quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ex-coroinha, judoca que treinava com sacristão mira ouro no Mundial sub-21


As duas maiores paixões de Nathália Brígida surgiram ao mesmo tempo e de forma inusitada. Aos 11 anos, quando virou coroinha de uma igreja em Atibaia, no interior de São Paulo, também passou a treinar judô com o sacristão da paróquia. O ajudante do sacerdote, que era faixa preta da luta, aproveitava as horas vagas para ensinar o esporte para as crianças da região. Embora não tenha seguido a carreira religiosa, a judoca ainda hoje intercala as competições com idas constantes às missas. Nesta quarta-feira, a promessa da nova geração espera também contar com a ajuda divina para se despedir das categorias de base da seleção brasileira com uma medalha de ouro no Mundial sub-21, em Ljubljana, na Eslovênia. A partir do ano que vem, a jovem atleta terá de “brigar” por espaço na categoria até 48kg com a atual campeã olímpica Sarah Menezes.

O primeiro contato com o judô foi aos 5 anos, quando sua mãe decidiu colocá-la para praticar algum esporte com o objetivo de gastar um pouco da potente energia da menina. Mas foi apenas seis anos mais tarde que Nathália realmente passou a treinar e se interessar pela luta. Tudo graças ao talento de um sacristão.

- Eu era coroinha de uma Igreja em Atibaia. Lá, a gente fazia judô com o próprio sacristão. Ele era faixa preta de judô e passava treino para gente. Depois acabei indo para uma academia mesmo e, a partir daí, não parei mais – contou.

Não demorou muito para a pequena Nathália se destacar nos tatames. Tanto que, logo em seu primeiro ano na categoria júnior, conquistou uma medalha no Mundial Júnior. Em Agadir 2010, a judoca garantiu o bronze para o Brasil na categoria até 48kg. Agora, em sua última participação na competição até 21 anos, que será realizada de quarta a domingo, em Ljubljana, na Eslovênia, a brasileira espera subir dois degraus no pódio.

- Vai ser uma competição muito importante para mim. Vai ser a minha despedida do júnior. No meu primeiro ano, consegui uma medalha, que era uma coisa que não esperava conseguir tão rápido. Foi uma sensação muito boa. Agora, estou indo para essa competição mais preparada, mais motivada e mais adulta.

Aos 21 anos, a jovem judoca do Minas também já está participando de algumas competições com a seleção adulta. Quando deixar a Eslovênia, terá de encarar para valer a nova e dura realidade como reserva da campeã olímpica Sarah Menezes. Mas a transição gradativa trouxe confiança para o esperado momento.  

- Vou ter sempre que correr atrás de um objetivo maior. Ela é campeã olímpica. Eu quero ser também. Então, vou ter alguém para me incentivar sempre a treinar cada vez mais para ser campeã olímpica também. Acho que é uma disputa saudável. Se ela der uma brecha, vou tentar aproveitar. A partir do ano que vem, dentro do tatame o negócio muda. Mas, fora dele, nós somos amigas, não tem problema algum - garantiu.

Apesar da rivalidade dentro do tatame, Nathalia não poupa elogios à adversária “caseira”. As qualidades da piauiense dentro e fora do esporte inspiram a judoca do Minas.

- A gente tem algumas semelhanças. Ela é bem rápida, tem muitos golpes baixos, se movimenta mais e não tem tanta força. Essas são características nossas. A superação dela é um exemplo. A Sarah é uma pessoa que vem de uma família humilde e, mesmo com todo mundo dizendo para ir para São Paulo, Rio, Minas, ela continua no Piauí até hoje. Isso nos faz pensar que cada atleta é quem faz o seu treino. Essa superação, a motivação e o judô dela são muito bonitos.

O Brasil terá 18 atletas no Mundial que começa nesta quarta-feira. No primeiro dia de lutas: Tawany Silva (44kg), Gabriela Chibana (48kg), Nathália Brígida (48kg), Vitor Torrente (55kg) e Nicolas Santos (60kg). Na quinta-feira, entram no tatame Jéssica Pereira (52kg), Camila Barreto (57kg), Flávia Gomes (57kg), Ricardo Santos Júnior (66kg), Gabriel Pinheiro (66kg) e Gabriel Mendes (73kg). Na sexta, é a vez de Jéssica Santos (63kg), Gustavo Assis (81kg) e Henrique Silva (90kg). No sábado, Samanta Soares (78kg), Sibilla Facholli (+78kg), Gabriel Gouveia (100kg) e Ruan Silva (+100kg) fecham as disputas individuais. No domingo, acontece a disputa do Mundial por equipes masculino e feminino.

Por: Globo Esporte

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou da matéria? Deixe um comentário!
Aproveite e seja um membro deste grupo, siga-nos e acompanhe o judô diariamente!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Pesquisa personalizada