sábado, 3 de novembro de 2012

Aplicativo analisa o desempenho de atletas apontando melhorias


Bianca Miarka, ex-judoca, doutorando da USP e idealizadora do Frami

As contribuições da inovação podem estar em toda a parte, desde as pequenas melhorias em rotinas da vida cotidiana a novos produtos e serviços de segmentos da economia, passando, inclusive, por soluções em performances esportivas. Esses projetos inovadores já são realidade, inclusive para alguns atletas que se preparam para a Olimpíada de 2016.

A inovação pode ser aquele empurrãozinho a mais nos resultados de alguns judocas brasileiros, que têm a colaboração de um software, o Frami, capaz de analisar uma luta, criando um banco de dados de movimentos e pontuações de cada atleta. Com isso, o programa ajuda os treinadores a definirem suas estratégias de treinamento.

À frente do projeto, a doutoranda da Universidade de São Paulo (USP) Bianca Miarka explica que desenvolveu o aplicativo ainda durante o mestrado, com a proposta de realizar coleta de dados já para o doutorado: “Mas acabei utilizando para outros fins, como dar assistência a atletas de competição, aplicando as análises para melhorar e corrigir as ações de combate do atleta”.

O projeto de inovações teve como meta desenvolver um software capaz de beneficiar tanto atletas em formação, quanto atletas de alto rendimento no judô. O objetivo foi possibilitar a realização de análises de performance técnico-táticas, já que, de acordo com especialistas, o sucesso de ações em confrontos está vinculado ao uso de equipamentos que permitam o conhecimento dos resultados das ações desempenhadas durante as competições.

O Frami durante a captação das imagens em vídeo para posterior análise
O software oferece auxílio em análise notacional e de time-motion. Esses tipos de análises buscam observar como os adversários lutam e, a partir disso, torna-se possível dizer seus principais golpes, tipos de pegada, ou domínio sobre o oponente, apontando inclusive seus pontos fracos, de que maneira é possível pontuar e em quais momentos isso é viável.

“Para formar atletas de alto rendimento é essencial o desenvolvimento de tecnologias que aumentem a eficácia dos treinos, possibilitando simulações efetivas das situações competitivas”, explica Bianca. Ela acrescenta que hoje, no país, embora o judô tenha mais de dois milhões de praticantes e seja um dos esportes com maior número de medalhas olímpicas da nossa história, a intervenção apropriada nos treinamentos e estratégias dessa luta ainda é limitada pela falta de softwares capazes de realizar observações sobre o esforço específico requerido e que sejam aptos a retratar o plano estratégico escolhido pelos atletas, mediante as demandas táticas da luta.

Um exemplo do uso de programas para análise de combates se dá junto a alguns atletas da seleção olímpica de judô. Bianca prestou assistência a três dos melhores atletas ranqueados para os Jogos Olímpicos de Londres 2012: Thiago Camilo, Leandro Guilheiro e Rafael Silva, que conquistou o pódio em sua primeira participação em jogos. Os três são medalhistas em Olimpíada e estão entre os dez melhores atletas do mundo na modalidade.

Ela acrescenta que essa assistência só foi possível porque o Frami é capaz de analisar as principais combinações utilizadas pelos oponentes, o que otimizou a elaboração de estratégias capazes de causar perturbação no adversário e contrapor os ataques realizados por esses atletas. “Já existem outros lutadores em busca das vagas olímpicas para 2016 que estão utilizando esse meio para conquistar a vitória em competições internacionais e, por isso, ficarem melhor ranqueados na modalidade”, comenta.

A motivação para desenvolver um software para o judô, claro, não foi gratuita. Bianca foi lutadora por 20 anos, o que a estimulou a estudar sobre estratégia de combate, uma vez que, diz ela, ainda há poucos dados amigáveis sobre o tema. “Na época em que eu treinava, não havia um software capaz de realizar boas análises, por isso desenvolvi um”, justifica.

Ainda que tenha sido desenvolvido com foco no judô, o Frami já está sendo adaptado para utilização em outros esportes de combate, como o taekwondo, karatê e o wrestling, mas com aplicação ainda restrita ao universo das academias.

Foto: Divulgação

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