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quarta-feira, 21 de junho de 2017

Falando de Judô com Fernando Ikeda: Judô e a Vida em Sociedade


O Judô não é apenas uma arte marcial, mas um princípio básico do comportamento humano. A aplicação deste princípio na defesa contra ataques ou como educação física em randori no dojo é apenas um aspecto do judô – é um erro supor que o judô termine no dojo.
(Jigoro Kano)

O Judô foi elaborado pelo prof. Jigoro Kano objetivando não apenas a aptidão física. A proposta do prof. Jigoro Kano era uma prática a qual estivesse além do treinamento e aquisição de técnicas voltadas, apenas, para a luta e o combate, trata-se, portanto, de uma prática complexa e muito rica com o caráter universal. Em outras palavras, o Judô é o princípio o qual pode ser aplicado em todas as áreas da vida humana.
O sentido do Judô está muito além de sua tradução “caminho suave”, deve ser compreendido como o caminho para o melhor uso da energia mental e física praticados para o bem da sociedade. Para nortear, duas bases filosóficas são de suma importância:Seiryoku Zenyo e Jita Kyoei. A primeira é uma forma abreviada de seiryokusaizenkatsuyo (o melhor uso da energia), o termo Seiryoku é conceituado como energia mental e física, portanto representa o uso eficiente das energias mental e física para atingir um determinado objetivo (KANO, 2005). Já o Jita Kyoeirepresenta a ação conjunta entre indivíduos para atingir uma determinada meta, abandonando os interesses particulares em prol de um bem comum (IKEDA, 2014).
Pensar nas bases isoladamente é um erro, pois ambas são interdependentes. A mutualidade entre elas é uma consequência da vida em sociedade, aplicar o Seiryoku zenyo sozinho é simples, pois o plano de ação depende unicamente de uma pessoa. Já em um grupo o Jita Kyoei é abase que conjuga os indivíduos para de forma harmoniosa atingir os objetivos comuns. Em outras palavras, neste caso, o Jita Kyoei garante a aplicação do Seiryoku Zenyo, isto é justificado por dois aspectos promovidos pelo Jita Kyoei: (a) pensar e agir em conjunto, evita discussões desnecessárias, intrigas ou qualquer outra forma de desperdício de energia; (b) pessoas diferentes têm habilidades diferentes, saber detectar e aproveitar os pontos fortes de cada um suprem as deficiências e acentuam as qualidades, em suma o grupo agirá como se fosse uma única pessoa.
Se Seiryoku zenyo e o Jita Kyoei forem implementados, a sociedade progredirá e se desenvolverá naturalmente, e cada membro atingirá os resultados que deseja para si (KANO, 2005).
O judô não é o que muitas pessoas acreditam que ele seja; isto é, o judô é mais do que uma arte de luta praticada no dojo. O significado básico do judô é muito diferente; é universal e profundo.
(Jigoro Kano)

Bibliografia

IKEDA Fernando Falando de Judô [Online] // Boletim Osotogari. - 2014. - http://www.boletimosotogari.com/2014/03/falando-de-judo-com-fernando-ikeda.html.

KANO Jigoro Mind over Muscle - Writings from the Founder of Judô [Livro]. - Tokyo : Kodansha International, 2005.

sábado, 16 de agosto de 2014

Judô Infantil: O primeiro contado da criança com o tatame.


Observamos uma grande adesão de crianças em iniciar à prática do Judô e o quão precoce isso acontece.  Não é algo incomum, crianças de quatro anos vestindo judogui e realizando seu treino junto aos colegas, após uma longa jornada em sua Escola. No entanto, acerca dessa adesão surge um questionamento: É o Judô adequado para o desenvolvimento da Criança?

Quando pensamos no Judô vemos, que ele é cercado de uma forte influência da cultura japonesa, onde se preconiza o respeito, a colaboração e a disciplina, elementos esses muito bem conhecidos pelos praticantes e recitados como um mantra. São esses elementos que têm atraído os pais em matricular seus filhos nas aulas de Judô, na expectativa de conciliar o “útil ao agradável”, pois além de seus filhos realizarem uma atividade física, onde a criança está se beneficiando de todas as vantagens, como por exemplo: o combate ao sedentarismo, à criança em contato com os valores elencados anteriormente e na expectativa dos pais, ver seus filhos interiorizarem esses elementos.  Portanto, estamos à primeira vista, de frente à modalidade esportiva ideal, onde temos a aliança dos benefícios da atividade física e a interiorização de valores. 

É fato, que o mestre Jigoro Kano quando postulou os principais objetivos do Judô preconizou a ideia de promover tanto o desenvolvimento físico quanto espiritual e por esse último entenda, de maneira simplificada, como exemplos os valores elencados anteriormente, sendo assim, a preocupação do Judô é a formação integral do indivíduo. No entanto, somente teremos os benefícios propostos pelo Judô quando esse é praticado de maneira adequada e, quando nos referimos à prática da modalidade por crianças é necessário uma “modulação”, observando às necessidades inerentes ao universo infantil e não apenas à expectativa dos pais. Portanto, o foco principal deve ser a criança. Isso torna um grande desafio àquele que ensina Judô, que sob essa ótica deverá ter tanto o conhecimento oriundo das bases do Judô, bem como subsídios para compreender esse período tão importante denominado infância. Sobre a dimensão temporal do contato da criança com o esporte, em especial o Judô, Tani (2001) elenca dois problemas: a iniciação e a especialização. No tocante à iniciação, o autor a descreve como o primeiro contato da criança com a modalidade e, quanto à especialização, a escolha de uma determinada modalidade a qual a criança pretende se especializar e concentrar todos os seus esforços. O autor ainda alerta, que ambas devem ocorrer em um momento adequado, mas infelizmente ocorrem com frequência de maneira precoce. A inserção da criança, em qualquer modalidade deve-se ponderar às demandas que a modalidade exige e, a compatibilidade com o período do desenvolvimento da criança.

Em resposta à questão exposta anteriormente, podemos dizer que o Judô contém elementos que auxiliam no desenvolvimento integral da criança, relacionando com os valores de cooperação, disciplina e respeito. Percebemos que a colaboração está diretamente ligada ao progresso mútuo, como ao treinar randori. Por mais que um dos alunos tenha mais habilidade que o outro, o professor explica que a ajuda do menos habilidoso é a possibilidade de ter “alguém” para treinar. Ao passo, que o mais habilidoso promove o progresso do menos, que procurará equiparar às suas habilidades. Além das bases filosóficas, o Judô contribui com um forte formalismo, seja ao executar os cumprimentos, a etiqueta ao adentrar no tatame, a vestimenta, etc. Tais formalismos são pontos que caracterizam o Judô. Para que o Judô se torne uma “modalidade ideal” é vital que o professor além de deter os conhecimentos pertinentes ao universo do Judô é necessário observar o grau de exigência, com o período do desenvolvimento infantil e, assim teremos em longo prazo Judocas condizentes ao proposto pelo mestre Jigoro Kano.

Referência: 
TANI, G. A Criança o Esporte: Implicações da iniciação esportiva precoce. In. R.J. Krebs; F. Copetti; M.R. Roso, M.S. Kroeff e P.H. Souza. “Desenvolvimento infantil em contexto – Livro do ano da Sociedade Internacional para Estudos da Criança. Florianópolis: Editora UDESC, p. 101-113, 2001. 

Por: Fernando Ikeda

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