sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Símbolo de superação, José Vicente leva ouro e prata no judô em Cuiabá


José Vicente de Souza poderia ter sido apenas mais um jovem sem perspectivas de futuro se o judô não tivesse cruzado o seu caminho. Campeão individual pela categoria meio leve (-60kg) e medalhista de prata por equipes nas Olimpíadas Escolares, em Cuiabá (MT), o aluno da escola Almirante Barroso surge como uma das promessas do esporte brasileiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Mas antes do sucesso no torneio estudantil, o judoca passou por momentos difíceis e se tornou um exemplo de superação. Natural de Osasco (SP), o menino viveu na cidade até os sete anos de idade, quando o pai morreu. José mudou-se para a casa dos avós, em Guaratinga, na Bahia, e sofreu uma drástica mudança de vida. Ele abandonou os estudos por um ano e foi trabalhar nas ruas vendendo sonho e bolinho de goiaba, chegando até a passar fome em alguns momentos.

- Eu era muito novo na época em que o meu pai faleceu, não lembro bem o que aconteceu. Como ele era dono de uma oficina mecânica, eu tinha uma boa condição de vida, estudava em colégio particular, tinha tudo o que queria. Quando fui morar com os meus avós, larguei a escola e ficava trabalhando o dia inteiro, passava até fome... Era uma vida bem simples. Minha mãe, que era doméstica, morava em Vitória com o meu padrasto, ex-pedreiro e agora carpinteiro. Um dia, ela veio me buscar e tudo mudou. Voltei a estudar, comecei a lutar judô e a minha vida voltou a ter sentido - contou o jovem de 17 anos.

Sem pensar duas vezes, José fez as malas e foi viver com a mãe e o padrasto no município de Serra (ES). Há seis anos, iniciou no judô através do projeto "Lar Semente de Amor", onde realizava uma série de atividades, como música, dança, informática e capoeira. A iniciativa envolvia 150 crianças, no Balneário de Carapebus, mas, devido à evasão dos alunos, apenas José seguiu no programa, que tinha uma parceria com a Associação de Judô Yamate. A associação oferece transporte, alimentação e patrocínio nas viagens para que o jovem possa se dedicar, integralmente, ao esporte. Além dos treinos na academia, o atleta também dá aulas de judô para crianças, de quatro a 11 anos.

Há alguns anos, a mãe perdeu a visão devido a uma toxoplasmose, agravada pela diabetes, e o jovem precisou assumir as funções da casa. José a leva ao médico, a acompanha na hora de pagar as contas no banco e ainda ajuda nas despesas com o salário que ganha da associação. A rotina é intensa. O dia começa às 5h30 com os afazeres de casa e as aulas de judô, à tarde, ele estuda e malha e, por fim, treina, à noite. A vontade de lutar era tanta que José até trocou de escola para ficar mais perto da academia.

- Estudava no colégio Zumbi dos Palmares, mas perdia muito tempo no ônibus, resolvi mudar para aproveitar melhor os treinamentos. Meu sonho é pegar a faixa preta e conquistar uma medalha em um Mundial ou, quem sabe, nas Olimpíadas - finalizou.


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