

- Tudo começou com o meu pai. E eu não tinha opção. Como na escola, gostando ou não, tem que ir. Às vezes eu queria faltar, mas não podia. Durante toda a adolescência dava vontade de parar, mas como eu iria falar para o meu pai que queria parar? Passando essa fase que foi meio crítica, eu comecei a gostar, isso com 17 ou 18 anos. Depois foi diferente, eu não ia por obrigação. Eu queria melhorar, desenvolver mais - afirmou o Sensei.

Paulino, sexto dan, e Ricardo, terceiro dan, foram os guerreiros dessa geração. Os gêmeos idênticos garantiram a hegemonia do clã como os representantes da cidade. Jogos Regionais e Jogos Abertos, em muitos anos de competições, tinham o nome Namie entre os destaques das categorias leve e meio-leve.

- Na região, nossa família tinha o destaque. Geralmente nós que representávamos Mogi das Cruzes nos Jogos Regionais e Abertos. Todos queriam nos vencer. Imagino que o pessoal gostava de lutar com a gente e tentar ganhar a luta - revelou o sexto dan.

Paulino herdou a fixação pelo esporte de Sethiro. Os irmãos deixaram o tatame de lado e trilharam outras profissões. Enquanto muitos sonhavam em cursar engenharia, direito ou medicina, ele foi na contramão desses desejos e escolheu educação física.

- Antigamente, tinha uns cursos que davam mais status, mas eu não gostava disso. Meu pai perguntou: 'o que você quer fazer' e eu disse educação física. Ele disse que não daria dinheiro e eu disse que não teria problema porque é o que gosto. Minha escolha me ajudou a conseguir conciliar o trabalho com o judô. Você tem que fazer o que gosta.

A terceira geração também frequentou os tatames. Dos 12 netos e três bisnetos de Seo Sethiro, dois, Anderson e Diego (filhos de Ricardo), alcançaram a faixa preta. Outros pararam nas faixas amarela, laranja e verde.

- Acho que não vai ter ninguém que irá viver para o judô assim como eu e o meu pai fizemos. O raio caiu duas vezes na mesma família, não deve cair pela terceira vez. É uma vida muito sacrificante pois grande parte dos meus finais de semana eu dedico ao judô. Minha família me apoia muito para isso, caso contrário, não seria possível - concluiu.

Em Mogi das Cruzes, não tem nenhum judoca com uma graduação maior que a de Sethiro e de Paulino. O estágio mais elevado é o décimo dan e essa honraria só é alcançada com serviços prestados, quando um judoca dedica toda a vida dentro e fora do tatame.

Apesar de ter convivido com muitos alunos que desistiram antes de receberam a graduação máxima, em 31 anos como técnico, Paulino formou 40 faixas pretas. E tem descoberto judocas que treinam com ele no Centro Esportivo do Socorro, em uma parceria com o Palmeiras. Nomes como Gabriela Clemente, Aine Schmidt, Tacio Santos, Vitor Torrente, Nykson Carneiro, entre outros, já despontam nas categorias de base e são chamados constantemente para seleção brasileira de judô.

Por: GloboEsporte.com

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