segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Olimpíadas Escolares 2012: Aos 12 anos, jovem supera drama familiar e leva prata no judô


Quem olha a pequena Juliana não imagina a experiência de vida da menina de 12 anos fora dos tatames. A mãe é faxineira durante o dia e ainda trabalha em um abatedouro de galinhas à noite, enquanto o pai é ajudante de pedreiro. Quem cuida das dez crianças da casa, entre irmãos e primos, em uma comunidade carente de Vila Graúna, no Espírito Santo, é a adolescente. Além das tarefas de dona de casa, a estudante do colégio Terfina Rocha Ferreira, de Cariacica, nos Espírito Santo, participa de um projeto social de lutas pela manhã e estuda à tarde.

Apesar de estar há apenas um ano no judô, a jovem já é considerada uma promessa na modalidade no estado. Na etapa nacional das Olimpíadas Escolares, de 12 a 14 anos, ela conquistou o segundo lugar no pódio pela categoria superligeiro (- 36kg).

- Eu não me importo de cuidar das crianças, a minha mãe trabalha o dia todo, ela faxina e mata galinha, e sempre me apoia em tudo. Quero seguir a minha carreira no judô para ter um futuro melhor e ajudar a minha família. Um dia, quero ser uma grande atleta, o esporte é muito importante na minha vida.

Antes de dar os primeiros passos na modalidade, Juliana nunca tinha saído da sua cidade, andado de avião e nem mesmo entrado dentro de um elevador. A primeira experiência com o mundo novo aconteceu no ano passado, no Campeonato Brasileiro Sub-15, no Rio Grande do Sul, quando sagrou-se campeã na sua categoria.

- Fiquei morrendo de medo quando entrei no avião, deu uma coisa na barriga na hora que ele levantou voo, mas foi muito legal. Fiquei na janela e consegui ver a vista lá de cima. Nunca tinha ido para um hotel também – comentou.

O talento da menina-prodígio tem sido lapidado pelo técnico e professor de educação física Francis Ney, idealizador do projeto “Waza Lutas”, que tem como objetivo promover a inclusão social com crianças e adolescentes que vivem em áreas de risco na Grande Vitória.
Para evitar o contato com a marginalidade, os jovens são direcionados para lutas como judô, jiu-jítsu e luta olímpica. Cada um dos oito pólos têm cerca de 120 atletas – ao todo, a iniciativa contempla 960 crianças e adolescentes de cinco e 14 anos.

- O desafio da Juliana é não perder o foco por todas as questões familiares que ela tem. Eu tento levá-la para a minha casa pelo menos uma vez por mês, para passar uma semana. Assim ela fica totalmente concentrada no judô e esquece as responsabilidades do dia a dia. Ela é uma pedra preciosa e pode ter um futuro brilhante, por isso, eu arco com todas as despesas dela, como transporte, alimentação e academia. Aposto muito nela e a mãe também a apoia em todas as atividades – contou o treinador, que após muitas rifas, conseguiu abrir uma empresa de eventos para bancar os custos do projeto.

Francis comparou a história de Juliana com a da atleta olímpica Rafaela Silva, revelada no Instituto Reação, uma ONG sem fins lucrativos que tem como finalidade o desenvolvimento humano e a inclusão social em comunidades carentes do Rio de Janeiro, como Rocinha (São Conrado), Pequena Cruzada (Lagoa), Cidade de Deus (Jacarepaguá) e Tubiacanga (Ilha do Governador).

Por: Ana Carolina Fontes - Globoesporte
Foto:Ana Carolina Fontes

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