“Não vai cair a ficha tão cedo. Acho que essa é uma daquelas coisas que você batalha a vida toda para conquistar. Não tenho palavras para explicar, estou feliz, mas ao mesmo tempo fica um traço de tristeza pela prata. É muito duro perder uma final, ainda sabendo que você tinha condições. Mas fico feliz porque falei que ia chegar aqui e conquistar uma medalha, sair do pódio e colocar no pescoço do meu filho”, comemorou Willian.
E a cena aconteceu. Após receber a medalha de prata no pódio, Willian logo correu para colocá-la no pescoço do pequeno Dom, de 10 meses.
“Ele foi planejado para estar aqui nos Jogos Olímpicos. Acho que todo atleta de alto rendimento fica um pouco receoso em ter filho, porque viajamos mais da metade do ano. Mas acabou virando uma chave na minha cabeça quando vi um dos meus ídolos do judô entregando a medalha para o filho quando saiu do pódio. Quando vi, no mesmo momento, quis meu filho acompanhando a minha trajetória. Ele é meu amuletinho e me motiva muito. Da primeira a última luta, eu consegui pensar nisso, em colocar essa medalha no pescoço dele”, disse.
A trajetória até a medalha
Willian estreou em Paris com uma bela vitória sobre Sardor Nurillaev, do Uzbequistão, projetando o adversário a seis segundos do final do combate. Com o waza-ari, avançou às oitavas-de-final, onde superou Serdar Rahimov, do Turcomenistão, nas punições (3-0).
Nas quartas, encarou o judoca da Mongólia, Bashkuu Yondonpenrelei, e manteve o bom rendimento. Atacou com técnicas de pernas, impondo volume, e defendeu-se dos fortes ataques do mongol no chão. A luta foi tão intensa que o brasileiro chegou a perder uma de suas lentes de contato. Mas, mostrou habilidade até nisso, e conseguiu recolocar a lente no olho, seguindo no combate.
O mongol já demonstrava certo desgaste físico e precisou parar a luta para receber atendimento médico para conter um sangramento no rosto. Era o que o brasileiro precisava para recuperar a concentração e, logo no retorno, abraçou e projetou Yondonpenrelei de costas ao chão. Waza-ari e semifinal para Willian Lima.
Na penúltima luta do dia, o brasileiro enfrentou o cazaque Gusman Kyrgysbayev e foi para cima. Enfileirou técnicas e forçou duas punições ao adversário. Kyrgysbayev precisou responder, mas não teve sucesso. Na ânsia de forçar o terceiro shido, Willian acabou sendo punido por falsas entradas e a luta foi para o golden score com o placar cheio de punições. O cazaque continuou contra a parede com bons ataques de Willian, que encaixou uma projeção perfeita e garantiu-se na final olímpica no melhor estilo. Ipponzaço.
Na grande final, Willian encarou o japonês Hifumi Abe, campeão olímpico em Tóquio 2020. O brasileiro conseguiu encaixar algumas entradas, mas Abe levou a melhor na efetividade e o projetou em dois waza-ari, marcando o ippon e ganhando a luta.
A medalha histórica de Willian Lima é a 25ª do judô brasileiro em Jogos Olímpicos. Ele também protagonizou a primeira final masculina com brasileiros desde Sydney 2000, quando Tiago Camilo e Carlos Honorato também conquistaram a prata.
Por: Assessoria de Imprensa da CBJ
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