sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Olimpíadas Escolares: Jovem da Vila Vintém, no Rio, troca futebol pelo judô e busca o ouro



Natural da Vila Vintém, comunidade localizada entre os bairros de Realengo e Padre Miguel, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, Celso Moyses (-66kg) tem a última chance de realizar o sonho de se tornar campeão no judô das Olimpíadas Escolares. Na disputa individual, o judoca do Colégio Souza Lima caiu na semifinal diante do sergipano Edu Ramos, do Colégio Jardins, e foi derrotado na respecagem pelo pernambucano Athur Telles, do Colégio Santa Maria. No entanto, ele ainda pode conquistar o título por equipes, nesta quarta-feira, em Cuiabá (MT). Criado pela avó, costureira no barracão da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, o carioca foi descoberto pelo professor Alex Guilhome quando jogava futebol na quadra da escola, aos sete anos de idade. Convidado para lutar judô, o menino não pensou duas vezes e, hoje, sonha em seguir os passos de Sebastian Pereira e Aurélio Miguel, seus ídolos no tatame. 

Campeão pan-americano pela seleção brasileira sub-15 em 2007, em Porto Alegre (RS), Celso quer despertar a atenção dos técnicos das equipes de base na etapa nacional do torneio estudantil, de 15 a 17 anos, e espera ser convocado para a seleção escolar de judô, que irá disputar o Festival Olímpico da Juventude da Austrália, em janeiro de 2013.

- Espero chamar a atenção dos treinadores, meu sonho é representar o Brasil nas Olimpíadas do Rio em 2016. Vou treinar muito chegar lá, mas, antes de tudo, preciso me concentrar nas Olimpíadas Escolares, a única competição nacional que eu ainda não havia disputado. Até 2010, a minha escola (Souza Lima) não participava da competição. Em 2011, não consegui passar da etapa estadual, portanto, esta será a minha última chance - disse o jovem de 17 anos.

Antes de embarcar para Cuiabá, no Mato Grosso, o carioca precisou enfrentar o primo, Mauro Igor, de 16 anos, na final estadual, para o desespero da avó. Dona Ana Maria sempre incentivou os netos a praticarem esportes para evitar os riscos de uma comunidade. Ela conta que estava juntando dinheiro para viajar e acompanhar Celso, mas precisou abortar o plano na última hora.

- Minha vontade era que os dois passassem para a etapa nacional, fiquei assisindo à decisão, quietinha, com o coração apertado. Foi bem dolorido ver um deles perder, mas o Mauro tem mais um ano para buscar essa vaga. Eu trabalho para acompanhar os meus netos nas competições pelo país, mas o dinheiro deste mês não saiu e eu não consegui viajar. De qualquer forma, estou sempre em contato com Celso para saber as novidades - disse a avó-coruja, que estava trabalhando no barracão da Mocidade, na reta final para o carnaval, mas atendeu logo o telefone acreditando ser alguém com notícias de Cuiabá.
Celso conta que a avô foi a maior incentivadora de sua carreira, ao lado do professor Guilherme. O carioca lembra que levou um susto quando o treinador pediu para conversar com o seu responsável a fim de convidá-lo para lutar judô.

- Meus pais moram em Belém do Pará e eu fui criado pela minha avó, foi ela quem deu o meu primeiro quimono. O meu professor me descobriu na aula de educação física na escola e pediu para conversar com o meu responsável. Na hora, eu fiquei desesperado, comecei a chorar, achando que eu tinha feito alguma besteira. Assim que entrei em casa, falei: "Vó, o professor pediu para falar com você, mas eu juro que eu não fiz nada de errado". Quando ela foi conversar com ele, viu que ele achava que eu tinha jeito para a luta e me convidou para fazer parte do projeto social. O Guilherme trabalha com jovens em várias comunidades do Rio, como Senador Camará, Coreia e Jabu - finalizou.



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