segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Minas Gerais: Paratleta de Juiz de Fora está perto da seleção brasileira de judô

Isabele é treinada pelo mestre Marco Túlio na Cepam e sonha alto no esporte 
(Foto: Arquivo pessoal)

“É uma menina muito doce, exemplar, com um coração de ouro”. É dessa forma que o sensei do Centro de Estudos e Prática de Artes Marciais (Cepam), Marco Túlio Hungria, define a paratleta Isabele Gomes, de 14 anos. A garota, que nasceu com toxoplasmose e sem a visão do olho esquerdo, transformou a adversidade em força motriz para trilhar sua jornada no esporte. Os tatames tornaram-se o local onde a atleta, mesmo diante da limitação, encontrou coragem para enfrentar seus limites. No último mês, a juiz-forana se sagrou campeã da Super Etapa da Associação Brasileira de Judô Inclusivo (ABJI), no Rio de Janeiro, e já tem seu foco traçado para 2024.

Superação

A história de Isabele com o esporte começou cedo, aos 7 anos. Antes disso, quando tinha 4, ela foi diagnosticada com toxoplasmose. Sua mãe, Angélica Gomes, conta que levou a filha ao médico porque percebia que ela caía e esbarrava em objetos frequentemente. Foi constatado, então, que ela nasceu sem a visão do olho esquerdo por causa da doença. “Decidi colocar ela para praticar esporte porque percebi que era algo que trazia calma para ela, já que era uma criança muito agitada”.

Desde então, Isabele lutava judô olímpico, modalidade destinada às pessoas sem deficiência. Entretanto, no início deste ano, um pouco depois de começar a treinar no Cepam, Isabele teve uma infecção grave no olho direito, causada pela toxoplasmose. “Ela poderia ter perdido a visão do único olho bom. Ficou um mês sem treinar até os medicamentos começarem a fazer efeito. Minha filha chorava muito por não poder competir”, relembra Angélica.

Mesmo nessa situação, a atleta disputou os Jogos Escolares de Minas Gerais (Jemg). Após se recuperar, o sensei Marco Túlio conversou com a família e viu que o melhor a se fazer era adaptar os treinos e inseri-la no judô paralímpico, para pessoas com deficiência. “A Isabele sempre foi muito receptiva nas aulas, pegava com facilidade os golpes e contragolpes. Ela não conseguia ver a pessoa, então comecei a falar para ela sentir a pessoa e o movimento, para não ficar travada”, relata o professor. 

Os treinos da garota são feitos com vendas ou tampões nos olhos, para, cada vez mais, conseguir antecipar os movimentos das adversárias. “A Isabele tem um futuro brilhante pela frente. Ela luta no olímpico, mas vamos focar no paralímpico, porque, realmente, tem um grande potencial”, frisa.

No final de novembro, a menina venceu a Super Etapa da ABJI, na modalidade judô inclusivo – que reúne, além de pessoas com deficiência visual, atletas com deficiência intelectual e física, além de lutadores que tenham autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDH) e Síndrome de Down. Também neste ano, ela foi ouro nos Jogos Intercolegiais. “Me sinto muito realizada em alcançar meus objetivos e honrada por representar minha cidade com aquilo que sei fazer de melhor”, declara Isabele.

Conforme conta o sensei, a judoca pode, em breve, representar a seleção brasileira paralímpica. “Alguns representantes me falaram que ela tem uma boa chance. Ano que vem já deve despontar e conseguir uma vaga. Vislumbro um caminho muito legal, levarei a Isabele para treinar no Instituto Benjamin Constant, no Rio, que é uma referência. Vou proporcionar todos os caminhos que puder”, afirma. Essa possível convocação é o sonho da garota. “Meu próximo passo é seguir as competições para poder chegar mais longe e quem sabe um dia participar das Paralimpíadas”, mira.

Sempre ao lado, está a mãe Angélica. “O que eu mais quero é ver ela feliz e o brilho nos olhos toda vez que tem uma competição. Me enche de orgulho, não tem palavras para descrever. Só quero que ela conquiste o sonho dela, apoiarei em tudo para que ela alcance os objetivos”, promete.

Busca por patrocínio

Para poder participar de mais torneios, Isabele busca ajuda financeira. Na visão de seu treinador, o talento da adolescente só será totalmente aproveitado se houver apoio. “É aquela questão do esporte no Brasil. Ela precisa muito de apoio, de uma empresa que queira estar junto. São viagens longas, como para Pernambuco e Paraíba, e, em breve, destinos internacionais. Com isso, ela seria a primeira paratleta juiz-forana a representar o Brasil no judô”, afirma Marco Túlio, que disponibiliza o contato 32 98850-8550 para os interessados em patrocinar a lutadora.


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