sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Willian Lima (66kg) conquista o bronze para o Brasil no primeiro dia do Grand Slam de Budapeste

O brasileiro Willian Lima conquistou, nesta sexta-feira, 23, a medalha de bronze no Grand Slam de Budapeste, na categoria meio-leve masculina (66kg) ao vencer, por dois waza-ari (ippon), o judoca da Mongólia, Erkhembayar Battogtokh. Ele venceu quatro, das cinco lutas do dia, e garantiu 500 pontos que devem melhorar sua 29ª colocação no ranking mundial. 

“Essa medalha eu dedico às pessoas da Itália que, por motivos de saúde, não puderam competir. Mas, também dedico a cada pessoa responsável pela Missão Europa: COB, CBJ e a Federação Portuguesa de Judô, pois, se não fosse a ajuda de vocês nesse tempo difícil de pandemia, não teria conseguido treinar de forma que atingisse minha melhor forma para voltar a competir. Muito obrigado a todos que torcem e estão comigo nessa caminhada”, disse o judoca, reconhecendo o apoio das entidades esportivas e prestando solidariedade à seleção italiana, que foi desclassificada do Grand Slam porque quatro atletas testaram positivo para Covid-19 em Budapeste. 

Willian é uma das revelações mais recentes das categorias de base do judô brasileiro. Tem apenas 20 anos e é o atual campeão mundial júnior do meio-leve (66kg). Ele já conquistou resultados relevantes na classe sênior, como o bronze no Grand Slam de Brasília, em 2019, e um ouro no Aberto de Bariloche, em janeiro deste ano. Para Budapeste, Willian foi um dos quatro atletas convocados pela gestão das Categorias de Base da CBJ em projeto que contempla atletas em processo de transição do time Júnior para o Sênior.

Quatro vitórias em ritmo acelerado. Única derrota foi para o campeão

A estreia de Willian em Budapeste foi com vitória por ippon sobre o israelense Yarin Menagede na primeira rodada. Na segunda, ele superou o Azeri Nijat Shikhalizada, um dos cabeças-de-chave da categoria, por waza-ari e avançou às oitavas. Nesta etapa, o brasileiro venceu o mongol Narmandakh Bayanmunkh imprimindo um ritmo intenso de ataques e forçando três punições ao adversário.

Mantendo o ritmo acelerado durante os confrontos, Willian bateu o peruano Juan Postigos por ippon e chegou à semifinal do Grand Slam.  

Sua penúltima luta foi marcada pelo equilíbrio, com o brasileiro arriscando entradas e imprimindo maior volume de ataques. O russo Abdula Abdulzhalilov, porém, aproveitou um desequilíbrio de Willian para encaixar o contra-golpe e vencer o duelo no quinto minuto do Golden score. Abdulzhalilov foi para a final e venceu o compatriota Yakub Shamilov para ficar com o ouro. 

Já Willian, recuperou-se da derrota na semifinal aplicando dois ataques precisos na disputa pelo bronze, finalizando a luta com ippon e com a medalha garantida. O segundo bronze da categoria foi para Orkhan Safarov, do Azerbaijão. 

Outros quatro brasileiros também lutaram nesta sexta, mas não avançaram em suas chaves. Renan Torres (60kg), Eric Takabatake (60kg), Larissa Pimenta (52kg) e Jéssica Pereira (57kg) ficaram nas primeiras rodadas. Eric e Jéssica chegaram a vencer uma luta, mas não passaram das oitavas-de-final. 

Confira abaixo a programação do final de semana:

TRANSMISSÃO AO VIVO

O portal Live.ijf.org transmite todas as lutas ao vivo e de forma gratuita. 

PROGRAMAÇÃO

SÁBADO, 24

6h - Preliminares

12h - Bloco Final (medalhas)

Lutam: Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Eduardo Katsuhiro (73kg), João Pedro Macedo (81kg) e Guilherme Schimidt (81kg). 

DOMINGO, 25

6h - Preliminares

12h - Bloco Final (medalhas)

Lutam: Maria Suelen Altheman (+78kg), Beatriz Souza (+78kg), Rafael Macedo (90kg), Marcelo Gomes (90kg), Rafael Buzacarini (100kg), Leonardo Gonçalves (100kg), Rafael Silva “Baby” (+100kg) e David Moura (+100kg).

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Nacional de Judô Funcional - conheça as seleções estaduais que lutarão na nova competição da CBJ


Estão escaladas as seleções estaduais que irão disputar a primeira edição do Nacional de Judô Funcional. Na data que marca o Dia Mundial de Judô, em 28 de outubro, judocas de 21 estados iniciarão suas participações no torneio online inédito na história da CBJ. Com novas regras e um novo formato de disputa, os atletas se unirão em equipes para representar suas federações e conquistar medalhas.

Dividida por equipes mistas (masculino e feminino), a competição será disputada pelas classes Sub-13, Sub-15, Sub-18, Sub-21, Sênior, Veteranos 1 e Veteranos 2. Cada confronto será disputado por duas seleções estaduais com quatro atletas cada, da mesma classe de idade. Avançará de fase a equipe com mais atletas vencedores em cada rodada.

CONFIRA AQUI A ESCALAÇÃO DAS SELEÇÕES ESTADUAIS  PARA O NACIONAL DE JUDÔ FUNCIONAL 

Buscando um título inédito para seu estado, as federações estaduais realizaram etapas seletivas para escalar suas seleções e analisaram, abaixo, a importância da competição para a comunidade do Judô e suas expectativas para a disputa.

#JuntosSomosMaisFortes

“Estamos muito felizes com a iniciativa da CBJ na realização do evento. Mais satisfeitos ficamos também quando lembramos que foi um dos nossos integrantes e coordenador de veteranos, o Sensei Alexandre Leocádio, um dos idealizadores das primeiras impressões do que hoje é o Nacional de Judô Funcional. A sensação é que somos parte da ideia e prova irrefutável de que a CBJ está aberta às nossas sugestões, abraçando as boas ideias que surgem de suas federações filiadas”, elogiou Gláucio Mendonça, Coordenador Técnico da Federação de Judô do Amazonas.

O orgulho de representar seu estado

 “A comunidade do Judô Rio está unida em prol dessa competição, investindo seu tempo e conhecimento para chegarmos nessa competição bem preparados para representar o Estado do Rio de Janeiro nesse primeiro evento pós-pandemia, que temos certeza de que será um sucesso”, destacou Jucinei Costa, presidente da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro.

O espírito do Jita Kyoei - Prosperidade e Benefícios Mútuos

“Realizar um Campeonato em meio a um momento tão delicado para todos nós, e ainda continuar fomentando a prática do Judô nos Estados é um trabalho árduo, mas que trouxe resultados positivos em prol do nosso esporte. Agradecemos a todos os envolvidos nesta iniciativa que acreditaram que mesmo longe poderíamos estar Juntos e Bem”, enfatizou Luiz Iwashita, presidente da Federação Paranaense de Judô.

Uma nova experiência

"Esse evento é um marco, pois ele é muito diferente daquilo que viveríamos no nosso dia a dia. E acho que não só um marco, mas uma oportunidade que se abre para os atletas que talvez não tivessem condições de almejar participar de um evento a nível nacional, de conseguir uma premiação a nível nacional. É um evento que, embora tenha nascido em um momento muito difícil, eu acho que ele vai ser muito positivo”, ressaltou Moises Penso, presidente da Federação Catarinense de Judô.

O aprimoramento constante

“Assim, o caminho suave se renova e adapta à atual situação. Com a adoção da modalidade "funcional", que se revela como mais uma das muitas variações da prática do judô. Criando oportunidades aos atletas de todos os níveis, iniciantes, competidores e veteranos, para disputarem em condições de igualdade e dentro de suas próprias condições físicas e níveis técnicos. E, ainda, incentivando os judocas brasileiros de todas as classes e categorias, a continuarem buscando cada vez mais, o aprimoramento de seu condicionamentos físico”, disse Jaciano Delmiro, presidente da Federação Pernambucana de Judô.

Manter a comunidade do Judô ativa

“A expectativa é que seja uma boa competição. Os participantes estão todos entusiasmados. A FGJ também tem uma boa expectativa, de uma competição diferente. Vai ser algo bem bacana, na medida do que se tem hoje: manter o pessoal próximo, ativo e, principalmente, dentro do judô”, indicou César Cação, presidente da Federação Gaúcha de Judô.

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


Judocas Rafaela Silva e Eleudis Valentim se casam no Rio de Janeiro


As judocas Rafaela Silva e Eleudis Valentim, se casaram nesta quinta-feira, 22, em um cartório no Rio de Janeiro. As duas estavam noivas há um pouco mais de um ano quando a ganhadora da medalha olímpica fez uma surpresa ao pedir a amada em casamento. Com direito a quarto de hotel inteiramente decorado com balões prateados e dourados, alguns deles perguntavam: “Casa comigo?”

Antes de oficializar a união, Rafaela postou: “dia de realizar mais um sonho”. Ela ainda postou um registro dela se preparando para o casório. Eleudis também compartilhou seu look branco, com calça, top e blazer.

As duas com 28 anos, se conheceram quando eram apenas colega na seleção e atuam por categoria e times diferentes. Rafaela é do Reação, até 57 kg, e Eleudis do Pinheiros, até 52 kg. Em maio de 2019, o namoro das duas ganhou repercussão.

Na 29ª posição do ranking mundial, Eleudis tem chances remotas de ir a Tóquio competir nas Olímpiadas, porque na mesma categoria o Brasil tem Larissa Pimenta em oitavo.

Já Rafaela, tem esperança de poder voltar a competir. Ela foi suspensa por doping desde o final do ano passado, depois de ser flagrada com substância proibida ao vencer o ouro nos Jogos Pan-Americanos.

A judoca recorreu à Corte Arbitral do Esporte (CAS) para poder participar dos jogos, e sim há uma certa expectativa, mas, vai ter que esperar decisão sair nos próximos dias. Caso a punição de dois anos não seja reduzida, Rafaela não irá para de Tóquio.

Por: Catraca Livre


FIJ: Disciplina e unidade nos conduzem à liberdade


A cada hora que passa, aprendemos a aceitar a realidade; O Grand Slam da Hungria está realmente aqui. Está acontecendo. O sorteio está feito. Os atletas continuam chegando. Os árbitros estão se ajustando ao fuso horário, prontos para dar o seu melhor. Os organizadores estão verificando, verificando e verificando três vezes os protocolos da Covid.

Há uma nítida falta de abraços, com uma parede invisível entre as pessoas que precisam estar juntas, mas é um passo, mais um passo para a reconquista do nosso esporte e da nossa alegria. 

O sorteio foi aberto com um discurso considerado e sincero do Presidente da IJF, Marius L. Vizer. Ele falou em um ritmo, claramente sentindo a mesma gratidão por estar de volta com os colegas como todos nós estamos.

“Bem-vindo ao sorteio desta edição muito especial do Grand Slam da Hungria. Este evento é um sinal de coragem, iniciativa e unidade e agradeço ao governo húngaro pela sua importante colaboração. Este é um momento difícil para todos, mas especialmente para os esportes de combate. Espero que com este grande esforço possamos começar a nos adaptar à situação atual e, passo a passo, retomar nosso lugar. "

A organização do evento foi um verdadeiro esforço de equipe e, portanto, devo agradecer à Federação Húngara, à equipe da IJF, às novas delegações e a todos os voluntários, junto com o governo húngaro. ”

O senhor deputado Vizer falou dos protocolos de segurança e da necessidade de cumprir todas as regras. À medida que as pessoas envolvidas avançam nos processos implantados, fica claro que os sistemas são seguros e que a logística, apesar de alguma complexidade, está funcionando até agora, para poder proporcionar a todos um ambiente de competição seguro.

“A solidariedade e a lealdade surgem de várias formas e devemos perceber que não tem sido fácil gerir as condições globais presentes, reconhecendo que as diferentes regiões têm desafios diferentes. 

Essa ideia continua enquanto apoiamos as uniões continentais na realização de seus campeonatos continentais. Sabemos que cada região tem muitos desafios e nem todos são apresentados da mesma forma. Este é um momento único e todos devemos trabalhar dentro das regras combinadas de nossas federações, governos e ambientes atuais. Peço a todos que mantenham a calma e apoiem o objetivo comum de segurança.

Agradeço a família do judô nesses momentos difíceis. Esperamos ser capazes de retomar o controle de nossas atividades normais em breve. ”

O Dr. Laszlo Toth, Presidente da Federação Húngara de Judô cumprimentou todos os convidados e também falou filosoficamente, 

“Quando a pandemia começou e nossos Jogos Olímpicos foram adiados, isso roubou nossa felicidade. O judô é uma forma de educação e sem os Jogos Olímpicos e as estrelas do esporte a seguir, nossos filhos perdem seus heróis. Portanto, estamos aqui apresentando heróis novamente e mostrando que o judô é uma importante ferramenta educacional para o mundo. Podemos mostrar que existe um caminho através deste grande desafio e podemos novamente inspirar as crianças a acreditarem em seu futuro. ”

A Dra. Lisa Allan, Gerente de Competição da IJF, acrescentou suas boas-vindas: “Dra. Toth, Sr. Simon e todos os colegas da Associação Húngara de Judô, agradecemos a você e a todos os nossos patrocinadores por ajudarem a realizar este grand slam. Benjamin Disraeli disse uma vez, a famosa frase: 'Não existe educação como a adversidade' e, neste momento, fico orgulhoso por esta família do judô se unir para colaborar e superar as adversidades, enquanto aprende a fazer as coisas de uma maneira diferente, para atingir os mesmos objetivos .

Agradecemos às delegações por todo o apoio e respeito aos regulamentos da IJF Covid-19. Vamos continuar a seguir as regras, para podermos acolher um evento de sucesso e seguro. Devemos trabalhar juntos para proteger a família do judô. Lembramos a todas as delegações que ninguém deve ficar fora do hotel, para fazer compras, correr ou qualquer outro motivo. Todos devem permanecer dentro de sua bolha e apenas se mover entre o local de treinamento, o local da competição e o hotel da maneira estabelecida por nossos protocolos. Qualquer pessoa pego quebrando essas regras enfrentará severas medidas disciplinares, a fim de manter todos aqui em Budapeste seguros. ”

O Sr. Daniel Lascau conduziu então o sorteio oficial: “A mensagem deste Grand Slam do ponto de vista do atleta é que podemos finalmente competir e seguir as regras para o fazer. Estou esperando um judô fantástico, com muitos judocas aproveitando esse tempo sem precedentes para treinar novas técnicas e aprimorar suas estratégias. Normalmente, há um tempo limitado para mudar as coisas, então aqui podemos ver o resultado de um tipo diferente de trabalho duro de todo judoca.

Sei que é um alvo difícil, mas espero que todo judoca mostre 100% de seu potencial no tatame. Eles têm que provar que estão prontos e fizeram as coisas certas durante este período desafiador. Vai ser um torneio fantástico. ”

Assim que as fichas do concurso começaram a se formar, ficou claro que haverá, como sempre, alguns confrontos incríveis. Com 8 meses de expectativa, antecipação e esperança construídas em cima de uma base de judô de elite, o Grand Slam da Hungria vai entregar tudo o que o mundo do judô deseja. 

Da batalha do segundo turno de -73kg entre Gjakava do Kosovo e o ex-campeão olímpico Shavdatuashvili (GEO), à presença dos atuais campeões olímpicos, como Pareto (ARG) e Trstenjak (SLO), que, pela primeira vez na história do judô, carregam seus Títulos olímpicos em um 5º ano, sem ser contestado, este só pode ser um evento imperdível. Pareto está de volta, recém-saído da linha de frente de Covid, onde atende a profissão médica com a mesma graça e carinho que traz para o judô.

Com -90kg, o favorito da casa, Toth, tentará ultrapassar o campeão mundial Tchrikoshvili (GEO) e garantir uma vaga na semifinal contra o poderoso espanhol e número 1 do mundo, Nikoloz Sherazadishvili. 

Aos -48kg vemos uma grande lacuna deixada pela bicampeã mundial Bilodid, onde, pelo menos para a Hungria, ela sobe para borrifar um pouco de tempero na categoria -52kg. A ideia de uma final entre Bilodid (UKR) e Buchard (FRA) é tentadora e, olhando para o empate, é uma previsão realista.

No outro final do final de semana veremos a guerra dos pesados ​​brasileiros pela supremacia acirrada, com Silva e Moura com mais de 100kg e Altheman e Souza com + 78kg. Eles estão participando de uma seleção brasileira forte e bem preparada.

Com o sorteio completo e a enxurrada de análises do oponente, verificações de peso e protocolos Covid em pleno andamento, há um burburinho e um aumento da esperança de que nosso futuro começará a parecer mais normal depois de Budapeste. 

O Sr. Vizer fechou o sorteio com um pedido e um lembrete, “mais uma vez obrigado a todos que tornaram este evento seguro e possível. Peço unidade e disciplina para nos ajudar a encontrar nosso caminho com nossos valores de judô sempre em mente. ”

A competição começa amanhã de manhã às 10h, horário local. O bloco final começará às 17h, como sempre. Este é um momento único para o nosso desporto e desejamos a todos os participantes, a qualquer título, na Hungria ou em qualquer parte do mundo, um fim-de-semana de paixão, excelência e progresso.

Hajime! 

Por: Jo Crowley - Federação Internacional de Judô

 

#Tenorio50: brota na Vila Matilde a semente de um futuro campeão


Antônio Tenório talvez não saiba disso, mas o início de sua trajetória vitoriosa no judô paralímpico tem um nome fundamental: Alessandro. Não se trata de professor, familiar ou atleta que tenha inspirado o garoto que, aos 19 anos, perdeu a visão do olho direito por infecção tempos depois de uma semente de mamona lhe ter tirado a visão do esquerdo. Alessandro, na verdade, era uma criança de 12 anos cuja mãe foi à procura do sensei Fernando da Cruz na Zona Leste de São Paulo.

"Ela veio me procurar dizendo que o filho queria praticar judô, só que ele era deficiente visual. Falei: 'Me traz o garoto depois da aula, que eu falo com ele'. O Alessandro tinha perdido a visão aos quatro anos de idade por glaucoma. Comecei a fazer aula com movimentos, falando, explicando. Mas eu não tinha muita noção de como fazer aquilo", conta Fernando, um ex-atleta faixa preta campeão de torneios tradicionais, como os Jogos Abertos do Interior, e que passou a dar aulas de judô para crianças.

Alessandro foi levado para o dojô da Vila Matilde, onde o sensei já ensinava judocas videntes. De cara, um problema: ele era muito maior que as demais crianças. Fora isso, a metodologia de treinos para deficientes visuais também carecia de informações. Afinal estamos falando aqui de meados dos anos 80, quando a modalidade sequer havia estreado nos Jogos Paralímpicos – a primeira edição com o judô na grade aconteceria em 1988, em Seul, na Coreia do Sul.

"Soube do Instituto Benjamin Constant, no Rio, que tinha judô para deficientes. Entrei em contato com o diretor, Carmelino, e o professor Osmar. Fui lá para conversar com eles e aprender. Percebi que o judô paralímpico era igual o tradicional, só precisava criar uma metodologia para ensinar o deficiente visual", relata o professor. "O B2 (atleta com percepção de vultos) e B3 (consegue definir imagens) era mais simples, porque eles conseguiam olhar e repetir o que fazíamos no treinamento. No B1 (cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer formatos), a metodologia era a prática. Eu ensinava o movimento e o nome, e o judoca decorava para saber o que fazer quando eu pedisse."

Aos poucos, a história de que havia um local em São Paulo para judocas cegos praticarem a modalidade circulou e atraiu atletas de outras partes do Brasil. "Começou com quatro alunos. Antes do Tenório chegar, já tinha uns dez", diz o sensei.

“Ouvi falar de um professor...”

Em 1993, Fernando da Cruz levou alguns alunos videntes para disputar um Campeonato Paulista no interior de São Paulo. Chegando à área de competição, presenciou uma discussão entre a organização do evento e um judoca. Era Antônio Tenório. "Eu já tinha escutado sobre ele, que era um faixa marrom bom de judô. Não queriam deixá-lo disputar alegando que ele era deficiente físico. Fui intervir, eu já era coordenador técnico da antiga ABDC (Associação Brasileira de Desportos para Cegos, o equivalente a CBDV na época). Acabaram liberando ele para lutar."

Nas palavras do sensei, porém, o que se viu nas lutas do deficiente visual contra os judocas convencionais foi um certo jeitinho da arbitragem para tirar logo Tenório de cena. "Ele caiu meio de lado, e o árbitro já deu ippon", conta Fernando, que se aproximou do judoca após a luta para conversar. "Ele perguntou se tinha sido ippon, falei que não, que queriam logo se livrar dele. Então, o Tenório disse que tinha ouvido falar de um professor na Vila Matilde. Eu disse: 'Você está falando com ele'. Foi ali que tudo começou."

Forte e extremamente focado, Tenório não demorou a chamar a atenção. Nos primeiros campeonatos internacionais pela América do Sul, medalhas. O primeiro Mundial, em 1995, em Colorado Springs, valia vaga para Atlanta. "Formei uma equipe com sete atletas e levei o pessoal para os Estados Unidos. Foi feito o sorteio e na chave do Tenório havia atletas muito bons", relata Fernando, já na condição de técnico da Seleção Brasileira – o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) surgiria naquele mesmo ano.

Após cair na semifinal, o brasileiro passou pela repescagem e garantiu não só um bronze, como um lugar na delegação que iria para os Jogos Paralímpicos, no ano seguinte. Mas isto já é outra história...

Semana #Tenorio50

Antônio Tenório da Silva, o maior judoca paralímpico de todos os tempos, vai completar 50 anos de vida no próximo sábado (24). A partir desta segunda e até o dia do aniversário do atleta, a CBDV vai trazer reportagens relembrando a sua carreira, uma edição especial do "CBDV Ao Vivo" – programa de entrevistas realizado nas nossas redes sociais – com o aniversariante na quinta (22), às 15h, em nosso Instagram, além da exibição do filme "B1 - Tenório em Pequim", que narra a trajetória do ouro em 2008, totalmente gratuita na nossa página do Facebook.

Comunicação CBDV - Renan Cacioli


Rio Grande do Sul: Curso de Oficial de Mesa e Súmula será via Isulbra


O Curso de Oficial de Mesa e Súmula da Federação Gaúcha de Judô será disponibilizado na plataforma do Instituto Sul-Brasileiro de Cursos (Isulbra) neste ano, em razão das restrições impostas pela pandemia de Covid-19. De acordo com informações do boletim 43/2020, cada candidato receberá um link para o acesso.

As inscrições já estão abertas e devem ser efetuadas até 1º de novembro. Os interessados devem fazer quatro passos, explicados no boletim. São ações e orientações para inscrição, confirmação e matrícula.

A FGJ ressalta que os judocas da faixa roxa que serão promovidos à faixa marrom em 2020 e não realizaram o curso em 2019 são obrigados a fazer neste ano. Da mesma forma, candidatos em processo de exame para faixa preta ou dan superior em 2020 devem verificar a obrigatoriedade no Manual do Candidato.

Por: Assessoria de Imprensa da Federação Gaúcha de Judô


Cinco brasileiros estreiam nesta sexta, 23, no Grand Slam de Budapeste.


O judô brasileiro estreia nesta sexta-feira, 23, no Grand Slam de Budapeste, na Hungria, com cinco atletas lutando pelas primeiras medalhas no retorno do Circuito Mundial IJF. Nas chaves femininas, o Brasil terá Larissa Pimenta (52kg) e Jéssica Pereira (57kg) neste primeiro dia de competição e nas chaves masculinas o país será representado por Renan Torres (60kg), Eric Takabatake (60kg) e Willian Lima (66kg). As lutas preliminares começarão às 5h (horário de Brasília), com bloco final (medalhas) a partir das 10h (horário de Brasília).  

A delegação brasileira desembarcou na Hungria na última terça-feira e já fez dois treinos na estrutura montada na moderna László Papp Arena que, em 2017, recebeu o Mundial de Judô no qual o Brasil conquistou cinco medalhas. O local de competição é uma das “bolhas” dentro do protocolo de segurança executado pelos organizadores para realizar as disputas no contexto da pandemia de Covid-19. O outro ponto de isolamento é o hotel oficial que hospeda atletas, técnicos e staff.  

“A gente chegou e ficou em isolamento até sair o resultado do teste que a gente fez em Budapeste. Não podemos ter contato nenhum com o mundo exterior, nem para pedir delivery no hotel, para ir ao mercado. Não pode sair pra nada. E, se sairmos dessa bolha, a seleção inteira é desclassificada. Então, vamos ficar aqui no hotel e só sair pro ginásio no dia da competição”, explicou o meio-leve Willian Lima, que estará em ação nesta sexta. 

O Brasil terá ainda outros 13 judocas lutando no decorrer do final de semana em busca dos mil pontos no ranking mundial classificatório para os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021. Nesta quinta, o sorteio das chaves definiu os primeiros adversários dos brasileiros nas chaves do Grand Slam. A cerimônia contou apenas com a presença das autoridades Federação Húngara e da FIJ, como seu presidente Marius Vizer, que ressaltou a importância deste evento para o Judô. 

“Este evento é um sinal de coragem, iniciativa e unidade e agradeço ao governo húngaro pela sua importante colaboração. Este é um momento difícil para todos, mas especialmente para os esportes de combate. Espero que com este grande esforço possamos começar a nos adaptar à situação atual e, passo a passo, retomar nosso lugar.”

CONFIRA AQUI AS CHAVES COMPLETAS. 

TRANSMISSÃO AO VIVO

O portal Live.ijf.org transmite todas as lutas ao vivo e de forma gratuita. 

PROGRAMAÇÃO

SEXTA, 23

5h - Preliminares

10h - Bloco Final (medalhas)

Lutam: Larissa Pimenta (52kg), Jéssica Pereira (57kg), Eric Takabatake (60kg), Renan Torres (60kg) e Willian Lima (66kg). 

SÁBADO, 24

6h - Preliminares

10h - Bloco Final (medalhas)

Lutam: Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Eduardo Katsuhiro (73kg), João Pedro Macedo (81kg) e Guilherme Schimidt (81kg). 

DOMINGO, 25

6h - Preliminares

10h - Bloco Final (medalhas)

Lutam: Maria Suelen Altheman (+78kg), Beatriz Souza (+78kg), Rafael Macedo (90kg), Marcelo Gomes (90kg), Rafael Buzacarini (100kg), Leonardo Gonçalves (100kg), Rafael Silva “Baby” (+100kg) e David Moura (+100kg).

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


Academia de Judô Leal, com o apoio da Fejama, promove treino aberto em campanha ao combate do câncer de mama


O Outubro Rosa é conhecido mundialmente como o dia de conscientização e prevenção ao câncer de mama, e a Academia de Judô Leal, com o apoio da Federação de Judô do Amazonas, irá promover um treino aberto para incentivar a adesão feminina à campanha. A iniciativa, que será realizada no dia 23 de outubro, visa debater, em um treino exclusivo para mulheres praticantes de lutas, a importância da prevenção e do autocuidado.

A ação será realizada pelas professoras Liegem Leal, judoca faixa preta 1º dan da Academia de Judô Leal, e Waleska Castro, uma das líderes da academia de Jiu-jitsu GF Team Norte Fight, que comandarão o treino aberto voltado para as mulheres que praticam Judô e Jiu-jitsu em Manaus.

“A idealização do projeto surgiu durante uma reunião da FEJAMA, onde foi sugerida a realização de um treino exclusivo para as judocas, de forma a fortalecer o Judô no Amazonas, onde o público feminino é pouco presente. Nessa campanha em combate ao câncer buscamos mostrar que nós mulheres somos guerreiras e não devemos nos deixar nos abater” explicou Liegem Leal, uma das responsáveis pela ação.

"A importância todos sabem, precisamos conscientizar nosso público, as judocas, as mulheres, de que a prevenção é o melhor caminho. E estamos querendo unir o jiu-jitsu, a luta livre e outras artes marciais para realizar o evento, juntamente com a Academia de Judô Leal, que são os responsáveis pelo evento, e nós estamos dando o suporte", ressaltou David Souza de Azevedo, presidente da FEJAMA.

Além do treino aberto, o evento contará ainda com uma palestra da psicóloga Conceição Felix, membro do Lar das Marias, uma instituição sem fins lucrativos que abriga mulheres que estão em tratamento contra o câncer.

“Tive a ideia de convidar o Lar das Marias, e, por meio deles, teremos uma palestra de vivência e experiência na luta contra o câncer de mama, pois sabemos que essas mulheres são verdadeiras guerreiras”, complementou a professora da Academia de Judô Leal.

O treino e a palestras serão gratuitos e realizados no dia 23 de outubro, a partir das 18h30, no endereço Rua Almirante Maximiano, 28, no bairro de Dom Pedro, Manaus.

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


Sumaré: Sementes do Futuro lança quarto vídeo da série de protocolos para crianças

Neste quarto episódio da série de Protocolos Sementes, teremos a presença do atleta da Associação Sementes do Futuro do Judô, Lucas Grattão da Silva, o atleta irá falar da maneira correta de ir para os treinos de Judô, o qual poucos tem ciência da suma importância contra a luta do COVID – 19.

Sabemos que todas as partes que iremos apresentar nestes episódios e de suma importância, mais temos que lembra que estaremos indo para o Dojo, onde teremos vários amigos de treino, e um bom protocolo a ser seguindo corretamente poderá trazer vários benefícios para todos, e inclusive para nossa família.

Sabemos que um judogui limpo, faixa limpa, já e um protocolo da nossa arte marcial, mais com a chegado do COVID – 19, agora e um obrigatoriedade.

Muitos ainda hoje esquecem e vão para os treinos de chinelo, e o correto e ir de tênis, pois o mesmo ajuda a proteger nossos pés.

Levar seu equipamento do treino e muito importante par um bom andamento da aula, além disto, deve levar o chinelo em um saco fechado, para quando chegar no treino, fazer a higienização dos pés com álcool 70% e depois entrar no tatame.

Além disto, temos outras ações que serão incorporadas junto a comissão do COVID – 19, o grande lançamento do nosso protocolo oficial.

Sei que o trabalho e árduo, mais com muita consciência e muito aprendizado, estamos transmitindo um pouco da consciência das nossas crianças aos adultos.

Não importa idade, mais sim a maneira que nossos pequenos atletas estão querendo contribuir com as artes marciais, palavras do coordenador Técnico José Carlos Prudencio Junior.

A diretoria da Associação Sementes do Futuro do Judô agradece mais uma vez pela motivação, determinação e dedicação a qual os pais, parentes, amigos estão junto na luta contra o COVID - 19.

Por: Associação Sementes do Futuro - Sumaré


23 de outubro tem live sobre um dos pilares do ICI com Renato Fiori

 

Obstáculos existem para deixar a vida mais emocionante. Não há adversário forte demais. Não há treino pesado demais. Sempre é possível mais: lutar mais, ganhar mais e, principalmente, se esforçar no limite. Muito além do limite.

Neste livro, o jornalista Sérgio Xavier Filho narra a trajetória de três judocas incansáveis, Rodrigo Motta, Bahjet Hayek e Cristian Cezário, que se uniram para formar o ICI (Instituto Camaradas Incansáveis).

Para promover está incrível obra, ícones do ICI terão conversas com um dos administradores do ICI. Cada conversa será sobre um pilar Incansável: ser evolutivo, longevidade saudável, mente de campeão, ninguém põe a mão no meu kimono e nós por nós.

Dia 23 de outubro, a conversa será com o Fisioterapeuta e Faixa Preta Incansável Renato Fiori.


Lançamento Oficial

O lançamento oficial do livro será através de uma Live e será no dia 26 de outubro, no Instagram @rodrigo.guimaraesmotta, às 18h.

Pré venda:
Editora Contexto. Vendas: nas melhores livrarias, com a própria editora e no ICI.

R$ 50,00 mais o frete;

Fale com o Motta: contato@icijudo.com.br ou rodrigo-motta@uol.com.br

O ICI faz parte da equipe de sponsosrs do boletim OSOTOGARI.

Por: Boletim OSOTOGARI







quarta-feira, 21 de outubro de 2020

FIJ: André Mariano dos Santos - “Sem Jita Kyoei não temos judô”


Ele é 'Mariano' para os amigos e colegas, 49 anos e incapaz de viver uma vida sem judô, não importa o que o Covid diga.

Mariano é um árbitro 'A' da IJF. Muitos não se lembram de seu rosto, eles não conseguem identificá-lo. Mariano? Mariano? Hmm. Sim, agora você me mostrou a foto dele, eu me lembro. Sua habilidade de desaparecer de vista no IJF World Judo Tour é parte do que o torna um árbitro no topo de seu jogo. Ele realmente é de classe mundial e com movimentos quase baléticos ao redor do tatame, ele faz tudo o que pode para manter o judoca seguro, de forma justa e ininterrupta.

Ele é de Brasília, capital do Brasil, onde mora com a esposa e a filha de quatorze anos e seus dois adorados cachorros. Mariano tem 6º dan e admite ser viciado em judô. 

“Durante a pandemia não parei com o judô, porque temos um projeto público para o judô continuar, só tínhamos que fazer diferente. Eu também continuo minha própria prática com kata e nage-komi. Apenas um parceiro de treino, de segunda a sexta-feira todas as semanas e treinamos uma ou duas vezes por dia. O Samuel Souza é um dos meus alunos e por isso eu o treino e também treino com ele. Alguns dos lances não são fáceis com a nossa diferença de constituição, mas treinamos tanto juntos que só podemos melhorar. ”

Para Mariano essa rotina de treino diário não é apenas ficar em forma ou treinar um pouco, é muito, muito mais profunda do que isso; um modo de vida.

“Todo mês aqui há uma competição e nos intervalos do shiai, para fins de limpeza e organização, eu apresento o nage-no-kata, todo mês. É muito importante, a essência do judô, para mim. Katame-no-kata também é ótimo para treinar, mas o nage-waza é a essência. ”

Mariano mantém seu conhecimento e prática do judô afiados, mas também abraça as filosofias e o estilo de vida mais amplo que o judô incentiva.

“Este ano vou fazer um homem meio ferro. Já fiz 4 cirurgias no joelho no passado, então o treinamento tem que ser muito estratégico, para evitar novas lesões. No domingo de manhã, depois do meu teste de Covid para viajar para Budapeste, treinei uma meia maratona e estava ansioso por isso, é um excelente treinamento para mim. Aqui em Brasília está muito calor, 34 graus, até às 16h. Eu geralmente pratico a meia maratona em cerca de 3-3,5 horas, mas às 5 da manhã para evitar o calor mais forte. "

“Sou professor de judô e trabalho no governo para a secretaria estadual de educação. O judô é gratuito aqui para os jovens, pago pelo governo. Comecei na escola com 5 anos e ainda sou lá agora, mas como professora. 17 anos atrás comecei a trabalhar só no judô, para o governo, nesta escola. É um grande projeto. Ainda tenho muitas lembranças maravilhosas de ensinar futebol e natação. Na verdade, sou uma educadora física professor."

A paixão de Mariano pela saúde e pelo judô transparece em cada palavra de sua entrevista: “O vocabulário de movimento do corpo é muito importante para todos nós. Alguns professores de judô de alto nível ainda acham que o judoca só deve estudar judô, mas precisamos ensinar ao nosso corpo todos os movimentos e coordenação que podemos. A preparação física em um contexto amplo é a forma como podemos ter sucesso através de lesões e adversidades de todos os tipos. Tenho que ser honesto com os atletas, treinadores, comigo mesmo e principalmente com o judô. É importante para mim continuar trabalhando em alto nível no meu próprio treinamento para que eu possa sentir e ver o que realmente está acontecendo no tatame à minha frente. É muito importante reunir todo o judô e entender o esporte completamente. Ser honesto não significa apenas não contar mentiras,

Eu ainda competir; até agora ganhei 3 vezes o Campeonato Veterano do Brasil. Continuar a treinar é vital e também continuar a nos desafiar. ”

A energia de Mariano leva-o a todas as situações com foco e alegria, por vezes colocando-se em posições aparentemente pouco invejáveis.

“No primeiro Seminário de Arbitragem da IJF Academy, em 2018, concluí meus exames de nage-waza e katame-waza e me senti bem. Então me tornei uke por 7 amigos ... 7 !! Eles sabem que estou preparado e fisicamente preparado e, claro, estou feliz em participar. Sem jita kyoei não temos judô, mas também é necessário para toda a vida.

No meu exame, monitorado pelo grande campeão olímpico Mark Huizinga (NED), para o katame-waza acertei 9,5 pontos em 10. Perguntei onde deveria melhorar para chegar aos dez grandes. Ele e eu sorrimos quando ele respondeu que 10 está reservado para Jigoro Kano. Isso realmente me fez rir, mas eu gostei muito.

Mark então me usou como uke para algumas demonstrações. Lembro-me de sentir o trovão do yoko gake como uma técnica estática, uma técnica de movimento e também no kata. Seu nage-waza tem tanto poder que fez o sangue parar na minha garganta. Que experiência ótima, eu nunca vou esquecer. No final do seminário, senti como se meu corpo tivesse passado por uma verdadeira provação, mas fiquei muito feliz por ter desempenhado um papel tão importante em cada elemento educacional. ”

Covid forçou muitas mudanças para todos nós. Como isso afeta alguém com uma visão tão positiva quanto Mariano? 

“No início da pandemia eu estava com medo. Não estou velho nem doente, mas tenho que levar em consideração minha família e o que pode acontecer com todos nós, aqui e globalmente. Na verdade, eu como boa comida e treino. Faço questão de dormir bem todos os dias e manter minha saúde, mas sabe, eu vejo a situação de forma ampla e por isso fiquei em casa os dois primeiros meses, só comprando comida lá fora, nada mais. Cumpri estritamente as normas sanitárias brasileiras, embora para todos os judocas essa parte não deva ser difícil. Temos disciplina. ”

A situação da Covid se desenrolou tão rápido e a tais extremos, que pegou muitos de nós de surpresa, tendo que recuperar o atraso e se adaptar rapidamente para estar no topo de nossas vidas. 

“Minha última arbitragem no World Judo Tour foi em Düsseldorf, no Grand Slam. Depois da Alemanha e um curto período em casa, cheguei a Paris para minha conexão com Ekaterinburg, pronto para uma grande experiência na Rússia, mas naquele curto período de transferência, em Paris, verifiquei meu telefone e não conseguia acreditar; o Grand Slam de Ekaterinburg foi cancelado! Esperei um pouco em Paris, recebi uma nova passagem e me virei, direto de volta para casa. Sem problemas, sem problemas, apenas aprendendo imediatamente sobre algumas das ramificações da presença desse vírus.

Agora estou 7 meses em casa com minha família. Esta é uma situação espetacular. Percebi rapidamente que esta era uma oportunidade de passar alguns momentos únicos com eles. Meu coração sente como este momento é especial, apesar de toda a agitação e, para alguns, da tristeza. Tem que haver pontos positivos e eu sempre os encontrarei. Mas agora é hora de trabalhar novamente para o judô internacional. Devemos trabalhar e continuar ”.

Mariano está feliz por ter podido estar em contato com o judô ao longo de 2020, desde sua própria formação, dentro e fora do tatame, até ministrar cursos, estudar via webinars e assistir a horas e horas de material de vídeo associado à arbitragem. 

“Tenho ajudado com algumas aulas para cursos e exames de faixa preta. Durante este período, temos ensinado via Zoom, mas recentemente recebemos permissão especial do governo para ensinar cara a cara, com máscaras e todos os outros protocolos Covid em vigor. Tenho que ajudar a preparar os professores do curso, assim como os alunos, já que muitos não conseguiram praticar tanto nos últimos meses. Para entender verdadeiramente o nage no kata, você deve praticá-lo, então tenho que trabalhar com os professores para garantir que sua prática e compreensão estejam no nível certo. 

Com treinos, revisando minhas anotações de seminários, assistindo a vídeos e muitas outras atividades de judô, eu realmente me sinto integrado com as competições quando estou arbitrando. Não tenho dúvidas de que este também será o caso em Budapeste, como é normal. Pra mim é maravilhoso, sempre uma experiência fantástica. Posso sentir quando os atletas estão competindo, o momento de seus estágios de transição, o momento apropriado para chamar de 'matte'; Eu realmente sinto o momento certo.

Embora eu não tenha conseguido trabalhar na escola e não tenha arbitrado por algum tempo, continuo a estudar. O PJC organizou webinars semanais e o Sr. Minakawa, o Diretor de Árbitros do Brasil, conseguiu nos manter envolvidos desta forma. Na maioria dos eventos fui participante, mas em alguns também fui co-professor. Também gostei de programas do IBAS; eles também têm muito a nos ensinar. Todos os webinars foram originalmente ministrados em espanhol, mas depois de algumas semanas, para facilitar a inclusão dos países da América do Norte, houve uma entrega em dois idiomas: espanhol e inglês. Cobrimos tantos elementos da arbitragem, usando muito material do Seminário de Arbitragem e Coaching da IJF realizado em Doha em janeiro, dos Seminários da Academia de 2018 e de especialistas. Tem sido um ótimo programa.

Também pratico caminhada e triangulação no tatame, onde treino com Samuel. Imagino situações reais e assisto a vídeos. Eu penso muito sobre a justiça das disputas, penalidades e pontuações. Penso em alguns dos momentos específicos que talvez não sejam totalmente abrangidos por todas as regras. Eu não posso me permitir esquecer. Uma semana sem foco pode ser suficiente para esquecer algo. Eu uso técnicas de visualização, assim como o judoca visualiza suas situações com os oponentes. É uma ferramenta útil.

Não é fácil ser árbitro da IJF, temos uma responsabilidade enorme. A primeira luta por um árbitro é tão importante quanto a primeira para qualquer judoca. Também temos que sentir a arena, ocupar o espaço correto e acalmar os nervos. Não importa se é Maryama v. Abe ou qualquer outra pessoa, o foco deve ser o mesmo. Temos o dever de colocar as pessoas certas no bloco final e se eu quiser ir para o bloco final, devo estar no meu melhor também.

Sabendo que estou pronto, que me preparei de forma consistente, o aviso ao árbitro na Hungria neste fim de semana foi um momento muito bem-vindo. Quando chegou, disse a mim mesmo que não acredito, depois de tanto tempo. Parecia um pouco como um sonho. Eu apenas disse 'obrigado' em minha mente.

No ano passado, sofri um acidente de moto em alta velocidade e me disseram que precisaria de no mínimo 3 meses para me recuperar. Depois de 40 dias estava trabalhando em Zagreb, no Grande Prêmio. Não pude ficar 3 meses longe dos torneios de judô, era impossível para mim. Então, com muito trabalho e cuidado, empurrei Zagreb e o judô me ajudou a chegar lá, mas aqui estamos nós, sem nenhum acidente de moto, mas mais do que o dobro do tempo longe das arenas. Teria sido impensável se alguém tivesse sugerido isso para mim antes de Covid chegar. "

“Por isso, confirmei para mim mesmo, mais uma vez, que minha missão no judô pode continuar. Trabalhar com árbitros e professores de judô é uma missão e uma paixão. Não é apenas um trabalho”.

Mariano está no ar neste momento, tendo voado de Brasília para São Paulo ontem à noite. Ele está agora em algum lugar entre São Paulo e Amsterdã, com um último vôo curto para conectá-lo a Budapeste esta noite.

“Voos longos são normais. Sem problemas! Este será muito especial. Sou uma mistura de todas as emoções, mas na verdade não estou nervosa. Tive uma boa preparação, por isso estou confiante. Isso me ajuda muito.

Vou ouvir 'vá para a borda e vá para o tapete' e direi algumas coisas calmantes para mim mesmo e apenas vou. Eu tenho um ritual. Eu acordo e me exercito e depois café da manhã. Depois, algum tempo para pensar em silêncio. Eu carrego comigo um pouco do espírito de meu pai, meu primeiro sensei e meus alunos. Ser grato por esta vida honrosa é uma obrigação. Chego a cada momento com o coração aberto, porque confio em nossa comunidade e no verdadeiro significado do jita kyoei.

Por: Jo Crowley - Federação Internacional de Judô

#Tenorio50: seis medalhas seguidas criam o mito do judô paralímpico


"O cara se transforma. Ele é a Ferrari das Paralimpíadas." A frase é de Jucinei Costa, ex-treinador da Seleção Brasileira de judô paralímpico e, de certa forma, resume a carreira de Antônio Tenório. Não que faltem outros títulos ao atleta campeão mundial em 2006, brasileiro mais de duas dezenas de vezes e medalhista em quatro edições de Parapan-Americanos. Mas foi a trajetória em Jogos Paralímpicos que, de fato, o transformou em lenda.

Logo após o primeiro ouro, em Atlanta 1996, Tenório repetiria o feito em três edições seguidas: Sydney 2000, Atenas 2004 e Pequim 2008. Detalhe: as quatro medalhas douradas se deram em três categorias diferentes. Em 1996, ele lutava no peso até 86 kg. Quatro anos depois, pulou para os médios (até 90 kg). Nos ciclos grego e chinês, já estava entre os meio-pesados (até 100 kg), o que demonstra a capacidade de se reinventar física e tecnicamente de acordo com o passar do tempo e sua mudança corporal.

"Ele sempre foi muito profissional. Sempre entendeu que, para receber algum investimento, precisaria seguir tudo à risca. Não faltava a treino, não ia para noitada, fazia parte física, fazia parte técnica. Ele entendeu que, mesmo cego, poderia ser como qualquer outro atleta de Seleção Brasileira", explica Jucinei, que o acompanhou nos ciclos de Atenas e Pequim.

Tenório precisou acompanhar também a evolução do judô e das Paralimpíadas, que cresceram em importância e tamanho. "Atenas foi um divisor de águas", opina o ex-treinador, referindo-se ao fato de ter sido a primeira edição na qual Olimpíada e Paralimpíada estiveram sob a batuta do mesmo Comitê Organizador Local. "Com essa junção, a Paralimpíada cresceu muito. Os comitês nacionais de todos os países viram que o movimento iria crescer, então, o investimento começou a acontecer de forma global. Manter o Tenório campeão era um desafio porque subiu bastante o sarrafo, surgiram vários atletas."

O sensei se recorda de outro fato marcante na campanha em Atenas: "Tinha um adversário muito forte que ele não havia vencido, um argelino. Era um atleta que gerava questionamentos sobre a classificação oftalmológica. Estudamos vídeos, procuramos atletas com as mesmas características para usar nos treinos. Mas aí, durante a avaliação, esse argelino foi desclassificado. Confesso que trouxe um certo alívio. Mas judô não dá para dormir, não pode entrar achando que já venceu". Os quatro combates vencidos, incluindo a final contra o chinês Run Ming Men, mostraram que clima de já ganhou não era coisa do agora tricampeão paralímpico.

Quatro anos depois, em Pequim, a "Ferrari" seguiria fazendo os rivais comerem poeira: em sua chave, passou pelo ucraniano Mykola Lyivytskyi, o norte-americano Myles Porter e o iraniano Hamzeh Nadri. Na decisão, superou Karim Sardarov, do Azerbaijão, e colocou o quarto ouro ao redor do pescoço. A trajetória desta conquista, por sinal, você poderá acompanhar neste sábado, às 16h, na página do Facebook da CBDV, que exibirá na íntegra o filme "B1 - Tenório em Pequim".

Resiliência para se manter no pódio

A partir do ciclo de Londres 2012, a comissão técnica da Seleção mudou. Entraram Alexandre Garcia e Jaime Bragança. A missão não era simples. Nos Jogos londrinos, Tenório estaria com 41 anos e enfrentaria oponentes bem mais novos. "O grande desafio era mantê-lo em alto rendimento", relata Garcia.

Na estreia, o brasileiro derrubou o tailandês Sahas Srijarung com um ippon. A primeira derrota da carreira em Paralimpíadas veio nas quartas de final, diante do russo Vladimir Fedin, de 25 anos, que conseguiu um yuko de vantagem. Poderia significar um baque emocional difícil de superar, mas os ensinamentos de um antigo sensei estavam vivos na memória de Tenório: "Sempre disse a ele que não interessava qual a medalha, mas estar no pódio", conta Fernando da Cruz, primeiro técnico com quem o judoca se sagrou campeão paralímpico.

Sem se abater, o brasileiro voltou para a repescagem e partiu obstinado em busca do bronze. Para isso, superou o japonês Aramitsu Kitazono e o iraniano Hamed Alizadeh. A quinta medalha veio para ampliar a coleção.

A partir dali, começariam os rumores sobre a aposentadoria do judoca. E essa dúvida acabou servindo de combustível para mais um ciclo de quatro anos. A Rio 2016 desafiaria seus limites. "Foi um momento muito especial e marcante para todos. O Tenório é um atleta muito experiente e estava bem preparado tecnicamente, fisicamente e psicologicamente, o que facilita muito o trabalho de quem está ao seu lado. Acredito que foi um momento muito marcante para ele", diz Garcia.

Sob os gritos e aplausos de uma Arena Carioca 3 lotada, Tenório, aos 45 anos de idade, passou por três lutadores – o alemão Oliver Upmann, de 28, o britânico Christopher Skelley, de 23, e o então vice-campeão mundial, o uzbeque Shirin Sharipov, de 26. A disputa pelo ouro reservou um duelo especial com o sul-coreano Gwang-Geun Choi, 17 anos mais novo e campeão quatro anos antes, em Londres. A Paralimpíada viu, pela primeira vez em duas décadas, Tenório sofrer um ippon.

Imediatamente ao se levantar, o brasileiro abraçou Choi, ergueu o braço do oponente para que recebesse os aplausos da torcida da casa e sorriu. Ali, outra lição era transmitida: ser o maior de todos os tempos significava também aceitar a derrota e a prata, que ele saboreou enquanto escutava no segundo degrau do pódio o som do Hino Nacional.

Despedida no berço do judô?

Como se não bastasse atravessar mais um ciclo se preparando, Tenório ainda teve de superar o adiamento em um ano dos Jogos de Tóquio para 2021 por conta da pandemia. No país onde o judô nasceu, o atleta levará seus 50 anos de vida e toda a bagagem adquirida nessa jornada para, quem sabe, encerrar a carreira.

"O mais importante é exigir o máximo dele, com um cuidado especial para não ocasionar lesão. Falando de Tenório, a possibilidade de medalha se torna real. Existem outros atletas, mas nenhum em destaque como ele", aponta Garcia.

"Essa ida para o Japão, ele não precisa provar nada para ninguém. Está treinando, fazendo a lição de casa direitinho, e o sonho dele é a sétima medalha. E outra: tem um peso enorme para quem está no tatame saber que, do outro lado, está o Tenório”, complementa o sensei Fernando, sempre sábio em suas observações. Afinal, a história já mostrou que duvidar de Antônio Tenório da Silva é sempre o primeiro erro de seus adversários.

Semana #Tenorio50

Antônio Tenório da Silva, o maior judoca paralímpico de todos os tempos, vai completar 50 anos de vida no próximo sábado (24). Desde segunda, a CBDV trouxe em seu site oficial reportagens relembrando a carreira do atleta. As homenagens seguirão até o dia do aniversário, com uma edição especial do "CBDV Ao Vivo" – programa de entrevistas realizado nas nossas redes sociais – com o aniversariante na quinta (22), às 15h, em nosso Instagram, além da exibição do filme "B1 - Tenório em Pequim", que narra a trajetória do ouro em 2008, totalmente gratuita na nossa página do Facebook.

Comunicação CBDV - Renan Cacioli


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