domingo, 30 de janeiro de 2022

Entrevista com o Coordenador Nacional de Veteranos. Perspectivas e conquistas para a classe.


A Confederação Brasileira de Judô (CBJ), através da Coordenação Nacional de Veteranos, realizará duas grandes ações no início de fevereiro.

De 04 à 07 de fevereiro, acontecerá o Treinamento de Campo Veteranos 2022, na Arena CBJ, no Hotel Colonial Plaza em Pindamonhangaba, São Paulo.

Na mesma semana, no dia 05 de fevereiro, acontecerá o Desafio Internacional de Veteranos. Em sua quinta edição, judocas Veteranos realizarão um treinamento simultâneo em várias cidades do Brasil e do mundo.

A organização estima que mais de cinco mil atletas veteranos nos vários dojôs de todo mundo.

Conversamos com o Coordenador Nacional de Veteranos da CBJ, Cristian Cezário, para conhecer um pouco sobre os trabalhos realizados e as perspectivas para a classe Veteranos em 2022.

B.O.: Como estão os preparativos para o Treinamento de Campo Veteranos em Pindamonhangaba?
Cristian Cezário: Estamos muito animados para este treinamento de campo, é uma conquista muito grande para nós veteranos, treinar no QG da seleção brasileira adulta, isso mostra o quanto a CBJ vem se aproximando e valorizando os veteranos. Teremos muitas atividades e serão 4 dias muito intensos de preparação que com certeza irá contribuir muito para que os atletas tenham um bom desempenho em um ano tão intenso. Serão mais de 100 atletas de 14 estados treinando juntos e se preparando física, técnica e psicologicamente. Varios medalhistas em campeonatos mundiais estarão envolvidos neste treinamento, o que aumenta e muito a qualidade técnica do treinamento.

B.O.: Qual a programação e palestrantes envolvidos?
Cristian Cezário: Teremos treinos com o Sensei Bahjet Hayek (campeão mundial de veteranos) na sexta no período da noite e na segunda pela manhã, treino no sábado de manhã com o Sensei Umakakeba e a tarde treino de Ne Waza com o Sensei Max Trombini. No domingo o treinamento será de manhã e a tarde com o Sensei Hirakawa. Haverá também duas palestras no sábado pela manhã, com o Sensei Umakakeba e no domingo pela manhã com as coachs Tatiana Neder e Adriana Medeiros. Serão dias muito intensos.

B.O.: Durante a realização do Treinamento de Campo, no segundo dia, haverá o Desafio Internacional. Como estão as conversas com os Veteranos dos estados brasileiros e de outros Países?
Cristian Cezário: Estamos na quinta edição do Desafio Internacional de Veteranos, que ano a ano tem crescido e engajando cada vez mais atletas veteranos, já temos muitos estados cadastrados como sede, além de 8 países até o momento e este número tende a aumentar. A sede principal este ano vai ser em Pindamonhangaba durante o treinamento de campo e vamos colocar os veteranos do Brasil e do mundo para treinar e mostrar sua força.

B.O.: Coordenar nacionalmente a classe Veteranos não é tarefa fácil, visto o aumento de judocas que voltam aos treinos nessa classe todos os anos. Como a equipe da coordenação nacional encara esse desafio?
Cristian Cezário: Apesar de reconhecer que não é uma tarefa fácil, é muito agradável trabalhar com este grupo de atletas de veteranos, todos são amigos, se respeitam e tem um mesmo pensamento que é de crescer, se qualificar e desenvolver, além de melhorar sua qualidade de vida. Temos um grupo muito bom de amigos e colaboradores, além do trabalho incansável dos coordenadores estaduais que fazem um belíssimo trabalho em parceria com a coordenação nacional. O segredo do sucesso é este trabalho em conjunto e todos remando na mesma direção.

B.O.: Quais as próximas ações para os judocas Veteranos para 2022?
Cristian Cezário:  Nossos principais desafios em 2022 são as Competições Internacionais que acontecerão em maio na Bahia, é um desafio muito grande tanto para organizar, quanto para preparar os atletas e deixa-los aptos a desempenharem um bom papel nas competições, serão dias muito interessantes: 3 competições em 4 dias (Pan, Sul e Open) e para isso contamos muito com as federações estaduais, coordenadores estaduais de veteranos, para que em conjunto com a Coordenação Nacional desenvolva atividades e de todo suporte para que os atletas cheguem bem tranquilos para a disputa e em Setembro, foco total no Campeonato Mundial da Polônia.

B.O.: Quais são os pilares que apoiam o trabalho da Coordenação Nacional de Veteranos?
Cristian Cezário: A Coordenação Nacional de Veteranos em conjunto com as coordenações estaduais, tem 4 pilares de trabalho, o primeiro e mais importante é promover qualidade de vida, manter todos os atletas motivados e treinando, trazer de volta a ativa antigos atletas que por algum motivo abandonaram os tatames e com a prática do esporte (judô) promover a todos uma melhor qualidade de vida. O segundo pilar é poder proporcionar conhecimento técnico e científico a todos, promovendo cursos, palestras e seminários, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. O terceiro Pilar é a valorização dos nossos atletas e professores mais experientes e graduados, envolvendo todos em nossas ações e fazendo esta troca de aprender um pouco do conhecimento deles e mantê-los ativos e felizes com o desenvolvimento do judô. E o quarto e ultimo pilar é manter o Judô de Veteranos do Brasil entre os primeiros do mundo, tanto nos resultados quanto na parte administrativa e organizacional, a alguns anos alcançamos este patamar e a ideia é sempre melhorar.

B.O: Qual a importância das Coordenações Estaduais?
Cristian Cezário: Como eu disse anteriormente, os coordenadores estaduais estão fazendo um trabalho excepcional, promovendo o judô de veteranos, trazendo atletas de volta, promovendo treinos, cursos, oportunizando a todos a participação nos eventos internacionais, entre outros, sem o trabalho destes incansáveis, nada seria possível e por isso sou muito grato.

B.O: Quais as principais conquistas dessa classe?
Cristian Cezário: Acredito que as principais conquistas para a classe veteranos até o momento foi a criação das coordenadorias estaduais, o aumento enorme de atletas veteranos voltando a ativa, a diminuição da carência para graduação de atletas veteranos medalhistas em campeonatos mundiais, o ranking nacional de veteranos ser levado para dentro da CBJ e recentemente a volta das competições internacionais de veteranos para o Brasil depois de 10 anos.

B.O.: Por favor, deixe suas considerações finais para os judocas
Cristian Cezário: Gostaria de agradecer muito a todos que lá atrás iniciaram este movimento (não vou citar nomes para não ser injusto com ninguém), sem este pontapé inicial, nenhuma destas conquistas seriam possível e vamos fazer sempre o máximo para que tudo o que foi plantado lá atrás realmente tenha valido a pena. Agradecer muito a CBJ na figura do Sensei Silvio Acácio e todos os colaboradores por acreditar na classe e em nosso trabalho, nos proporcionando toda esta evolução. Queria dizer a todos os veteranos que se engajem, se envolvam, acreditem e nunca desistam. Judô é vida, é historia, é filosofia e quanto mais praticarmos os princípios do judô, melhores serão os nossos resultados. Se graduem, adquiram cada vez mais conhecimento, valorizem os mais experientes e graduados, sempre e treinem, treinem muito para estarem aptos a se testar nas competições e nos desafios que a vida nos exige.

Por: Boletim OSOTOGARI


FIJ: Amo de verdade

Sally Conway

Temos um filho em um judogi branco e seu pai na cadeira do treinador. Temos a ex-babá do filho e o ex-aluno do pai do filho sentados na cadeira do outro treinador e temos o novo aluno da ex-babá em judogi azul em sua primeira partida em uma nova categoria. Também temos a mãe do filho e ex-mulher do treinador, amiga da ex-babá e ex-campeã mundial sentada no sofá de casa em frente à televisão. E a verdade é que tudo isso não é fruto da mente pervertida de um roteirista de Hollywood. O que estamos lhe contando é uma história real.

Billy Cusack e Sally Conway se curvando

Aconteceu no segundo dia do Grande Prémio de Portugal, no tatami 3, mais ou menos  às 12 horas . Tommy Macias é sueco, veterano do judô, número três do mundo nos -73kg, dando seus primeiros passos na categoria -81kg. É sua primeira luta oficial do ano. Dois metros atrás caminha Sally Conway, britânica, 34 anos, medalhista de bronze nos Jogos do Rio, bronze também no Mundial de Tóquio em 2019 e treinadora por apenas uma semana. É sua primeira luta sentada na cadeira do treinador. 

Mais atrás está Scott Cusack, britânico, 26, voltando de uma longa lesão e também seu pai, Billy, treinador e a pessoa que mais horas passou com Sally nos últimos quinze anos.

Os dois judocas sobem ao tatame e se cumprimentam. Os dois treinadores fazem o mesmo. Fizemos perguntas após a partida.

Você estava sorrindo na hora de se curvar? A coisa com as máscaras é que não podemos saber.

“Claro que sim”, diz Billy. “Estou tão orgulhoso de ver Sally na cadeira à minha frente. Ela era uma atleta excepcional e é uma pessoa melhor. Não conheço ninguém que não a ame." 

“Eu não sorri”, responde Sally, “eu tinha o rosto da máscara”. Mas quando ela diz isso, ela sorri com os olhos. Sobre a luta, Billy confessa que Scott se saiu bem, principalmente considerando que estava voltando aos tatames após uma lesão. "Além disso, Tommy é muito bom, ele tem muita experiência e agora ele tem Sally."

Sally agora mora na Suécia, mas foi uma mudança muito recente. “Acabei de chegar! Preciso de tempo para conhecer Tommy e o resto da equipe. Neste primeiro concurso com ele, simplesmente me perguntei o que ele precisava de mim. É uma experiência diferente porque estar dentro ou fora do tatame não é a mesma coisa e leva tempo, mas tem sido uma experiência positiva.”

Macias levou a melhor sobre Cusack com um excelente trabalho de solo, que também era a especialidade de Sally. Quanto a Macias, falando sobre Scott, ele disse que não quer lutar com ele novamente porque “ele é muito forte”. 

Scott Cusack em judogi branco e Tommy Macias

E a mãe, ex-esposa, amiga, judoca de elite? Loretta Cusack-Doyle, de Londres, mas morando na Escócia há muitos anos, nos diz o seguinte: “Estou muito orgulhosa do meu filho, independentemente do resultado. Tommy é um atleta incrível e muito experiente, então sempre seria uma partida difícil. Scott estava se envolvendo positivamente e no início ele derrubou Tommy, resultando em dois pênaltis. Foi um erro cometido por Scott que lhe custou a partida, um erro que tenho certeza que ele não cometerá na próxima vez que se encontrarem. Meu amor e admiração ao meu filho.”

Sobre Sally, Loretta afirma isso: “Estou muito orgulhosa de Sally e de todas as suas conquistas. Fui treinador nacional da GBR da Sally por muitos anos. À medida que ela progredia para a terceira idade, essa transição suave e a continuidade da família significavam que Sally cresceu vivendo em torno de nossos filhos e de Scott especialmente, já que Scott se tornou o parceiro de treinamento de Sally. Tenho certeza de que essa foi uma situação muito desafiadora para se encontrar, em sua estreia como treinadora nacional sueca, estar do lado oposto do tatame de Scott, pois sei que ela gosta muito dele, tanto quanto ela é de Billy e de mim. No final, são apenas negócios, nunca pessoais. Mais uma vez é uma ocasião em que o jogo limpo, o respeito e a família do judô brilham”. 

No final, todos saíram felizes, ou quase todos, porque ninguém gosta de perder. Raramente vimos tamanha concentração de emoções misturadas em um espaço tão pequeno. É uma história real, mas também pode virar filme ou série, porque algo nos diz que haverá outro capítulo. 

Fotos: Gabriela Sabau

sábado, 29 de janeiro de 2022

Maria Portela vence sul-coreana e conquista a medalha de bronze no Grand Prix de Portugal


Neste sábado, 29, o judô brasileiro chegou ao seu segundo pódio no Grand Prix de Portugal, que acontece na cidade de Almada. Maria Portela faturou a medalha de bronze no peso médio feminino (70kg) vencendo a sul-coreana Heejun Han, nas punições. Além do bronze de Portela, o Brasil tem ainda o ouro conquistado por Rafaela Silva, na sexta, primeiro dia de competição. 

No caminho da medalha, ela venceu a ucraniana Yullia Kurshenko, de apenas 18 anos, por ippon, na primeira luta. Nas quartas, Portela encarou Jorien Visser, da Holanda, outro novo nome da categoria, e acabou sofrendo um waza-ari, no tempo extra. Foi a única derrota da brasileira na competição. Na repescagem, ela derrotou a britânica Katie-Jemima Yeats-Brown, por waza-ari, e chegou confiante à disputa pelo bronze. 

Na luta final, com o perigoso placar de dois shidos para cada lado, Maria usou toda sua experiência para forçar o erro da adversária e conseguiu a vitória. Han foi punida por falso ataque e acumulou três shido, sendo desclassificada da luta. Vitória e 10ª medalha para Maria Portela em etapas de Grand Prix. 

“Estou muito feliz de ter conquistado essa medalha. Foi uma competição onde eu lutei contra adversárias do processo de renovação para este ciclo, muitas adversárias que eu nunca tinha lutado, não conhecia o jogo. Foi uma competição onde tive erros e acertos, mas que no final acabei conquistando a medalha e saio muito contente por esse primeiro passo”, resumiu a brasileira, que retornará ao circuito na semana que vem, no Grand Slam de Paris.  

Bronze de Guilherme Schimidt escapa em combate tático com japonês 

O meio-médio Guilherme Schimidt (81kf) chegou muito perto de conquistar a terceira medalha do Brasil na competição. Mas, o bronze escapou depois de uma luta amarrada com o japonês Yuhei Oino, que forçou os erros do brasileiro e venceu a luta nas punições. 

Antes disso, Schimidt havia vencido Lorenzo Parodi (ITA) e Manuel Rodrigues (POR) por ippon com estrangulamentos perfeitos. Nas quartas, caiu de waza-ari a dois segundos do fim do combate com Nicolas Chilard, da França, e chegou à disputa pelo bronze com vitória por ippon, na repescagem, sobre Mikhailo Svidrak, da Ucrânia. 

Julio Koda Filho (73kg), Daniel Cargnin (73kg) e Aléxia Castilhos (63kg) também lutaram neste sábado e perderam na primeira rodada. 

O Grand Prix de Almada continua neste domingo, com Beatriz Freitas (78kg/ECPinheiros), Rafael Macedo (90kg/Sogipa), Rafael Buzacarini (100kg/ECPinheiros) e Juscelino Nascimento (+100kg/Minas Tênis Clube) em ação a partir das 8h30. O portal live.ijf.org transmite todas as lutas ao vivo. Acompanhe os resultados dos brasileiros em tempo real pelo perfil oficial da CBJ no Twitter @judocbj 

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


GP de Portugal: Resultados do segundo dia


No primeiro dia Holanda e Croácia acariciaram o ouro e conquistaram a prata. Na segunda, ambos confirmaram que começaram o ano com uma dinâmica positiva e não estamos falando de Covid. A Espanha tropeçou no primeiro dia e corrigiu seu chute no segundo. Portugal estreou com esplendor, mas a luz apagou no sábado. Da Hungria veio uma pessoa desaparecida, enquanto a Finlândia mostrou que sem neve você também pode viver e Matthias Casse finalmente quebrou sua maldição particular.

Feminino -63kg: Geração Y

A judoca holandesa Joanne Van Lieshout tem 19 anos e quando sorri tem cara de menina gentil e responsável, uma boa aluna em quem qualquer casal confiaria para cuidar dos filhos. No tatami ela só sorri quando ganha e ultimamente tem feito isso com frequência. Ela venceu o Campeonato Mundial Júnior em 2021 e abre 2022 com uma final no primeiro torneio do ano.

Iva Oberan é croata, três anos mais velha, apenas um pouco mais experiente no mundo sénior, mas com a mesma ambição. Ela não é campeã mundial, não no momento, mas já tem medalhas continentais. Cada um chegou à final, pronto para entrar totalmente no mundo dos idosos!

Van Lieshout resistiu a duas investidas de sua rival, mediu o tempo e lançou um rápido ko-uchi-gari. É um primeiro ouro no World Judo Tour, então ela já é uma veterana!

A primeira medalha de bronze foi para a checa Renata Zachova, que conseguiu deter outra jovem promessa da escola croata, Katarina Kristo. A atleta espanhola Cristina Cabaña Pérez ia como um foguete rumo à final quando cometeu um erro na semifinal e ficou com mel nos lábios. Na disputa pelo bronze contra a romena Florentina Ivanescu, a espanhola cometeu o mesmo erro, perdendo a concentração após marcar waza-ari. Cabaña Pérez também concedeu um waza-ari e depois um segundo. Ela ficou sem ouro e sem bronze porque Ivanescu soube aproveitar seu momento.


Resultados finais
1. VAN LIESHOUT Joanne ( NED )
2. OBERAN Iva ( CRO )
3. ZACHOVA Renata ( CZE )
3. IVANESCU Florentina ( ROU )
5. KRISTO Katarina ( CRO )
5. CABANA PEREZ Cristina ( ESP )
7. Melodia TURPIN ( FRA )
7. SHEMESH Inbal ( ISR )

Masculino -73kg: não os suspeitos usuais

Não há nada de incomum em ver um uzbeque em uma final de judô. Ver um judoca espanhol em uma final também é cada vez menos incomum. Outra coisa são os nomes. Murodjon Yuldoshev está mais acostumado ao sétimo lugar em torneios do que ao pódio. Em Lisboa, o uzbeque disse algo como “basta, agora vais ver o que vais ver”. Salvador Cases Roca é um jovem espanhol bastante peculiar, pois não possui uma técnica notável como os grandes campeões. O que ele tem é uma boa base, um quadril forte e um braço sólido. Em Lisboa também teve o que se chama de um bom dia e chegou à final depois de uma jornada baseada em ippons. 

De qualquer forma, foi uma final inédita para ambos no World Judo Tour e ninguém quis fazer uma previsão. Aqueles que apostaram em Yuldoshev estavam certos. O uzbeque venceu graças a um poderoso uchi-mata.

A Mongólia há muito vem construindo um futuro promissor, com uma pedreira grande e diversificada. Os resultados são excelentes e enfrentar um desse time é garantia de dificuldade. Sod-Erdene lutou pelo bronze contra outra promessa do judô, mas esta da França: Joan-Benjamin Gaba. Ao mesmo tempo jovem, rápido e dinâmico, foi um combate com altas revoluções, acelerado, quase expresso. O mongol assumiu a liderança com waza-ari. A resposta foi espetacular com um harai-makikomi perfeito e bronze para o francês. Havia outro mongol esperando, candidato ao segundo bronze do dia. Seu nome é Ankhzaya Lavjargal. Havia também um moldavo igualmente determinado, Petru Pelivan. Lavjargal venceu graças a um morote-seoi-nage, a trinta segundos do final.


Resultados finais
1. YULDOSHEV Murodjon ( UZB )
2. CASOS ROCA Salvador ( ESP )
3. GABA Joan-Benjamin ( FRA )
3. LAVJARGAL Ankhzaya ( MGL )
5. GUNJINLKHAM Sod-Erdene ( MGL )
5. PELIVAN Petru ( MDA )
7. LEVIN Ido ( ISR )
7. TERASHVILI Giorgi ( GEO )

Feminino -70kg: Vento de Conto

Vê-se que no sábado no Grande Prémio de Portugal não havia necessidade de ser favorito. A brasileira Maria Portela e a espanhola Ai Tsunoda foram os espantalhos anunciados, com sorteios relativamente acessíveis, ser semeado tem que ser para alguma coisa, talvez um futuro de ouro. Essa era a teoria! Na prática, a Portela cruzou-se com o holandês Jorien Visser. Já dissemos que a Holanda superou em muito os excessos do final do ano. Visser estava a caminho da final quando colidiu com Szabina Gercksak. A última vez que vimos o húngaro no pódio do World Judo Tour, Ronaldinho e John Terry ainda estavam ativos. Pouco ou nada se sabe sobre ela. Em Lisboa chegou ao último degrau com um judo poderoso, ofensivo e divertido para o público. Por sua vez, é claro que a Croácia não se limita à campeã mundial Barbara Matic. Há mulheres de qualidade e todas já vimos isso em Portugal. Para enfrentar Gercksak, a Croácia enviou Lara Cvjetko, 20 anos, vice-campeã do Mundial de Juniores e prata em um Grand Slam que já está pendurado na parede de seu quarto. Assim, o regresso contra um representante da equipa croata em ascensão e como parece que o vento está soprando a favor da Croácia, o ouro voltou a Zagreb após uma final francamente chata, decidida por um acúmulo de shidos.

Quanto ao bronze, Portela e Tsunoda trouxeram à tona o orgulho que os grandes atletas valorizam quando as coisas dão errado. Eles não queriam sair de mãos vazias e com sentimentos ruins em seus corpos. A brasileira derrotou a coreana Heeju Han e a espanhola administrou o lado dela. Ouro e bronze não são a mesma coisa, mas uma medalha é uma medalha.


Resultados finais
1. CVJETKO Lara ( CRO )
2. GERCSAK Szabina ( HUN )
3. PORTELA Maria ( BRA )
3. TSUNODA ROUSTANT Ai ( ESP )
5. HAN Heeju ( KOR )
5. VISSER Jorien ( NED )
7. ISSOUFI Kaila ( FRA )
7. YEATS-BROWN Katie-Jemima ( GBR )

Masculino -81kg: o alívio do campeão

O belga Matthias Casse está aumentando seu recorde de serviço rapidamente: campeão mundial, bronze olímpico, número um do mundo! Pode-se dizer que a vida sorri para ele. No entanto, havia uma mancha em seu currículo; Matthias não é bom com os japoneses e perdeu suas últimas quatro lutas contra eles. Em Lisboa veio o quinto, Yuhei Oino, que não é Nagase, mas o japonês é sempre o japonês e não deve ser menosprezado. Casse ganhou como campeões, com um ippon autoritário, algo como uma mensagem do tipo: "Eu sou o chefe, caso alguém ainda não tenha ouvido". Era como tirar os saltos ou afrouxar a gravata depois de um dia inteiro no escritório. Por isso chegou à final focado, mas com menos peso nos ombros. Os nervos estavam do outro lado do tatami e sofridos por Oskari Makinen, um finlandês de 22 anos que surpreendeu a todos em Lisboa com uma vontade ilimitada e uma forma excecional. Como ele está em 115º no Ranking Mundial, ele não tinha nada a perder contra o chefe da categoria e essas situações costumam ser as mais perigosas para os peixes grandes.

Com certeza, Makinen saiu sem medo, impassível, como se fosse uma sessão de treinamento. O problema era que Casse não encontrou seu título de campeão mundial em uma caixa de cereal. Ele mostrou isso com classe com eri-seoi-nage, mas o que o belga fez foi mais do que apenas ganhar o ouro. Até agora, ele nunca havia vencido um grande prêmio. A partir de hoje ele é um dos poucos judocas que ganhou todos os títulos possíveis no World Judo Tour, ou seja, grand prix, grand slam, masters e campeonatos mundiais. Casse está construindo um cartão de visitas impressionante e como se isso não bastasse, ele olha os japoneses nos olhos novamente.  

A Coreia está a ser muito ativa em Portugal, a França também. O primeiro bronze foi acertado entre Jonghoon Kim e Nicolas Chilard. O coreano assumiu a liderança com waza-ari e depois passou a jogar o relógio com um bom trabalho em ne-waza. Tique-taque, tique-taque, os franceses nunca encontraram um caminho porque os coreanos o fecharam.  

Para finalizar, um duelo entre duas grandes nações do judô: Brasil e Japão. Guilherme Schmidt x Yuhei Oino lutou, mas não foi um confronto brilhante. Terminou com a eliminação do brasileiro. Foi importante para o Japão porque o país não brilha em Portugal com seus jovens atletas e isso é uma notícia de última hora.


Resultados finais
1. CASSE Matthias ( BEL )
2. MAKINEN Oskari ( FIN )
3. KIM Jonghoon ( KOR )
3. OINO Yuhei ( JPN )
5. CHILARD Nicolas ( FRA )
5. SCHIMIDT Guilherme ( BRA )
7. RAJKAI Robert ( HUN )
7. SVIDRAK Mykhailo ( UKR )

Só resta o terceiro dia. Chegam os tamanhos XXL, aqueles que precisam de mais espaço no avião e fazem muito barulho quando caem. Prepare-se, isso cheira como se estivéssemos ensurdecidos!

Fotos: Gabriela Sabau

Telma Monteiro homenageada e a Federação premiada

Telma Monteiro (à esquerda) juntamente com Inês de Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Almada

Normalmente as homenagens a um atleta para felicitá-lo por uma carreira exemplar acontecem uma vez que se aposentou do esporte competitivo, mas Telma Monteiro (POR) é uma competidora à parte, não trabalhando dentro das normas esperadas.

Com efeito, este sábado, 29 de janeiro de 2022, o campeão foi homenageado pela Federação Portuguesa de Judo, pelo Comité Olímpico Nacional e pelas autoridades locais, enquanto ainda ativo e entrando na corrida para uma nova qualificação olímpica, para Paris 2024. No dia anterior, os Jogos Olímpicos medalhista e cinco vezes medalhista mundial estava no tatame conquistando sua 23ª medalha em um evento do World Judo Tour.


Da esquerda para a direita: José Manuel Constantino, Presidente do Comité Olímpico Português, Telma Monteiro, Ines de Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Almada, Carlos Andrade, Presidente da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Judo, Nuno Laurentino, Adjunto do Secretário do Estado do Esporte

Permanecer no nível mais alto por algumas temporadas é um desafio, permanecer por tantos anos é excepcional. Aos 36 anos, Telma Monteiro é um modelo de abnegação e empenho dentro e fora do tatami, trazendo consigo gerações de judocas em Portugal mas também fora do país.

Mr Marinescu apresenta a prestigiada estátua de Jigoro Kano, feita pela empresa Herend Porcelain, ao Mr Fernandes

Após a cerimónia com o campeão, Vlad Marinescu, Director Geral da FIJ, foi acompanhado em palco pelo Presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes. O Sr. Marinescu entregou ao Sr. Fernandes a prestigiada estátua de Jigoro Kano, da mundialmente famosa empresa de Porcelana Herend, pelo excelente trabalho que a Federação tem vindo a desenvolver na promoção e desenvolvimento do judo em Portugal e no mundo.

Por:  Nicolas Messner - Federação Internacional de Judô
Fotos: Gabriela Sabau

FIJ: A caçada.


No ano passado, Distria Krasniqi fez duas coisas: ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas e mudou de categoria. A primeira é um sonho de qualquer atleta. A segunda é a vontade de permanecer no topo, de continuar escrevendo a história.

Distria Krasniqi, em judogi branco, derrotando Viktorija Puljiz

Em Baku, em novembro, ela nos confirmou sua nova estratégia. Foi sua primeira competição depois de Tóquio e ela nos disse que -48kg acabou. "Sempre me senti melhor com -52kg e é isso que vou fazer de agora em diante." 

Distria terminou em quinto, foi o primeiro touchdown após a glória olímpica. Foi assim que o Kosovar encarou: uma primeira análise sem grande importância. Depois descanse, o ano novo e Portugal.

“Vim ao Grande Prémio de Portugal para ganhar pontos. Preciso subir na classificação e fazê-lo rapidamente”. 

Explicação: Ela foi a líder do ranking mundial na categoria mais leve. Não agora, porém, e isso é normal; agora ela está em 38º lugar. É por isso que ela quer acumular pontos desde o início, para não demorar muito para ser semeada e desfrutar de sorteios mais fáceis.

Distria é o único atual campeão olímpico a ter viajado para Portugal. “Eu não queria esperar. Eu precisava lutar, ver minha forma e vencer. Eu me senti bem desde o início”, tão bem que ela ganhou o ouro sem suar a camisa!

Agora que ela é a campeã, sua silhueta brilha ainda mais. Para começar, ela estreou um novo judogi com muito ouro. É impossível para ela passar despercebida. Agora ela faz parte do elenco de campeões que outros querem derrubar. Ela entende isso porque até pouco tempo atrás ela era uma das outras. 

Distria Krasniqi, em judogi branco, derrotando Viktorija Puljiz

“Sempre me motivou a lutar contra os melhores. Na verdade, sempre fui muito bem. Por exemplo, fiquei encantada por poder medir minha força contra a campeã olímpica anterior, a argentina Paula Pareto e sempre a venci”.

Porque Distria é um produto puro da escola Kosovar, incansável, trabalhadora, já sabemos que eliminá-la de qualquer competição será extremamente difícil. Também esfregamos as mãos porque Distria pega o bastão de sua compatriota e glória nacional, Majlinda Kelmendi, em uma categoria dominada por Uta Abe e Amandine Buchard. A irrupção de Distria certamente alterará a ordem das coisas.

“Por enquanto tenho um objetivo claro e de curto prazo: o Campeonato Europeu. Depois disso, veremos."

Como já é campeã e tem apenas 26 anos, chegará a Paris 2024 em plena maturidade, com um estilo consolidado e sua tradicional força mental. Ela sabe disso, nós sabemos e os outros também. A caça começou.

Fotos: Gabriela Sabau

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

GP de Portugal: Resultados do primeiro dia


O primeiro evento de um calendário que promete ser movimentado, tem sempre um sabor especial, ou melhor, sabores especiais, pois são muitas as referências tanto para os atletas como para os organizadores. Há concentração, é claro, e ligado a isso está o estresse e às vezes o medo, mas também uma incrível vontade de ter sucesso.

Este é, obviamente, o caso da Federação Portuguesa de Judo, que abre as portas para os eventos da temporada 2022 do World Judo Tour, ao incluir pela primeira vez na sua história uma prova desta envergadura no seu calendário. Os desafios foram muitos, pode-se imaginar. Receber centenas de participantes de todo o mundo nunca é fácil. É ainda menos quando o mundo ainda está imerso no que parece ser uma crise de saúde sem fim.

No entanto, a equipa do Presidente Jorge Oliveira Fernandes desdobrou uma energia incrível para que às 10h. hoje tudo estaria no lugar para que o Grande Prêmio de Portugal de 2022 pudesse começar bem. Esse foi o caso, obviamente.

Sendo o judô a forma de adaptação, desde as primeiras partidas, enquanto muitas perguntas ficaram sem resposta sobre as novas regras, pudemos ver que todos os atletas já estavam perfeitamente integrados ao novo regulamento e se adaptaram ao judô que prevalecerá nos próximos três anos , até Paris 2024. Nunca é fácil porque enquanto o primeiro hajime não soar, não podemos garantir que os velhos reflexos não voltarão. Claro que vai demorar um pouco para ver todos perfeitamente familiarizados com os doze novos pontos das regras de arbitragem. Com certeza haverá alguns erros, mas em breve, eles serão evitados e o judô continuará sendo o esporte que amamos, oferecendo tantas oportunidades para viver nossa paixão ao máximo.

O primeiro dia do Grande Prémio Portugal 2022 já não foi exceção. Desde a primeira partida, vimos atletas prontos para atuar, árbitros concentrados como nunca, árbitros e staff com os olhos focados na ação e espectadores curtindo o show. Podemos dizer que o World Judo Tour está de volta ou que recomeçou. Podemos dizer que uma nova história está prestes a ser escrita. Podemos esquecer o passado mesmo que o valorizemos e olhemos para o futuro que se desenrola à nossa frente, para desfrutar de um belo presente aqui em Portugal.

Feminino -48kg: Golden Costa assina para um sucesso português

Que melhor maneira de começar a temporada do que entrando na final do primeiro grande prêmio do ano? Foi o que fez a talentosa Catarina Costa e fazê-lo em casa certamente teve um sabor ainda melhor para a judoca portuguesa. Na final, ela encontrou Hyekyeong Lee, um representante da delegação coreana inchada e bem-sucedida.

Apoiado pelo público, concentrado e determinado, Costa começou a partida com o ouro como única opção. No tempo normal, um pouco dominada pela forte pegada da adversária, foi mesmo assim a jogadora mais ativa no tatame e Lee foi penalizado duas vezes. Quando a pontuação de ouro começou, Costa também foi penalizada, mas imediatamente após a penalidade, ela executou um de-ashi-barai perfeito para um waza-ari que foi confirmado pela reprodução do vídeo. Lee pousou em todo o lado do corpo a 90 graus ou mais para trás. De acordo com a nova regulamentação, não houve discussão.

Catarina Costa declarou: " Vim aqui para ter sensações. Estou longe de estar a 100% mas a minha cabeça estava certa, muito melhor do que o corpo. Ajuda sempre ter a torcida do seu lado mas hoje foi com certeza um vitória mental ” .

A francesa Lea Beres (FRA) encontrou a belga Ellen Salens a caminho do pódio no primeiro concurso de medalha de bronze. Ambos os atletas foram qualificados pela primeira vez para o bloco final de um evento do World Judo Tour e desta vez foi Lea Beres quem venceu, depois que um terceiro shido foi dado a Salens durante a pontuação de ouro. Então, oficialmente, Beres, que foi treinado pela campeã olímpica e mundial Lucie Decosse, é o primeiro atleta da temporada 2022 a ganhar uma medalha.

Um ponto geográfico comum, a Croácia, uniu os outros dois atletas classificados para o bronze. De fato, medalhista de prata em Zagreb em setembro passado, Mélanie Vieu (FRA) esperava pelo menos o mesmo resultado, se não melhor, mas teve que se contentar com a disputa pela medalha de bronze contra a judoca holandesa Amber Gersjes, campeã mundial júnior em 2017 e isso também foi na Croácia. Aqui em Portugal, um deles teve que adicionar uma bela linha na sua lista de prêmios. Imitando seu companheiro de equipe, Melanie Vieu aproveitou quase dois minutos do período do placar de ouro para eventualmente encontrar uma oportunidade para derrubar seu adversário, depois de apenas shido ter sido dado até agora.


Resultados finais
1. COSTA Catarina ( POR )
2. LEE Hyekyeong ( KOR )
3. BERES Lea ( FRA )
3. VIEU Melanie ( FRA )
5. VENDAS Ellen ( BEL )
5. GERSJES Âmbar ( NED )
7. AVANZATO Ásia ( ITA )
7. LIMA Amanda ( BRA )

Masculino -60kg: Harim Lee liderou no mais puro estilo

À primeira vista, Balabay Aghayev parece um recém-chegado relativo, mas os especialistas em judô já sabem que o jovem azeri não é qualquer um, pois em outubro passado, durante o cinquentenário do Grand Slam de Paris, ele não só chegou à final como venceu na capitais francesas. Portanto, não foi surpreendente encontrá-lo novamente na final de um evento do World Judo Tour, onde enfrentou o medalhista de prata do Campeonato Mundial Júnior de 2015, o coreano Harim Lee.

Muito estável em seus pés, talvez um pouco confiante demais, Aghayev foi lançado pela primeira vez com um enorme morote-seoi-nage do mais puro estilo, para waza-ari. Apesar do protesto de Aghayev, a técnica foi executada com perfeição, sem nenhuma parada, para uma marcação válida. Pouco tempo depois, Lee reproduziu o mesmo esforço para o mesmo resultado e uma vitória cristalina.

No início da competição, o cabeça-de-chave número um, o espanhol Francisco Garrigos, foi eliminado pelo delegado japonês Taiki Nakamura, antes de perder na repescagem para o mongol Tsogt-Ochir Byambajav. Certamente não foi o resultado que Garrigos esperava, mas a temporada está apenas começando. O mais importante no momento é fazer um balanço do trabalho que ainda precisa ser feito para recuperar um nível ótimo.

Com exceção de Balabay Aghayev na final, outro competidor europeu ainda tinha chance de ganhar uma medalha, já que Angelo Pantano (ITA) enfrentou Tsogt-Ochir Byambajav pela medalha de bronze. Infelizmente para o atleta transalpino, a pontuação de waza-ari não foi suficiente quando comparada com as duas pontuações de waza-ari de Tsogt-Ochir.

Sumiyabazar Enkhtaivan (MGL), que terminou no pódio em Paris em outubro, enfrentou Nakamura pela medalha de bronze. Este último havia eliminado Garrigos, mas não conseguiu chegar à final. O mongol novamente terminou em quinto ao ser derrotado por Nakamura por ippon, para ganhar uma primeira medalha de GP para os japoneses.


Resultados finais
1. LEE Harim ( KOR )
2. AGHAYEV Balabay ( AZE )
3. BYAMBAJAV Tsogt-Ochir ( MGL )
3. NAKAMURA Taiki ( JPN )
5. PANTANO Ângelo ( ITA )
5. ENKHTAIVAN Sumiyabazar ( MGL )
7. GARRIGOS Francisco ( ESP )
7. BERNABEU RICO Jaume ( ESP )

-52kg: O Powerhouse Krasniqi está de volta em -52

Quando a atual campeã olímpica, Distria Krasniqi, mesmo que estivesse na categoria de peso inferior, está presente, definitivamente coloca pressão nos ombros das outras competidoras, mas a pressão é compartilhada porque ser a mulher a ser batida te coloca em uma posição de fragilidade mental que nem todos podem lidar.

Tudo parecia ter começado bem para a Kosovar, que passou as primeiras eliminatórias com facilidade, antes de defrontar Joana Diogo nas meias-finais. Diante de sua torcida, a campeã portuguesa superou a si mesma e marcou um waza-ari contundente direto do sino. Krasniqi teve que reorientar e não perder a coragem, para recuperar o controle de uma disputa complicada.

Foi o que ela fez ao igualar, um waza-ari cada, antes de marcar um ippon claro, que destruiu as esperanças de Diogo. Krasniqi demonstrou assim toda a maestria que a levou ao topo do Olimpo no verão passado, mas também aprendeu uma lição: no judô tudo é possível e você deve estar sempre vigilante, seja qual for o seu nível. Do lado de Diogo, é certo que a derrota foi amarga, mas a jovem atleta não tem do que se censurar. Ela fez o trabalho e fez bem. Krasniqi era forte demais, apesar de seu erro.

Na final, contra Ana Viktorija Puljiz (CRO), a meio e com apenas um shido no tabuleiro, dado ao croata, a máquina Krasniqi entrou em ação para produzir um o-soto-gari maciço que não deu hipóteses a Puljiz . Krasniqi foi definitivamente imbatível hoje.

Ela declarou: " Eu vim aqui para ganhar pontos porque desde que mudei de categoria passei de número 1 do mundo para número 38. Preciso de tantos pontos quanto possível para ser semeado em alguns meses. "

Na primeira luta pela medalha de bronze, Fabienne Kocher (SUI), regular no circuito mundial, enfrentou Estrella Lopez Sheriff (ESP) para completar o quarteto de medalhistas. A judoca suíça provou ser a melhor das duas ao lançar seu oponente com um massivo o-soto-gari por ippon.

Diogo viu-se finalmente em condições de subir ao pódio, frente à sua compatriota Maria Siderot e depois de mais de um minuto de golo de ouro, Diogo marcou o waza-ari para ganhar mais uma medalha para Portugal no primeiro dia do Grande Prémio.


Resultados finais
1. Distrito KRASNIQI ( KOS )
2. PULJIZ Ana Viktorija ( CRO )
3. KOCHER Fabienne ( SUI )
3. DIOGO Joana ( POR )
5. LOPEZ SHERIFF Estrella ( ESP )
5. SIDEROT Maria ( POR )
7. TORO SOLER Ariane ( ESP )
7. RYHEUL Âmbar ( BEL )

-66kg masculino: os melhores retornos de Vieru

Sendo número um do mundo, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio e campeão mundial em 2015, além de suas duas vitórias no World Masters, Baul An (KOR) não era apenas um dos favoritos, mas era o favorito número um da competição . No entanto, não foi ele que se viu na final contra o outro cabeça de chave do torneio, o moldavo Denis Vieru, que teve partidas bastante difíceis para chegar à final.

Foi mesmo o suíço Freddy Waizenegger, 180º no ranking mundial, sem referência no circuito, que destronou o coreano para enfrentar Denis Vieru (MDA) pela medalha de ouro. Há vitórias que marcam uma carreira, momentos que deixam marcas. Para Baul An, essa derrota o deixará com um gosto de incompletude, enquanto para Waizenegger, o cheiro será mais doce e agradável.

Assim que a final começou, parecia que Denis Vieru estava claramente um nível acima de Freddy Waizengger desta vez. Apesar de seu desempenho inacreditável na semifinal, o judoca suíço não pôde fazer nada contra a força e as habilidades técnicas de Vieru. Este último executou dois arremessos de waza-ari, com estilo, para conquistar o título.

Denis Vieru declarou: " Sou o número 2 do mundo e tenho 2 objetivos este ano: ser o número 1 e lutar em todas as finais. Hoje foi um passo adiante para isso. "

Freddy Waizenegger disse: " Eu não tinha medo de Vieru, mesmo que fosse minha primeira final de WJT. O problema é que machuquei meu cotovelo direito nas quartas de final e não estava 100%, mas ei, foi um ótimo dia. "

Na primeira luta pela medalha de bronze, o japonês Yamato Fukuda (JPN) enfrentou a oposição de Bogdan Iadov (UKR) e o ucraniano não teve medo do adversário, avançando para conquistar uma brilhante medalha de bronze. 

Para a segunda medalha de bronze encontramos Baul An, com desejo de vingança, contra o mongol Narmandakh Bayanmunkh. O campeão coreano não queria voltar para casa de bolsos vazios! Ele não deu chance a Narmandakh Bayanmunkh de ganhar a medalha de bronze.


Resultados finais
1. VIERU Denis ( MDA )
2. WAIZENEGGER Freddy ( SUI )
3. IADOV Bogdan ( UKR )
3. UM Baul ( KOR )
5. FUKUDA Yamato ( JPN )
5. BAYANMUNKH Narmandakh ( MGL )
7. OLIVEIRA Gonçalo ( POR )
7. IZVOREANU Radu ( MDA )

-57kg feminino: Silva, o retorno

Ausente do circuito por muitos meses, Rafaela Silva, Campeã Mundial em 2013 e Campeã Olímpica em 2016, retornou ao Circuito Mundial de Judô por ocasião do Grande Prêmio Portugal 2022. Foi um bom momento para ela, pois a campeã brasileira chegou ao final, não sem dificuldade às vezes, mas contra atletas dispostos a dar tudo, para enfrentar Pleuni Cornelisse, que alinhou as vitórias na outra metade do sorteio.

Como nas melhores horas de sua excepcional carreira, Rafaela Silva executou um movimento de quadril impecável na beira do tatame, que aterrissou ela e sua adversária no meio da inscrição 'PORTUGAL 2022' para um magnífico ippon. É certo que Portugal ficará para sempre na memória de Silva como um belo regresso.

Jaeryeong Kim e Eunsong Park deram à Coreia outra chance de medalha quando os dois companheiros de equipe se encontraram na primeira final pela medalha de bronze pela vitória de Park.

Para a última medalha de bronze do dia, o público português ficou encantado por ver a grande Telma Monteiro ainda a disputar uma medalha e que inicia agora um novo ciclo olímpico, o que a poderá levar a uma sexta participação nos Jogos Olímpicos, em Paris em 2024, um recorde que a impulsionaria para outro planeta. Monteiro opôs-se à francesa Martha Fawaz e durante a primeira parte da partida Fawaz mostrou-se mais forte e dinâmica do que a sua ilustre adversária. Mas como um fênix, Monteiro encontrou a energia necessária para impulsionar os franceses em suas costas com força, velocidade e controle para marcar um ippon com um o-soto-gari. Bravo campeão! Continue indo e colecionando prêmios.


Resultados finais
1. SILVA Rafaela ( BRA )
2. CORNELISSE Pleuni ( NED )
3. PARQUE Eunsong ( KOR )
3. MONTEIRO Telma ( POR )
5. KIM Jaeryeong ( KOR )
5. FAWAZ Martha ( FRA )
7. BOI Miriam ( ITA )
7. ZEMANOVA Vera ( CZE )

Por: Nicolas Messner - Federação internacional de Judô

Rafaela Silva é ouro em Almada: "Determinada a voltar a estar entre as melhores"


Rafaela Silva mostrou, mais uma vez, ao mundo sua incrível capacidade de dar a volta por cima e se reconstruir. Nesta sexta-feira, 28, a judoca brasileira derrubou quatro adversárias para conquistar a medalha de ouro no Grand Prix de Almada, em Portugal, evento que abriu o Circuito Mundial IJF em 2022. De quebra, registrou a primeira vitória, o primeiro ippon e a primeira medalha do judô brasileiro em 2022. Melhor: faturou 700 pontos no ranking mundial para deixar para trás a incômoda posição de nº 175 do mundo. 

“É diferente, parece que eu cheguei na seleção brasileira agora, minhas primeiras competições, meus primeiros passos, relembrei hoje a sensação de ouvir o hino depois de tanto tempo afastada do judô, do tatame, desse clima de competição que eu amo. Estou muito feliz com meu desempenho, são 700 pontos muito importantes na busca pra minha vaga olímpica Acho que a diferença, não só hoje, mas desde o momento que voltei, é que estou muito determinada a voltar a estar entre as melhores da minha categoria”, disse Rafaela.  

O Grand Prix de Almada foi apenas a sua segunda competição no Circuito desde que voltou. No Grand Slam de Baku, em novembro de 2021, caiu na primeira luta e somou apenas os 10 pontos de participação. Em Portugal, chegou mais preparada e buscou o pódio.  

Primeiro, venceu Evelyne Tschopp, da Suíça, por ippon, em apenas 34 segundo de luta. Avançou às quartas-de-final e bateu a tcheca Vera Zemanova por waza-ari em luta mais equilibrada. Na semifinal, despachou a sul-coreana Eunsong Park também por waza-ari após quase dois minutos de Golden score.   

Na luta pelo ouro, Rafaela dominou a pegada e projetou Pleuni Cornelisse, da Holanda, com um golpe forte de quadril que ensaiou na área de aquecimento com a ajuda de Amanda Lima, que lutou nesta sexta e ficou na repescagem.  

“A adversária era muito parecida com a Amanda e encaixou direitinho o jogo que a gente fez na área de aquecimento”, revelou Rafaela que, pela primeira vez, teve na cadeira uma nova treinadora, sua ex-companheira de seleção, Sarah Menezes.  

“A Sarinha como treinadora foi fundamental. Ela me ajudou, me deu várias dicas. Teve um momento que eu perdi um pouco a cabeça antes de começar a competição e a Sarinha veio conversar comigo, me manteve focada”, contou.  

“Eu conversei com todas fora do tatame, orientei e combinei de esperar o primeiro hajime para passar as instruções. Com a Rafa foi assim. Ela pegou, fez, sentiu, e quando eu via que estava bom dizia para continuar ou refazia a estratégia de acordo com a situação. Me emocionei muito com essa medalha cheguei a chorar um pouco, mas ninguém viu. Acho que deu certo com todas, mas acho que as mais novas sentiram um pouco a competição. Mas, com a sequência, vão evoluir”, avaliou Sarah Menezes após sua estreia como técnica. 

O Grand Prix de Almada continua neste sábado, com mais cinco brasileiros em ação a partir das 8h30 (Brasília): Daniel Cargnin (73kg/Sogipa), que estreia em nova categoria, além de Julio Koda Filho (73kg/Minas Tênis Clube), Guilherme Schimidt (81kg/Minas Tênis Clube), Aléxia Castilhos (63kg/Sogipa) e Maria Portela (70kg/Sogipa). 

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


Arbitragem: Os Novos Gestos


Juntamente com as novas regras de arbitragem, implementadas pela primeira vez por ocasião do Grande Prémio de Portugal 2022, vêm três novos gestos que os atletas e adeptos do judô precisam conhecer.

1 - Shido para aterrissar em duas mãos/cotovelos
2 - Shido para seoi-nage reverso
3 - Shido para arrumar o cabelo


Por: IJF

Rafaela Silva está na final do Grand Prix de Almada, nesta sexta


Determinada a recuperar seu lugar entre as melhores do mundo, Rafaela Silva chegou a Portugal para a primeira etapa do Circuito Mundial sabendo da importância dos 700 pontos da medalha de ouro no Grand Prix de Almada para melhorar sua incomum posição de número 175 no ranking mundial. E, depois de vencer três lutas nas preliminares, a campeã olímpica de 2016 está muito perto de cumprir a meta. A partir das 14h desta sexta-feira, 28, ela encara a holandesa Pleuni Cornelisse na final da categoria Leve feminino (57kg).  

Essa é apenas a segunda competição de Rafaela no Circuito desde que voltou da suspensão de dois anos. No Grand Slam de Baku, em novembro, caiu na primeira luta e somou apenas os 10 pontos de participação. Em Portugal, chegou mais preparada e andou bem na chave.  

Primeiro, venceu Evelyne Tschopp, da Suíça, por ippon, em apenas 34 segundo de luta. Avançou às quartas-de-final e bateu a tcheca Vera Zemanova por waza-ari em luta mais equilibrada. Na semifinal, despachou a sul-coreana Eunsong Park também por waza-ari após quase dois minutos de Golden score.  

A adversária pelo ouro, Pleuni Cornelisse, tem 22 anos e foi vice-campeã do Grand Prix de Zagreb, em 2021. É a primeira vez que as duas se encontram no Circuito Mundial.  

Amanda Lima (48kg) tem boa estreia e termina em sétimo lugar 

Quem também teve um bom desempenho nesta sexta foi a novata Amanda Lima (48kg), que estreou na seleção principal e no Circuito adulto. Amanda tem 22 anos, é natural de Pernambuco e, atualmente, é atleta do Minas Tênis Clube.  

Em Portugal, ela começou com vitória sobre a anfitriã Ines Ribeiro, por waza-ari e avançou às oitavas-de-final, onde bateu a atual vice-campeã europeia e número 16 do mundo, Andrea Stojadinov, por waza-ari.

Nas quartas, Amanda teve dificuldades contra a francesa Lea Beres e parou no ippon da adversária, caindo para a repescagem. Nessa fase, encarou Amber Gersjes, da Holanda, a caiu de waza-ari, no golden score, depois de uma luta bastante equilibrada no tempo normal. Com isso, terminou em 7º lugar e somou 182 pontos no ranking mundial.  

Outros três brasileiros também lutaram nesta sexta, mas não avançaram em suas chaves. Yasmim Lima (52kg) chegou a vencer sua primeira luta, nas punições, contra Alexandra Pop, da Romênia, mas foi imobilizada nas oitavas-de-final por Amber Ryheul, da Bélgica.  

Allan Kuwabara (60kg) e Jéssica Lima (57kg) ficaram na primeira rodada, caindo para Roshvan Aliyev (AZE) e Jaeryeong Kim (KOR), respectivamente. 

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


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