terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ouro de Aurélio Miguel em Seul, primeiro do judô brasileiro em Jogos Olímpicos, completa 25 anos


O dia 30 de setembro está marcado na história do judô brasileiro. Há 25 anos Aurélio Miguel vencia Marc Meiling da Alemanha Ocidental na decisão da categoria meio pesado (95kg) em Seul e conquistava a primeira medalha de ouro do judô brasileiro em Jogos Olímpicos. Na campanha passou ainda por Dennis Stewart (GBR), Bjarni Fridriksson (ISL), Juri Fazi (ITA) e Jiri Sosna (TCH).


“Como atleta, pra mim era um sonho buscar uma medalha em uma Olimpíada”, disse.

E conseguiu muito mais. No final da década de 90 foi eleito pela Federação Internacional de Judô como um dos 50 melhores judocas da história do esporte. Também foi eleito o maior judoca das Américas no século 20. E em 2013, entrou pro Hall da Fama do Judô ao lado de outros 20 nomes, entre eles Jigoro Kano, Anton Geesink, Charles Palmer, Ryoko Tani, Ingrid Berghmans, David Douillet  e Jean-Luc Rouge.

Uma vitória histórica e heróica em uma época em que o judô brasileiro não estava estruturado e os resultados dependiam basicamente dos grandes talentos individuais. E essa também foi uma das grandes lutas de Aurélio.

“O Aurélio foi o nosso grande líder nessa questão e tenho certeza que os frutos que os atletas colhem hoje, foram plantados naquela época”, disse Rogério Sampaio.

Aurélio Fernandez Miguel começou cedo no judô. Com problemas respiratórios, por orientação médica, seus pais, espanhóis de Barcelona, buscaram uma atividade física para minimizar a doença. Escolheram o judô e o matricularam no São Paulo Futebol Clube. Tinha pouco mais de quatro anos e alguns meses mais tarde passou a treinar na Academia da Vila Sônia com seu primeiro mestre, sensei Massao Shinohara.

“No dia da competição eu não estava em casa, estava na casa do Aurélio com o pai dele assistindo pela televisão. Então, eu gritei: Agora! Daí ele aplicou o golpe que nunca aplicou. Eu fiz o gesto do seoi-nague que eu ensinava pra ele e ele ficou em vantagem. Daí o pai dele falou pra mim: Será que ele escutou? Escutar não escutou mas o espírito passa”, disse o sensei Massao Shinohara.

A disciplina do judô aliada ao rigor do pai catalão e o talento fez com que Aurélio e seu irmão mais velho Carlos Augusto fossem ganhando gosto pelo judô. Não sem antes enfrentarem períodos de dúvidas e medos. “Eu não gostava de competir”, revelou Aurélio. Mas em 1972, aos oito anos de idade, Aurélio ganhou seu primeiro título: campão pré-mirim do Torneio Budokan. Começava a mais completa galeria de títulos de um judoca brasileiro até hoje. O atleta adquiriu o gosto pelos combates e unindo determinação, disciplina técnica e tática e uma incrível dedicação aos treinos foi se tornando um judoca altamente competitivo.

O primeiro título internacional de Aurélio Miguel é de 1982, quando ele conquistou medalha de prata por equipes do Mundial Universitário. Em 83, Aurélio sagrou-se campeão Mundial Júnior em Porto Rico e só subiu ao pódio porque os próprios companheiros da seleção gravaram o hino nacional às pressas porque a organização não tinha. 

Em 1984, foi cortado da seleção em Los Angeles por motivos políticos. A partir de então, “descobriu” o Circuito Europeu e passou a viajar sozinho por meses a procura de treinamentos fortes e competições na Europa e Ásia. Durante a carreira, esteve 25 vezes no Japão para períodos de treinamentos intensos e competições.

Um ano após uma cirurgia no ombro em 1986, Aurélio Miguel terminou o Mundial de Essen (1987, Alemanha) em terceiro. Mas o melhor aconteceria no ano seguinte com a medalha de ouro entre os meio-pesados dos Jogos de Seul- 88. Foi o único medalhista de ouro do Brasil e da América do Sul naquela edição dos Jogos. Com uma baixa estatura para a categoria meio-pesado (95kg), tinha no preparo físico uma de suas principais armas para derrotar os gigantes europeus. Em reportagens de jornais estrangeiros chegaram a dizer que ele tinha dois corações.

“O que fez do Aurélio um cara diferente é que ele não se contentou com o ouro em 88. Ele continuou treinando forte, continuou competindo, continuou se desenvolvendo. Foi essa não acomodação que o fez ser o atleta que ele é hoje”, disse Wagner Castropil, atleta olímpico em Barcelona 82 e ex-médico da CBJ.

Em 1989, junto com outros atletas rompeu com a CBJ contra o autoritarismo dos dirigentes. Só voltou no começo de 1992, após acordo. Recebeu a honra de ser o porta-bandeira do Brasil nos Jogos de Barcelona 1992 que consagraria o segundo campeão olímpico brasileiro, Rogério Sampaio. Sem treinar bem e sofrendo com contusões, Aurélio Miguel não foi bem.

Em 1993 o judoca foi vice-campeão mundial em Hamilton (CAN), medalha que repetiria quatro anos depois em Paris. Antes disso, nas Olimpíadas de Atlanta 96, ganhou o bronze, sua segunda medalha olímpica. Depois de Paris, contusões impediram que ele se preparasse melhor para entrar para a seleção que foi a Sydney-2000 e em 2001 encerrou sua carreira.

"O Aurélio é não apenas um campeão nos tatames mas também um campeão na vida por tudo que fez pelo esporte", disse Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ.

Foto original de Pedro Martinelli, retirada do site clickrbs.com.br

Com informações dos sites www.aureliomiguel.com.br e www.seul25anos.com.br 


Por: Assessoria de Imprensa da CBJ 

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