Kléber Spessoto, 34 anos, em 2010 conquistou em Campeonatos Oficiais de Judô uma medalha de ouro (Campeonato Brasileiro Master); cinco de prata (Jogos regionais, Campeonato Regional Senior, Estadual Interior Senior, Campeonato Sul-americano Máster e Paulista Máster) e de bronze no Mundial Máster realizado na Hungria. Em amistosos oficiais foram quatro de ouro, três de prata e duas de bronze.
Em seu currículo profissional, ainda colecionou outros títulos de campeão: Jogos Estudantis Brasileiros; Jogos Regionais de 2000, 2006, 2007 e 2008; Benemérito do Brasil; Campeonato Paulista Por Faixa; Jogos Abertos do Interior de Minas (Tri); Campeonato Regional da FPJ; e Campeonato Estadual do Interior.
Em 2010, o atleta também disputou na modalidade Luta Olímpica Grego Romana e foi campeão no Campeonato Paulista, nos Jogos Abertos e conquistou a medalha de bronze no Brasileiro.
Determinado, Kléber representava a cidade de Indaiatuba nos campeonatos, onde também trabalhava como professor de judô. Também ministrava aulas na cidade vizinha, Salto. Contava com cerca de 160 crianças e jovens na modalidade. Cobrava boas notas e fazia questão de ver os boletins. Só graduava seus alunos se estivesse tudo certo na escola.
O pulso firme era inspirado em seu primeiro professor, Marcos Moura, do Mato Grosso do Sul. Como foi muito rígido com ele e deu certo, utilizava a mesma metodologia em seus alunos, o que rendeu várias medalhas para a equipe.
O interesse pelo esporte começou cedo, quando morava com o pai em Campo Grande. Segundo contava, era muito indisciplinado, bagunceiro. Queria muito entrar em uma academia, passava para ir à escola e ficava olhando as lutas. Insistiu tanto até que seu pai permitiu que ele fosse. Seu pai tinha medo que ele ficasse mais briguento, percebendo mais tarde que não ficou. Tanto que também colocou seus irmãos menores para lutarem.
Foi em cima de um tatame que o menino briguento colocou seu foco e energia na disputa esportiva, e continuou persistente até sua morte. Sua família era humilde. Trabalhou como office boy, empacotador, estoquista, para conseguir comprar os kimonos. Fez a faculdade na Universidade Metodista de Piracicaba com Bolsa Atleta. Sempre lutou muito e sentia-se realmente, um campeão. Seu projeto era lutar em competições ainda por uns dois anos e depois iria parar. Sua grande expectativa seria com seus alunos. Queria enviar alguém para as Olimpíadas.
Segundo ele, a vida dedicada ao esporte exigiu alguns sacrifícios. Foram 25 anos de muito esforço. Quando não estava dando aulas estava treinando. Aos finais de semana ou estava competindo ou acompanhando seus alunos. Perdia namoradas por esta dedicação ao judô. Solteiro, confessava ter o gênio forte. Era virginiano e muito mandão. Segundo ele ninguém agüentava. E foi assim que acostumou a dar aulas.
Fã de Aurélio Miguel, ele acreditava que para ser campeão era necessário 10% de inspiração e 90% de transpiração. "Tem que ter foco. Gosto muito do livro do Nuno Cobra, ‘A semente da vitória’. Me inspiro muito no texto. Eu faço tudo que ele manda, inclusive o treino invisível, que é o sono, alimentação, concentração e meditação”, comentou Kleber em uma entrevista ao Jornal Semana em Destaque no final de 2010. Quando lutava mentalizava a luta antes várias vezes, e quando perdia sabia que tinha sido falta de foco.
No dia 08 de junho, uma complicação devido à meningite ceifou-lhe a vida, deixando para seu legado uma marca de muita garra e dedicação ao judô, que era uma de suas paixões.
Descanse em paz campeão.
Adaptação do texto extraído do Jornal Semana em Destaque de Indaiatuba de dezembro de 2010.
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