domingo, 28 de novembro de 2010

Entrevista: Malu Pontes

Quem acompanhou as transmissões ao vivo no Campeonato Brasileiro de Veteranos e no Torneio Beneméritos do Judô do Brasil, notou que durante as transmissões foram incluídas muitas entrevistas com atletas, árbitros e dirigentes do judô. A repórter que realizou as entrevistas é uma judoca nidan, competidora e jornalista! Nascida Maria Lucia Gomide Pontes, mas conhecida no nosso meio e no meio jornalístico como Malu Pontes. Aos 33 anos essa judoca veterana da classe M1, competidora, inclusive na classe sênior, iniciou no judô aos 11 anos de idade, depois de experimentar diversos esportes (ginástica, natação, vôlei, patinação). Uma "eterna insatisfeita", não gostou de nenhuma das modalidades e pediu para seu pai para fazer aulas de judô junto com seu irmão. Mesmo não concordando, depois de tanto insistir, seu pai atendeu seu pedido. E desde então, Malu não parou mais.

Começou a competir aos 13 anos. Gostava daquele clima: Ficava nervosa, ansiosa, mas gostava e continuou treinando. Ficou 8 anos no Centro Olímpico, depois foi treinar com os senseis Niitsuma e Jairo, na Shoorikan Niitsuma (zona sul), onde disse que aprendeu muito nos dez anos que permaneceu lá. Em 2010 transferiu-se para o MESC, para representar o clube nas competições de kata. Lá, ela treina bastante com o sensei Anderson Xuxu e com o sensei Kenzo Matsuda, um verdadeiro mestre do kata, formado pela Kodokan (Japão) e afirma que gosta muito desse treino. Malu ainda tem como preparadores físicos Renato Garcia e Francisco Silva.

Principais Títulos:
Campeã mundial em nage-no-kata;
Tri-campeã mundial master;
Bi-campeã sulamericana;
Bi-campeã brasileira master.

B.O.: Sua última competição foi o campeonato Brasileiro de Veteranos 2010, realizado em São Bernardo do Campo no dia 14 de novembro. Uma lesão no tornozelo comprometeu seu desempenho. Mesmo machucada, fez questão de participar. Explique-nos essa motivação que vemos em todos os judocas da classe master (veteranos), a ponto de, mesmo lesionado, colocar umas bandagens no local e participar da competição.
Malu: Engraçado, né? Lutei o ano todo e não me machuquei... aí fui numa cama elástica, daquelas de trampolim acrobático, e tive uma torção feia no tornozelo. Estava com passagem comprada para o Sulamericano, tudo certo... mas acabei indo só pra assistir. No Brasileiro, ainda tinha muita dor, mas quis lutar com algumas ataduras... não deu muito certo, acabei em terceiro lugar, porque não tinha firmeza pra pisar e aí não tem golpe que saia... (risos)
Eu gosto muito do clima de competição, é duro ficar de fora e sentir aquela adrenalina que só os competidores conhecem...

B.O.: Este ano, quais competições você participou? Recebe alguma ajuda de custo? É patrocinada?
Malu: Lutei os jogos regionais e abertos, porque a Josiane Falco, que representa o MESC no peso leve, estava machucada. Fiz o Kata nos Jogos e ficamos com o bronze, foi o primeiro ano com a minha parceira; então julgo que, pra poucos meses de treino, foi um bom resultado.
A minha competição mais importante foi o Mundial Master no Canadá, onde ganhei o ouro pelo terceiro ano consecutivo no peso até 57kg e bronze no Absoluto. Foram 6 lutas e 5 ippons. Lá fora, quem luta master, ainda luta o sênior - é como as coisas estão ficando por aqui.
Tenho apoio da Academia Única (Moema), dos Kimonos Dragão, da Rádio Mix, da Splunk, Piraquê e Savixx.

B.O.: Como você vê o desenvolvimento da classe de veteranos no judô e o que você sugere para melhorar ainda mais a classe?
Malu: É como eu disse, cada vez mais vemos os atletas do sênior lutando o Master (veteranos), o que antes não acontecia, era uma competição um pouco discriminada. O pessoal fala "ah, master é fácil"... hoje, por exemplo, no brasileiro master, 4 atletas da minha chave lutaram, no dia anterior, no paulista sênior. Duro, não? (risos)

B.O.: Como é sua preparação para as competições? Como você administra seu tempo entre o trabalho, sua filha e o judô?
Malu: Nas épocas de preparação pra competições importantes, faço um treino físico de manhã, levo minha filha pra escola e vou trabalhar na Mix. Saio, pego a Victoria na escola e vamos para o judô. Esta é a rotina básica. Algumas vezes, se ela está cansada ou não está bem, aí dou prioridade a ela e vamos pra casa. Outras vezes dou prioridade aos treinos e vou treinar no Projeto Futuro ou no Pinheiros, sem ela por perto. É uma rotina puxada, cansativa, mas eu não troco isso por nada, gosto do meu dia-a-dia.

B.O.: O que você costuma fazer quando não está treinando, competindo ou trabalhando?
Malu: Amo receber as pessoas na minha casa, que vira o 'melhor alojamento do mundo', como meus amigos dizem. Como moro sozinha com minha filha, adoro receber os amigos. Tenho 22 anos no judô e neste esporte tenho as pessoas que considero, de verdade, a minha família, como as judocas Paula Gabriel (minha irmã) e Karina, do RJ, o Jacaré e o Vinícius 'Baiano', duas feras do judô que lutam por São José dos Campos; o Xuxu (meu irmão), a Fernanda Pellegrini, o Maurício (meu ortopedista e muito amigo) e o Jairo (meu eterno sensei)... olha, esse convívio não tem preço, sério. Somos uma família, nos ajudamos em qualquer situação.

B.O.: Agora você está integrando a equipe de divulgação da Federação Paulista de Judô, realizando com muita desenvoltura as entrevistas ao vivo durante as transmissões pela internet. Como você está vendo esse projeto, visto que você, além de uma repórter experiente, também é judoca e sabe exatamente o que fazer ali, ao vivo?
Malu: Eu acho muito fácil falar de judô e também estar na frente de uma câmera, porque sou jornalista há 12 anos. Sei que este projeto vai dar muito certo, porque todas as competições importantes serão transmitidas ao vivo, com entrevistas, comentários da galera pelo twitter, é um trabalho realmente muito bem feito. Eu fico muito feliz de ter sido convidada pelo sensei Alessandro Puglia (vice-presidente da FPJ) pra fazer parte disso - a primeira apresentadora e repórter dos programas, que legal! (risos)

B.O.: Para encerrarmos nosso “Uchikomi”, por favor, deixe uma mensagem para os judocas, principalmente aos da classe madura (veteranos).
Malu: Acho que pra gostar de judô, treinar e competir não há idade. O corpo tem um limite, a cabeça não; então ainda que um dia a pessoa não queira mais lutar, quem gosta de judô vai sempre estar envolvido, seja ensinando, motivando ou torcendo pelos amigos. É assim que eu me vejo, esse é o espírito. O que ganhamos em termos de amizades verdadeiras vale muito mais do que qualquer medalha de ouro. Ganhar é muito bom, já SER UM VENCEDOR, em todos os sentidos, é muito melhor! Um beijo a todos!

Assista duas entrevistas realizadas por Malu Pontes no Campeonato Brasileiro de Veteranos 2010:




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