quinta-feira, 2 de junho de 2022

Aberto Nacional Sub-23 revela novo talento do judô forjado em Bastos


“Eu sou Michel Augusto… Não, espera. Posso falar de novo? Eu sou Michel Natan Felix Augusto, tenho 17 anos e nasci em Bastos.” O nervosismo do judoca no início da entrevista à reportagem da CBJ é natural aos atletas novatos ainda em formação. Mas, no tatame, Michel soube controlar as emoções e, com a ousadia típica dos mais jovens, não se intimidou diante de adversários mais experientes e saiu de Aracaju (SE), no último final de semana, com a medalha de ouro do Aberto Nacional Sub-23 entre os ligeiros (60kg), categoria mais cheia da competição, com 34 judocas. De quebra, conquistou a vaga para representar o Brasil nos Jogos Sul-Americanos de Assunção, em outubro, no Paraguai, e deve ser o caçula da seleção brasileira de judô nesse evento.  

No Aberto, Michel chamou a atenção com um judô técnico, agressivo, de golpes potentes que o fizeram campeão. Foram sete lutas e apenas uma derrota, ainda na fase inicial, para Matheus Takaki (Sogipa, 22 anos), outro jovem promissor. No quadrangular final, Michel se redimiu da derrota e bateu Takaki por um waza-ari. Em seguida, venceu o titular da seleção, Ryan Conceição (Ass. Nagai, 20 anos) por ippon e garantiu o ouro com mais uma vitória por ippon, sobre Diego Ismael (Minas Tênis Clube, 22 anos).  

“Meu ponto forte acho que é o gás, o fôlego, de aguentar fazer luta e não fraquejar. Foi uma competição muito boa. Eu não tenho palavras ainda para descrever a felicidade, só agradecer a Deus, meus pais, sensei Lee e todo mundo que fez parte dessa trajetória. Foi muito duro, muitas lutas e eu dei o meu máximo”, resumiu.  

Michel, hoje, representa o SESI (SP) e treina na sede do clube em Botucatu. Mas, quando se apresenta, como vimos, faz sempre questão de destacar suas origens. Nascer em Bastos e ser judoca significa algo mais e ele sabe disso. A cidade de cerca de 20 mil habitantes fica no interior de São Paulo e foi fundada por japoneses. Uma das formas que a comunidade de imigrantes encontrou para preservar as raizes orientais foi por meio do Judô.  

Em 1951, o professor Uichiro Umakakeba fundou a Associação de Judô de Bastos, que se transformou em um dos maiores celeiros de talentos para o judô de alto rendimento no Brasil. Tiago Camilo é o mais famoso “filho” de Bastos, assim como o ex-técnico da seleção brasileira, Mario Tsutsui. Foi nesse dojô que o pequeno Michel conheceu o judô, em 2009, aos cinco anos de idade. A intenção do pai era educar e disciplinar o filho travesso por meio da filosofia do Caminho Suave.  

“Meu pai me levava para assistir judô, eu fiquei interessado aí ele me colocou. Eu era muito agitado e ele me colocou no judô”, conta.  

Hoje, o judoca se vê no ídolo Tiago Camilo que, com a idade de Michel, conquistou um feito que parecia impossível, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000.  

“Ele era muito técnico, foi vice-campeão olímpico com 17 anos. Só isso já me inspira para continuar e tentar ser que nem ele. Quem sabe chegar numa Olimpíada e ser campeão”, projeta.

Até agora, os planos do judoca de Bastos estão no caminho certo. Com o título do Aberto, ele receberá o convite da CBJ para lutar a Seletiva Olímpica, em novembro, em busca de uma vaga na seleção principal para 2023, ano decisivo no ranqueamento para os Jogos Olímpicos Paris 2024.  

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


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