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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Entrevista: Katherine Campos

Às vésperas de estrear no Pan-Americano de Guadalara, Katherine Stephanie Campos de Moraes, com muita simpatia, nos concedeu essa entrevista no dia 16 de outubro e caprichosamente deixamos para publicá-la hoje, 19 de outubro, para comemorar com ela o seu aniversário. Hoje Katherine completa 23 anos!

Natural de Recife - PE, Katherine treina judô desde muito cedo, e aos 13 anos, ainda em Recife, já competia em sul-americanos e pan-americano com a seleção de base, até chegar à classe sênior.

Em Recife, treinou na Associação Nagai e na Academia Clayton Alves. Quando concluiu o ensino médio, mudou-se para São Paulo, onde integrou a equipe do E.C. Pinheiros por um ano. Depois foi para o Rio de Janeiro integrar a equipe da Universidade Gama Filho, posteriormente a Universidade Castelo Branco e Clube de Regatas Flamengo, seu atual clube.

Para ela o judô sempre fez parte de sua vida. A ajudou muito na parte de disciplina, respeito e responsabilidade. Aprendeu a superar e nunca desistir. O judô também lhe proporcionou oportunidades nos estudos, recebendo bolsas nos colégios e faculdades. Nas viagens que realizou conheceu outros povos e novas culturas. E as verdadeiras amizades que fez através do judô. Segundo Katherine, isso tudo ela levará para o resto da vida!

Até o final do ano passado, lutava na categoria -57kg, mas decidiu subir de categoria e lutou a seletiva para seleção brasileira no -63kg. Ganhou as duas seletivas e entrou para seleção sênior nesse peso! Em junho começou a competir internacionalmente a Copa do Mundo de São Paulo e Grand Slam do Rio de janeiro. E agora recebeu a convocação para os Jogos Pan-americanos de Guadalajara!

Cursando a faculdade, faixa preta shodan, Katherine tem como técnicos o professor André Silva e Rosicléia Campos e seu preparador físico é Marcus Albuquerque.

Principais Títulos: Campeã do Troféu do Brasil, Bi Campeã Brasileira Universitária, Penta Campeã Brasileira, Campeã Sul-americana e Bi Campeã Pan-americana.


B.O.: Como conheceu o judô, com que idade começou a treinar?
Katherine: Comecei com 4 anos, no Colégio Salesiano, com Sensei Tadao Nagai! Eu gostava de artes marciais e meus coleguinhas implicavam comigo no colégio, então minha mãe definiu me colocar no judô!

B.O.: Então sua mãe foi a incentivadora?
Katherine: Sim, minha mãe. Minha maior incentivadora até hoje.

B.O.: Quando despertou seu tino competitivo? Quando você sentiu que o judô já estava incorporado em sua vida?
Katherine: Eu nem sei definir quando isso aconteceu. O judô virou parte da minha vida desde cedo! E mesmo desde de pequena sempre adorei competir, lutar!

B.O.: Como é sua rotina e como concilia o esporte de alto rendimento com o seu dia a dia?
Katherine: Eu estudo pela manhã, faco meus treinos físicos no início da tarde. Duas vezes por semana existe um treino técnico e todos os dias à noite faço o treino de handori!

B.O.: Quando não está treinando ou competindo, o que gosta de fazer?
Katherine: Eu sou uma pessoa mais tranquila, adoro sair para comer e cinema!

B.O.: Nos conte alguma experiência no judô que você guarda na lembrança:
Katherine: Bom, eu tive várias experiencias como atleta, muitas competições importantes, mas nunca esqueço o momento em que eu conquistei meu primeiro Título Brasileiro! Eu ainda estava em Pernambuco, não tinha as condições de treino que muitos tinham em outros lugares e foi uma competição que ficou marcada com muita garra! Foi uma sensação muito boa, que lembro até hoje! Outro momento muito importante para mim foi no final de 2008! Eu fraturei meu braco num treinamento, uma semana antes do brasileiro e um mês antes da seletiva nacional. Eu fiquei triste, mas me dediquei muito na recuperação, e com exatos dois meses após a cirurgia, até surpreendendo os médicos, eu lutei um GP nacional! Lutei com muita vontade e fiquei muito feliz por não sentir dor e ter ajudado minha equipe! Foi uma espécie de marco para mim, um novo começo!

B.O.: Quais seus objetivos para o futuro?
Katherine: Minha meta agora é Guadalajara! Mas como todo atleta, sonho um dia lutar um Campeonato Mundial Sênior e Jogos Olimpicos!

B.O.: Que conselho você daria para os judocas que estão iniciando na modalidade e que queiram um dia chegar à seleção brasileira?
Katherine: Muita dedicação e determinação! E saber abdicar também, renunciar um pouco para poder colher bons frutos mais a frente. Eu acredito muito que aquele que sempre treina, que faz sua parte, um dia chega lá! O caminho muitas vezes parece difícil, e isso é verdade, mas aquele que não desiste nunca, vai alcançar suas metas, a sua hora acaba chegando!


Katherine gostaria de deixar registrado nesta entrevista uma mensagem de agradecimento:

"Eu gostaria de agradecer a Deus e a todos que sempre acreditam em mim, aos meus amigos, aos meu familiares, ao meu técnico André Silva e ao meu preparador físico Marcus Albuquerque, que estão comigo todos os dias, sempre acreditando, fazendo treinos extras e acrescentando sempre no meu judô! Me ajudam dentro e fora dos tatames, são muito mais do que treinadores, são amigos, pessoas nas quais confio e tenho enorme carinho! E um agradecimento especial à minha mãe, que sempre esteve me apoiando, acreditando muito e dando aquele suporte!"

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entrevista: Fabiane Hukuda.

Nascida em 1981 na cidade de Registro, a ex-atleta olímpica Fabiane Mayumi Hukuda, hoje, senhora Fabiane Mayumi Hukuda Strubreiter, começou a treinar judô aos sete anos de idade quando então já morava na cidade de São Vicente, litoral paulista, em 1989. Vendo que a jovem garota tinha aptidão pela modalidade, em 1992 seus pais a transferiram para Santos, cidade vizinha, em busca de melhores condições de treinamento naquela época. E eles estavam certos: Em 1996 foi jovem revelação aos 14 anos ao vencer a 1ª Seletiva Olímpica de Atlanta.

A partir de 1996 começou sua carreira na seleção Brasileira onde conquistou vários títulos internacionais. No ano de 2000, aos 19 anos, entrou para história do Judô Nacional, tornou-se a primeira mulher brasileira campeã Mundial de Judô. Representou a seleção Brasileira de Judô durante 10 anos, casou-se em 2006 com o austríaco Hans Peter Strubreiter, ex-atleta da seleção austríaca de Judô e ex-massoterapeuta do Comitê Olímpico Austríaco . Naturalizou-se austríaca em 2006 e foi titular da seleção austríaca até 2009.

Durante toda sua carreira, Fabiane passou por vários clubes e teve como técnicos Mauro Arasaki (1992-1996), Floriano Almeida (1996-2000), Ney Wilson/Jomar Carneiro/Jucinei (2000-2001) Floriano Almeida (2001-2006), Hubert Rohrauer-AUT /Marko Spitka-GER/Bela Riez-HUN/Udo Quellmanz-GER/Willi Reizeldorfer-AUT/Klaus Stollberger-GER/Eduardo Pires-BRA-RJ (2006-2009). Como preparadores físicos, Floriano Almeida (1996 a 2000), Floriano Almeida/Rauno Simola (2001-2006), Marcus Albuquerque-RJ (2000-2001 e 2008).

E defendeu várias cidades e clubes durante o período que competiu:
1989 a 1991 Esportivo Petrópolis São Vicente;
1992 a 1998 Clube de Regatas Vasco da Gama Santos;
1996 a 1999 1a atleta fem. a integrar o Projeto Futuro em SP;
1997 e 1998 Atleta da cidade de Santos nos Jogos Abertos;
1999 São Paulo Futebol Clube;
2000 e 2001 Clube de Regatas Vasco da Gama – Rio de Janeiro;
2001 a 2005 Minas Tênis Clube – Belo Horizonte;
2006 a 2010 Multikraft Wels- Áustria (atual);
2010 Academia Rogério Sampaio- Santos ( para lutar o Grand Prix por equipes).

E com tanta história, não poderiam faltar os resultados:

OLIMPÍADAS
Participação em Atenas 2004 como titular -52kg
Participação em Atlanta 1996 como reserva -48kg

MUNDIAL
Campeã Mundial Júnior Tunisia- 2000
Vice-campeã Mundial Júnior Colombia- 1998
5° lugar Mundial Júnior Portugal- 1996
5° lugar Mundial por Equipes Bielorússia- 1998
5° lugar Mundial Universitário China- 2001
5° lugar Mundial Universitário por equipes China- 2001
7° lugar Mundial Alemanha- 2001
9° lugar Mundial Rio- 2007

PANAMERICANO
Campeã Panamericana Júnior Venezuela 1998
Vice-Campeã Panamericana por equipes Isla Marguerita- 2004
3° lugar Jogos Panamericanos Canadá- 2001
3° lugar Jogos Panamericanos Santo-Domingo 2003
3° lugar Panamericano Isla Marguerita- 2004
3° lugar Panamericano Júnior Colombia- 1997
5° lugar Panamericano Porto Rico- 1996

SULAMERICANO
Campeã Sulamericana Rio- 1996
Campeã Sulamericana Rio- 2004
3° lugar Jogos Sulamericanos Equador- 1998

TORNEIOS E COPAS DO MUNDO
Campeã Torneio na Itália 2000
Vice-campeã Torneio na Itália 2000
Campeã da Copa do Mundo de Praga 2001
Campeã Swedish Open Suécia- 2006
Vice-campeã Tree Torri Itália- 2000
Vice-campeã Copa do Mundo de Viena Áustria - 2009
3° lugar Torneio de Fukuoka Japão- 2007
3° lugar Torneio de Brauschwein Alemanha - 2008

Campeã Austríaca 2008
Campeã Italiana 2004

Campeã Mineira
Duas vezes Campeã Carioca – 2000 e 2001
Sete vezes Campeã Paulista – 1992 à 1998
Dez vezes Campeã Regional – 1989 a 1998

JOGOS ABERTOS
Campeã individual representando SANTOS em 1997 cat. -57kg
Campeã por equipes em 1997
Campeã individual representando Santos em 1998 cat. -57kg
Vice- campeã por equipes

JOGOS REGIONAIS
Campeã individual representando Santos em 1998 cat. 57kg

B.O.: Como uma das pioneiras do judô de alto rendimento feminino no país, hoje você está participando das competições, junto com seu marido Peter, como uma empresária e não mais como uma competidora. Qual foi seu sentimento nessa transição, visto que você treinou forte durante muito tempo, inclusive até o ano passado para o Grand Prix por equipes?
Fabiane: Quando optei a deixar a seleção austríaca de Judô, um dos motivos foi a minha lesão labral nos ombros direito e esquerdo. Se eu fosse mais nova, ainda dava para encarar duas cirurgias para correr atrás do ranking... Mas foi uma difícil decisão.
Quando fiquei na Áustria sem o Judô, me sentia meio deprimida, uma porque eu não estava acostumada a rotina de ficar "sem treinar" e a partir daí me caiu a ficha "eu não sou mais da seleção nacional, sou uma pessoa normal agora". Minha vida tinha que mudar e eu queria estudar. Eu e meu marido deixamos a Áustria em 2009 para ficar perto da minha família em São Vicente-SP e decidi estudar massoterapia como o Peter.
Hoje sou massoterapeuta e tenho uma empresa de Importação de Kimonos e Tatames- a MHM SPORTS ( site: www.mhmsports.com.br ). Viajo para vender nos campeonatos com o Peter, pois sabemos que o atleta competidor precisa de material de qualidade e de acessórios que são vendidos apenas fora do Brasil. Na época que lutava, eu só comprava kimono importado em campeonatos internacionais, pois no Brasil era difícil encontrar. A vantagem da MHM SPORTS é que você recebe o kimono em casa e ainda pode pagar parcelado.
Ano passado no Grand Prix por equipes foi a minha despedida dos tatames no Brasil, e na Áustria lutei pelo meu clube também em um torneio por equipes para minha despedida por lá. Algumas cidades me convidaram para lutar os Jogos Abertos este ano, mas meu objetivo no judô nao é mais competir e sim ensinar tudo o que aprendi para meus alunos e descartar tudo o que errei como atleta.

B.O.: Como foi sua trajetória no judô, até chegar à seleção nacional? Você integrou a seleção durante quanto tempo? Quais foram suas companheiras na seleção?
Fabiane: Sempre gostei de treinar muito quando era pequena. Meu sonho era chegar nas Olimpíadas, como o Aurelio Miguel, que vi na tv lutando em Seul 1988. Aquela cena nao saía da minha cabeca. Quando eu tinha oportunidade e quando visava campeonatos, eu treinava os 2 horários: O das crianças e o horário dos adultos - 4 horas seguidas!
Participei da minha primeira seletiva em dez 1995 com 14 anos, era a seletiva Olímpica de Atlanta. Ganhei 11 lutas e garanti a vaga na selecao brasileira senior. Eu era juvenil e faixa roxa. Meu primeiro torneio internacional foi o Torneio de Paris, eu era a única faixa roxa do ginásio com mais de 10 mil torcedores. Após a seletiva fui convidada pelo Sensei Floriano Almeida a morar no Projeto Futuro, isso em 1996, junto com a atleta Luciana Ohi- fomos as primeiras integrantes do Judô feminino. Quebramos as barreiras e até hoje continua o Projeto Futuro Feminino.
Na minha época viajei muito com Andréia Berti, Tania Ferreira, Danielle Zangrando, Vania Ishii, Edinanci Silva, Priscila Marques.
Fiquei representando o Brasil até dezembro de 2005, me casei em jan/2006 e fui morar na Áustria sem a intenção de continuar com o Judô. Fui voltando a treinar lá em uma cidade chamada Linz, quando falaram em me naturalizar para poder voltar aos tatames. Os técnicos me apoiaram muito, tive o apoio do Peter que também era nosso massoterapeuta na seleção austríaca e quem mais me ajudou no Judô foi a atleta Sabrina Filzmoser- medalhista mundial e bi-campeã européia e a Claudia Heill ( in memorian)-vice campeã olímpica em 2004.

B.O.: Como era sua preparação para as competições? Como era sua periodização, preparação física, tática e técnica?
Fabiane: Era muito treino, mas na Áustria a rotina era um pouco diferente do Brasil. A gente viajava mais para treinos de campo, fazia treino duas vezes por ano no Japão, tínhamos treino de altitude, treinos técnicos específicos e o meu condicionamento físico melhorou muito por lá. Em compensação, lá não tínhamos muitos parceiros de treino como no Brasil, por isso a necessidade de viajar muito. Os randoris eram feitos apenas três vezes por semana, os outros treinos eram divididos em fisicos e treinos técnicos específicos.
Em 2008 estive me preparando no Rio com o Marcus Albuquerque e com o Eduardo Pires em uma época que o Hubert Horhrauer saiu da Seleção Austríaca e foi para seleção israelense, pois havia treinado com eles no Rio em 2000 e 2001 e eles me ajudaram muito fisicamente, voltei para Áustria muito explosiva e forte. Mas infelizmente não consegui me classificar para o ranking Olímpico de Pequim.
Antes das competições o treino era bem reduzido, apenas estímulos de velocidade bem curta, explosão e leves randoris para "soltar" golpes. Até mesmo no Naguekomi, na Áustria quem era da seleção apenas derrubava e era proibido de cair- evitando assim, micro lesões por quedas.
Um dia antes de competir, eu evitava treinar, fazer sauna ou correr para tirar peso, para entrar no dia da competição com o corpo "fresco" e não cansado do treino ou da corrida.

B.O.: Está fazendo algum trabalho com o judô? Está dando aulas? Onde?
Fabiane: Desde Janeiro de 2011 comecei a dar aulas no Vila Souza Atlético Clube- em Pitangueiras, no Guarujá-SP junto com o Sensei Leandro Bello. Nosso presidente do Clube o Sr. Luiz Martins é apaixonado por Basquete e Judô e tem incentivado muito a prática esportiva no clube. Também são aceitas inscrições de não-sócios. Nossos judocas podem iniciar a prática a partir de 4 anos de idade.

B.O.: Como você vê a evolução do judô e o que acha que ainda vai melhorar a curto, médio e longo prazo?
Fabiane: Na minha época a divulgação era muito difícil, a CBJ nao tinha patrocínio. Meus pais tiveram que investir muito em minhas viagens. Hoje no Brasil a realidade é outra, o investimento da CBJ chega até as categorias de Base, coisa que naquela época era impossível.
O Judô tem se profissionalizado muito no Brasil e acredito que após as Olimpíadas do Rio 2016 muita coisa ainda vai crescer e melhorar. O que ainda tem que melhorar na evolução dos atletas mais novos é a importância do cuidado do Corpo e a Mente, como por exemplo:
a importância na prevenção de lesões, os cuidados com a auto-medicação, saber fazer um aquecimento e alongamento adequado, fazer e respeitar os fortalecimentos musculares, saber determinar objetivos e como alcancá-los, aprender que o descanso faz parte do treino, conhecer sobre a importância na alimentação e hidratação. Tudo isso e um pouco mais está dentro da equipe Multidiciplinar que já é disponibilizada dentro dos grandes clubes nacionais e na CBJ.

B.O.: Para encerrarmos nosso “Uchikomi”, por favor, deixe uma mensagem para os judocas.
Fabiane: Invista também em prevenção, cuide de sua mente/corpo e de suas lesões. Uma lesão mal cuidada bloqueia grande parte da sua carreira, uma mente saudável e positiva supera muitas barreiras. "Mens sana in corpore sano". Boa sorte!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Entrevista: Sávio Santos

Conhecido como "Pimentinha", Sávio Almeida dos Santos, 12 anos, tem se destacado nas competições que tem participado. Morador da cidade de Santana, no Amapá, Sávio cursa e sexta série do primeiro grau, é faixa roxa e compete na classe sub 15 na categoria super ligeiro.

Começou a treinar judô com 6 anos, motivado pelo seu irmão Rodrigo e sua irmã Bianca, que treinavam em uma academia no ginásio de esportes de Santana, com orientação do Sensei Tayro Ribeiro. Posteriormente transferiu-se para o Clube de Judô Makoto, pra treinar com os professores Juvenal Viana e Antonio Viana, pois a academia ficava próximo à sua casa e possuia mais atletas. Com o fechamento da Makoto, passou a treinar no Clube de Judô Ronildo Nobre, mas esta academia ficava distante de sua casa.

Lá Sávio conheceu o sensei Ronildo Nobre, lider de uma equipe que vencia praticamente todas as competições do estado e todos os atletas do clube o tinham ele como um verdadeiro paizão. Antes de começar a treinar judô, Sávio não conhecia nem a capital do Estado e hoje já conheceu vários Estados do Brasil e também cidades no exterior. O Judô permitiu Sávio conhecer novas culturas e costumes, o que o deixa bastante motivado a continuar a carreira esportiva. Mas nem tudo foi um mar de rosas para esse garoto amapaense. Lendo a entrevista compreenderá o porque esse garoto é muito especial no cenário do judô.

Sávio tem hoje como treinador o professor Ronildo Nobre e seu preparador físico é o professor Ronan Nobre.

Principais Títulos:
Campeão Brasileiro, Campeão Panamericano, Vice Campeão Sul Americano.

B.O.: O seu vice-campeonato brasileiro e o vice campeonato sul americano foi uma conquista muito especial para você e um orgulho para nós que estamos acompanhando sua carreira esportiva mesmo de longe. Como foi conquistar essas duas importantes medalhas este ano?
Sávio: Em 2009 fui campeão brasileiro e panamericano e pretendia repetir o feito em 2010, mas, infelizmente com a morte trágica do meu pai quase abandonei o judô. Fiquei vários meses sem treinar. Se não fosse o meu sensei eu não teria retornado aos treinos, pois ele me deu muita força e me incentivou a voltar uma semana antes do Campeonato Brasileiro, onde consegui o vice campeonato, repetindo o resultado no sulamericano em Montevideo, praticamente sem treinar.

B.O.: Paga-se um preço muito alto por morar em um país continental. A distância de sua casa para os locais onde normalmente são realizadas as competições nacionais encarece demais para se manter no esporte. Você tem patrocinadores?
Sávio: No estado, ou melhor dizendo, nossos governantes não nos dão apoio necessário, mesmo com os títulos conquistados como o de campeão brasileiro e panamericano, tivemos que pedir ajuda na rua para que eu participasse de competições fora do estado.

B.O.: No pódio do campeonato brasileiro, é visível a diferença de tamanho de você e seus adversários. Conte-nos qual é o segredo do “Sávio Pimentinha” para vencer suas lutas?
Sávio: Treinar em uma academia onde você possa se sentir como se estivesse em casa com sua família, ter um professor que mais parece um pai do que sensei e é claro, ter dedicação, velocidade, disciplina e acima de tudo muita fé em Deus.

B.O.: Como é sua preparação para as competições?
Sávio: Treino dois períodos, no primeiro com atletas da minha idade e no segundo com os adultos, não existe campeão sem suar o kimono, pois o sensei diz que quem não luta pelas suas vitórias, não é digno de conquistá-las.

B.O.: E na escola, também está se saindo um campeão?
Sávio: Sim, apesar das viagens, faço de tudo para não deixar atrapalhar os estudos e sempre estou entre os melhores da classe.

B.O.: Sendo agora um atleta internacional, quais seus objetivos com o judô?
Sávio: Sonho com o pódio olímpico e poder um dia viver do judô e para o judô.

B.O.: Para encerrarmos nosso “Uchikomi”, por favor, deixe uma mensagem para os judocas.
Sávio: No Judô, assim como na vida, a queda faz parte do aprendizado. Levante-se e vá em frente, seja sempre um campeão.

domingo, 31 de outubro de 2010

Entrevista: Nathália Orpinelli Mercadante

Para esta semana, nossa entrevista "Uchikomi" será com a judoca Nathália Orpinelli Mercadante.
Filha do professor Marcos Elias Mercadante, Nathália, 15 anos, cursa a primeira série do ensino médio, é faixa marrom da classe sub 17, categoria -44 kg e hoje integra a seleção nacional sub 17 e defende o país em várias competições no exterior, conquistando títulos importantes. Mas além de competir em sua classe, conquistou alguns títulos este ano nas classes superiores (sub 20 e sub 23).
Toda essa disposição e talento com o judô se justifica pelo fato de ter crescido dentro do dojô. Começou a treinar muito cedo, por conta dos pais judocas, e a competir também.

Nathália é treinada pelo pai, Marcos, e tem como preparador físico José Olívio Junior. Defende a Associação Mercadante de Judô de Araras.

Principais Títulos:
  • Campeã da Seletiva do Pan Americano Sub 17 2010;
  • Campeã do Torneio Internacional da Alemanha Sub 17 2010;
  • Tetra-campeã Pan Americana 2006, 2007, 2008 e 2010;
  • Tri-campeã do US Open 2007, 2008 e 2009;
  • Campeã Sul Americana 2006;
  • Campeã do Troféu Brasil 2010;
  • Tetra-campeã Brasileira 2006, 2007, 2008 e 2010;
  • Hexa-campeã Paulista 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010 Sub 17 e Sub 20;
  • Campeã da Copa Revelação 2010;
  • Tri-campeã Paulista Estudantil 2008, 2009 e 2010;
  • Campeã dos Jogos Sul-americanos Escolares 2009;
  • Vice-campeã Brasileira Sub 20 2010;
  • 3º colocada no Campeonato Internacional por Equipes na Alemanha;
  • 3º colocada no Brasileiro 2009.
B.O.: Como o judô surgiu em sua vida e que idade você tinha quando começou a praticar pra valer?
Nathália: Na verdade, o judô surgiu na minha vida desde o momento em que nasci. Meu pai é judoca desde os 7 anos e agora é professor e técnico. Quando eu tinha 3 anos ele resolveu começar a me ensinar e já nessa idade fui pro meu primeiro festival. Fiquei apaixonada e não troco isso por nada. Tá no sangue!

B.O.: No começo, quando você começou a treinar judô, imaginou que ia chegar onde chegou na modalidade?
Nathália: Sinceramente não, porque eu nem tinha muita noção. Mas agora percebi a responsabilidade que carrego comigo e espero ir bem mais longe que isso.

B.O.: Como você administra seu tempo entre escola e a maratona de competições que participa, principalmente as que são realizadas fora do Brasil?
Nathália: Isso é complicado, mas felizmente meu colégio me ajuda. Quando fico mais de uma semana fora do Brasil e perco muita matéria, os professores tiram minhas dúvidas e depois faço provas e trabalhos para recuperar minhas notas. Mas fora isso, posso dizer que sou uma das melhores alunas, apesar da minha carga horário de treinamento.

B.O.: Como é a sua preparação física e sua periodização nos treinamentos para as competições?
Nathália: Tenho três tipos de treino: judô, técnico e físico. Treino em média de quatro a cinco horas por dia. Trabalho bastante com meu psicológico; sempre converso com meu pai e outros técnicos sobre minha vida profissional.

B.O.: O que você gosta de fazer nas horas vagas? Você tem horas vagas?
Nathália: Quando tenho horas vagas durante a semana procuro estudar, descansar e ouvir música. Para falar a verdade não sei há um bom tempo o que é sair com os amigos.

B.O.: A quem você atribui e como você vê esse nítido crescimento do judô feminino no Brasil?
Nathália: O judô feminino, após alguns anos atrás, vem conquistando o seu espaço. A CBJ vem investindo cada vez mais no judô feminino e com isso o crescimento é natural.

B.O.: Para encerrar nossa entrevista, por favor, deixe uma mensagem para os judocas.
Nathália: Nunca desistam dos seus sonhos. Nada nessa vida é fácil e nada acontece rápido. Você precisa se dedicar ao máximo nos seus objetivos e acreditar que você pode. Não há segredos. Treine com determinação e os resultados serão consequências dos seus treinos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Entrevista: Hernan Daniel Birbrier

Filho do professor Gerardo Oscar Birbrier, professor de judô na cidade de Lindóia, Hernan Daniel Birbrier começou cedo na modalidade, naturalmente por ter nascido em uma família de judocas. Hernan possui duas nacionalidades: brasileira e argentina, o que lhe proporcionou a oportunidade de participar de algumas competições pela Argentina no passado (Sulamericano na Colômbia em 2004, Panamericano em Santo Domingo em 2004 e Panamericano na Venezuela em 2006).
Hoje, Hernan treina no Projeto Futuro, em São Paulo e está se preparando para defender as cores verde e amarelo da seleção brasileira.

Aos 16 anos, cursa o segundo ano do ensino médio. É faixa marrom e compete na classe junior, super ligeiro (-55 kg). Tem como técnicos seu pai, e os treinadores do Projeto Futuro, Hatiro Ogawa e Alexandre Garcia. Seu preparador físico é o professor Jaime. Hernan compete pelo Clube Atlético Lindóia Bioleve.

Principais Títulos:
3º Panamericano 2004,2005,2006.
1º Sulamericano 2004 e 2005.
1º Brasileiro 2005.
1º Paulista 2005 e 2006.
3º Paulista 2009.
3º Copa São Paulo 2009, 2o 2010.
2º Copa São Paulo 2010.
2º Sul Brasileiro 2005.

B.O.: Ter um pai judoca é quase que natural o filho iniciar na modalidade também. Com quantos anos você vestiu um kimono e começou a treinar judô?
Hernan: Comecei a treinar judô aos 5 anos e a competir com 6 anos, com a influência do meu pai e dos meus irmãos mais velhos.

B.O.: Acompanhamos seu desenvolvimento e nos últimos anos notamos que você tem se destacado no cenário competitivo com muita freqüência. Quando competia nas classes básicas, também conquistou muitos títulos?
Hernan: Sim, grande parte dos meus títulos vem das classes básicas, mas agora meu objetivo é conquistar títulos da categoria junior, que é muito mais difícil.

B.O.: Como está sendo sua adaptação no Projeto Futuro? O que melhorou e o que não melhorou para você neste primeiro ano de Projeto? Sente falta da família?
Hernan: Entrei no Projeto Futuro em 2009, e no começo do primeiro ano é muito difícil de se adaptar, por que é uma rotina totalmente diferente da qual eu estava acostumado. No Projeto Futuro melhorei muito no judô com a parte técnica e meu condicionamento físico, mas também fora do judô, melhorei muito na responsabilidade. E o que não melhora nunca é a saudade de casa...

B.O.: Qual é seu planejamento estratégico para as competições oficiais? Como funciona sua periodização nos treinamentos?
Hernan: Treino de segunda-feira a sexta-feira duas vezes ao dia treino técnico (tarde e noite), e de terça-feira e quinta-feira de tarde são da parte física com o Sensei Jaime. Acredito que para estar preparado para uma competição oficial o mais importante é estar bem psicologicamente.

B.O.: Treinar judô de alto rendimento e estudar são as atividades que acreditamos tomar a maior parte de seu tempo. O que costuma fazer quando sobra um tempinho livre?
Hernan: O tempo que tenho de sobra e vou para casa, aproveito descansando com meus pais, meus irmãos, com a família.

B.O.: Essa é uma pergunta básica em nossa “entrevista uchikomi”: Qual é seu maior objetivo dentro do judô a médio e longo prazo?
Hernan: Meu objetivo agora é conquistar os títulos menores para poder alcançar os títulos maiores e ingressar na seleção brasileira.

B.O.: Vamos encerrar aqui nossa entrevista. Por favor, deixe uma mensagem para os judocas.
Hernan: Quero deixar uma mensagem dizendo que se você treina, se dedica ao esporte e a tudo que faz, o resultado sempre virá, pode demorar um pouco, mas aparece. Ainda mais no judô que o resultado nunca é imediato, sempre demora alguns anos, mais o importante é a dedicação aos treinos e o controle psicológico.

domingo, 19 de setembro de 2010

Entrevista: Anne Karoline Alves de Macedo

Anne Karoline Alves de Macedo, 14 anos, judoca atibaiense, cursa a sétima série do ensino fundamental. É faixa marrom e compete na classe pré juvenil, categoria leve. Anne começou a treinar judô depois que um professor de judô realizou uma visita na escola onde estuda, apresentando um projeto que existia na época. Todos os alunos foram convidados para treinar judô e Anne resolveu experimentar essa novidade. O pai, a princípio, ficou com um pouco de receio, mas sua mãe a incentivou. Participou da primeira aula e nunca mais parou. Hoje, seus pais a apóiam muito e dizem que dentro do judô o seu caminho brilha e que não é para desistir de nada, de nenhuma situação difícil que possa acontecer.

Anne tem como técnico o professor Paulo Alvim e defende as cores do São João Tênis Clube de Atibaia.

Principais Títulos: 3° colocada no Campeonato Paulista 2008, Vice-campeã Sul Brasileira 2008; Vice-campeã Paulista 2009, Campeã da Copa São Paulo 2010, Campeã do Brasileiro Regional 2010, Campeã Paulista 2010, Campeã Brasileira 2010.

B.O.: Seu título mais recente foi o de campeã brasileira, lá em Goiânia. Como foram as lutas nesta competição? Quais foram suas adversários mais difíceis?
Anne: Isso mesmo, foi lá em Goiania, foram todas muito difíceis, mas a que foi mesmo a mais difícil foi a primeira, com uma menina do RS , que foi logo para a bandeira.

B.O.: Desde quando você começou a competir, sempre ganhou campeonatos, ou foi uma melhora natural e como resultado os títulos começaram a surgir?
Anne: Na verdade eu comecei competi com 4 anos. Eu ganhava quando era pequena, aí eu mudei de academia, cresci, fiquei um pouco preguiçosa, mas aí comecei a treinar firme novamente e comecei a ganhar, mas demorou um pouco.

B.O.: Qual sua rotina de treinamentos? Com que freqüência você treina?
Anne: Eu treino todos os dias à noite e dois dias à tarde.

B.O.: Além de escola e judô, o que mais gosta de fazer?
Anne: Gosto muito de sair, e ficar na internet, sempre entro em sites relacionado a judô e esportes.

B.O.: Uma pergunta que sempre fazemos em nossas entrevistas é com relação a pressão ou cobrança por resultados. Você sente algum tipo de pressão ou cobrança por resultados?
Anne: Bom, a partir do momento que comecei a me destacar, os treinos foram ficando mais intensos, mas não com muita pressão, a cobrança que tenho é para treinar, e tentar sempre melhorar, não cobrança de ir e ter a RESPONSABILIDADE de ganhar, isto não!

B.O.: O que você espera do judô no curto prazo? E a longo prazo?
Anne: Bom, a curto prazo, conseguir bons resultados nos próximos campeonato, principalmente o pan-americano. Já daqui alguns anos, penso muito em Olimpíadas!

B.O.: Para encerrarmos nossa entrevista, gostaria de pedir para que deixe uma mensagem para os judocas.
Anne: Gostaria de falar a todos , que nunca desistam de seus sonhos, que lutem sempre pelo que querem, que um dia seus objetivos serão alcançados!

domingo, 12 de setembro de 2010

Entrevista: Júlia Dezem Von Ah

A entrevista “uchikomi” da semana é com a judoca Júlia Dezem Von Ah, de Campinas - SP. Faixa marrom, cursando o primeiro ano do ensino médio, classe juvenil, categoria pesado, Julia começou a treinar judô aos oito anos, na escolinha de judô do Clube Cultura Artística de Campinas, onde permaneceu até o final do ano passado, quando aceitou o desafio de participar de um projeto na Companhia Athética de Campinas, através do professor André Gomes de Morais, onde recebeu uma bolsa para treinar e usufruir toda a estrutura da academia. Desde o princípio, Júlia recebe apoio e ajuda no que for preciso de seus pais, que nunca mediram esforços para que ela treinasse judô.

Júlia tem como técnico André Gomes de Moraes, e seus preparadores físicos são André Gomes na Cia Athletica e Daniel Kashiwaguara na Seleção de Campinas.

Principais Títulos: Campeã da Copa São Paulo, Campeã no Campeonato Sul-Brasileiro, Vice Campeã Paulista Junior, 3ª colocada no Paulista Juvenil.

B.O.: Nas últimas competições, você tem se destacado pelo empenho e percebe-se que está se desenvolvendo muito bem na modalidade. A quem você atribui essa melhora em seu rendimento?
Júlia: Devo a minha melhora ao André Gomes de Morais, meu técnico, à Companhia Atlhetica por toda infra-estrutura do local, ao Daniel Kashiwaguara, preparador físico da seleção de Campinas, e ao Luis Fernando Tontoli, técnico da seleção feminina de Campinas. Com todo esse apoio sinto que melhorei muito, mas também não posso esquecer que isso só ocorreu por causa da excelente base que tive no Clube Cultura.

B.O.: Quando foi que você descobriu que estava pronta para começar a competir e como foi a transição treinos/competição?
Júlia: Desde quando comecei a treinar judô, aos 8 anos, sempre tive vontade de competir, então essa transição treino/competição foi tranqüila e continua muito presente até hoje.

B.O.: Como é hoje sua preparação física, técnica e tática?
Júlia: Eu treino a parte física com a musculação quatro vezes por semana. A parte técnica é feita nos treinos de judô de segunda e quarta, na Companhia Atlhetica, na Germano´s e no Clube Concórdia. Já a parte tática é feita principalmente aos sábados, no treino da Seleção de Campinas.

B.O.: Como é sua conciliação com estudos, treinos e lazer? Sobra tempo para mais alguma atividade fora deste circuito?
Júlia: É muito difícil conciliar treino, estudo e lazer, mas é preciso fazer isso. Tenho que aproveitar todo o tempo que não estou treinando para estudar e de vez em quando sair!

B.O.: Sente algum tipo de pressão ou cobrança por resultados? Se sim, como lida com isso?
Júlia: Não há cobranças por parte dos meus pais e nem por parte do André. A única cobrança que tenho vem de mim mesma. Eu sei que com as conquistas, essas cobranças vão aumentando, querendo ou não, e é preciso saber lidar com isso.

B.O.: Qual seu principal objetivo no momento com o judô? E para o futuro?
Júlia: No momento, meu objetivo principal é conquistar o Paulista e o Brasileiro. O futuro é conseqüência do meu treinamento atual e do meu rendimento daqui para frente, mas gostaria muito de conseguir uma vaga na Seleção Brasileira.

B.O.: Já virou tradição no nosso “uchikomi” solicitar uma mensagem ao entrevistado para os judocas que estão começando na modalidade. Por favor, deixe a sua mensagem.
Júlia: A mensagem que deixo é que judô é um esporte que exige muita dedicação e esforço. Mas com ele, vem a disciplina, a alegria e os amigos que você faz ao longo da sua trajetória no esporte.

domingo, 29 de agosto de 2010

Entrevista: Fernanda Gomes de Oliveira

Nossa entrevista “Uchikomi” desta semana será com uma representante da classe dos apaixonados pelo judô. Uma judoca que quebrou um tabu de que só se torna um campeão quem começar a treinar desde criança. E estamos falando em ser Campeã Mundial, ou melhor, Bi-Campeã Mundial!
Fernanda Gomes de Oliveira, 36 anos, natural de São José do Rio Preto, economista formada pela Universidade Federal de Uberlândia, é uma judoca bem determinada. Participa de competições na classe master e também na classe sênior, tanto que na véspera de sua viagem para Montreal, onde disputaria o 12º World Master Judo Championships, participou e ganhou o campeonato regional sênior, classificatório para o Campeonato Paulista Sênior.
Fernanda teve seu primeiro contato com o judô aos 25 anos de idade, por intermédio de Léo Mansor. Ex atleta de handebol, sempre recebeu convites do professor Léo, mesmo antes de sua ida para Uberlândia. Quando terminou sua graduação e retornou para Rio Preto, foi trabalhar no Departamento Administrativo Financeiro do Colégio Ateneu. E o professor Léo ministrava aulas de judô no colégio e continuou convidando-a para fazer um treino. Pela amizade e para não fazer desfeita para o professor e amigo Léo, aceitou participar dos treinos, mas já planejando com uma amiga participar de apenas três aulas naquela semana e depois dizer que não gostou e assim encerraria de vez esse assunto. Mas a história nos mostra que não foi bem assim...
E Fernanda tem uma gratidão especial ao Colégio Ateneu, que faz parte fundamental na sua formação tanto pessoal como profissional, pois foi através da oportunidade da profª Maria Lúcia Poletti, pôde começar seus primeiros passos profissionais e aprender sobre a vida adulta. Esse aprendizado continua até hoje, não só com ela, mas com todos que fazem parte da Família Ateneu.

Fernanda defende a Associação Desportiva Ateneu Mansor, tem como técnico Léo Mansor e preparador físico Flávio Ávila.

Pricipais Títulos:
Bi-Campeã Mundial Master 2009/2010 - Montreal (CAN)- World Master ; Vice-Campeã Mundial Master 2010 - Budapeste (HUN) - FIJ ; Bi-Campeã Sulamericana Master 2008/2009 - Porto Alegre ; Tri-Campeã Brasileira Master 2007/2008/2009

B.O.: Vamos iniciar a entrevista fazendo uma pergunta que não quer calar: O que é sair do Brasil em busca de um bi campeonato mundial e retornar ao país com quatro medalhas de ouro?
Fernanda: Olha é uma sensação fantástica. Às vezes a gente não consegue mensurar, é um misto de satisfação pessoal, de dever cumprido, de ver que o caminho que se trilhou está certo, que todos os treinos, dedicação, bronca, esforço foi reconhecido e superado. Que o limite é sim um desafio, mas que depende da gente querer superá-lo ou pelo menos estar próximo disso.

B.O.: Esportivamente falando, você se considera realizada?
Fernanda: Sem dúvida, me sinto sim realizada, aliás a gente sempre quer mais, sempre é exigente e não se contenta com o momento, mas acredito que cheguei onde poderia ter chegado. Nem nos meus melhores sonhos imaginava ser campeã Mundial Master, e muito menos Bi-Campeã (risos), então só tenho que agradecer e continuar o trabalho, porque claro que vou buscar conquistas na classe sênior também e quem sabe né? (risos)

B.O.: Nos conte um momento peculiar com o judô que ficou em sua lembrança:
Fernanda: O judô nos proporciona momentos especiais todos os dias, não imaginava que o esse esporte fosse fazer parte da minha vida e descrever somente um momento peculiar é dificil, mas vou fazer isso. Pra mim a minha conquista da faixa preta foi um divisor de águas como judoca. Eu tinha opção de pedir por mérito, mas perguntei ao Léo se poderia, ele me respondeu poder tirar a faixa preta por mérito você pode, mas acredito que você tem a capacidade de fazer os cursos, apresentar o kata e se sair muito bem. Mais desafio lançado, e eu fui atrás de mais essa conquista. Fiz os cursos, tentei aprender o judô na sua essência (Kata, go-kyo), foram dias difíceis, duros, massantes e doloridos (risos). Achei que estivesse enganada em mais essa opção dentro do judô... Muitas vezes pensei em desistir, e dizia já estou velha demais pra isso, não é pra mim fazer exame de faixa preta, muita pretensão a minha... Só que mais uma vez o Sensei Léo estava no suporte e sustentação dos seus atletas, sempre com uma palavra de incentivo e acreditando sempre, até mais que eu. Claro no dia do exame só tinha espaço pro nervosismo e tremedeira da cabeça aos pés. E correu tudo bem, segundo a banca examinadora do exame me disse no dia " Fernanda poderia ser melhor, treine em sua academia e não deixe de praticar o judô." Ufa foi um alívio...(risos)

B.O.: Nós acompanhamos a sua preparação para o World Masters Judo Championships 2010, que foi forte. Qual será sua estratégia de treinamentos para agora seguir na seletiva para o campeonato Paulista Sênior 2010?
Fernanda: A preparação basicamente será a mesma, sempre muito forte visando um desempenho cada vez melhor, mas vamos dar uma ênfase maior na parte aeróbica, já que no sênior são lutas de 5 minutos e no Master são de 3 minutos.

B.O.: O que você faz quando não está treinando ou competindo?
Fernanda: Faço pós-graduação em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal, Inglês, paquero/namoro, adoro ficar em casa de bobeira, relaxando, dormindo e comendo muito...(risos)

B.O.: Qual a importância de um atleta competidor para os judocas das categorias de base, que estão iniciando no judô e muitas vezes ainda tem receio de encarar uma competição?
Fernanda: É sim muito importante, não tinha muito a noção disso porque até então minhas conquistas não eram assim, tão expressivas, mas a partir do momento que a gente como competidora começa a se destacar, as crianças começam a se espelhar em você, querem fazer o que você faz, querem ser igual a você, perguntam pra mim o que eu como, onde eu vou... Coisas que nem eu dava muita importância, eles começam a prestar atenção no meu dia a dia, muito mais do que eu. E isso, claro, é motivo de orgulho e alegria, mas faz com que eu, como exemplo, seja uma peça formadora de opinião para aquele futuro atleta, futuro cidadão, independente dele ser um campeão Mundial, Olímpico ou Regional. Encarar uma competição será conseqüência de todos os fatores que estão envolvidos dentro e fora do tatame.

B.O.: Para encerrarmos nosso “Uchikomi”, por favor, deixe uma mensagem para os judocas, principalmente para os da classe master.
Fernanda: Ninguém faz nada sozinho, portanto, seja você master, sênior, júnior ou as demais classes, valorizem seus Senseis, seus parceiros de treinos, tenha respeito por todos eles, a gente aprende todos os dias e com todas as pessoas. Não se esqueçam da sua família, ela é o seu bem mais precioso, ganhando ou perdendo ela estará sempre a sua espera competição a competição. Tenham um objetivo claro e dedique-se a isso, e acima de tudo seja feliz no que faz, faça com dedicação, determinação e carinho. E isso não vale somente pro judô, vale para sua vida toda. A grande sacada para quem é judoca é conseguir levar para vida o que se aprende dentro dos tatames. Respeito, hierarquia, companherismo, educação, gratidão e a verdadeira amizade. À todos da Família Ateneu-Mansor e a todos do judô meu muito obrigada e continuaremos a praticar e divulgar esse esporte.

domingo, 15 de agosto de 2010

Entrevista: Fabiano Filier Cazetto

Nosso entrevistado da semana é um judoca com Licenciatura em Educação física pela UNICAMP e Mestre em Educação Física. Graduado faixa preta nidan no judô foi um competidor que decidiu dedicar-se aos estudos acadêmicos na modalidade. Fabiano Filier Cazetto, 28 anos, mesmo com seu tempo escasso, concedeu-nos esta entrevista uchikomi. Seu técnico na sua fase de competidor foi o professor Ronaldo Magno Ribeiro, quando então competia pela Associação dos Funcionários da Robert Bosch, em Campinas.

Principais títulos:
Duas vezes vice-campeão paulista do interior; terceiro colocado no Paulista Aberto por Faixas.
Vamos inicialmente fazer uma apresentação dos trabalhos e artigos de Fabiano Cazetto.

Livros publicados:
Fabiano prepara para esse semestre seu primeiro capítulo de livro pela editora Phorte. Vai ser sobre seu mestrado, porém em outro formato. O título do livro é ‘Pedagogia do Esporte e Competição’ e o seu capítulo é: ‘As influências do Esporte Espetáculo sobre o MODELO de competição dos mais jovens’.
Nele, discute um pouco as implicações educacionais (conhecimentos e valores) dos formatos espetacularizados de competição sobre os modelos de competição dos mais jovens. São propostas também algumas alternativas que poderiam melhor aproveitar o cenário competitivo para formação dos mais jovens.

Artigos publicados e o meio:
Tem publicado regularmente, seja através de congressos, revistas impressas ou capítulos de livro. Segundo Fabiano, a tendência hoje é que as publicações fiquem sempre disponíveis on-line, mesmo que sejam publicadas originalmente em um congresso ou em formato impresso, isso representa um avanço muito grande no que diz respeito ao direito ao acesso ao conhecimento acadêmico.
Hoje em dia é possível baixar dissertações inteiras pela internet, e ele faz questão de deixar a dele disponível on-line assim que terminou o mestrado. Tudo que pode deixa disponível, é uma ótima maneira de divulgar suas idéias, de receber críticas, de construir novas perspectivas.

Alguns de seus trabalhos são:
Esse artigo foi publicado neste ano na Conexões, revista da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Nele discute um pouco de como os responsáveis pelas agremiações pensam sobre a competição dos mais jovens.

Nesta mesma revista tem um artigo interessante em que discute o aumento do número de publicações em Lutas e Artes Marciais em congresso de Iniciação Científica nos últimos 12 anos na Unicamp: "Publicações sobre lutas e Artes Marciais em Congressos de Iniciação Científica".

Alguns trabalhos dedicados às questões de ensino, como é o caso dessa resenha publicada na Federal de Santa Catarina: Lutas e Artes Marciais na Escola: "Das Brigas aos Jogos com regras" de Jean-Claude Olivier.

Alguns trabalhos mais antigos como o publicado nesta revista de Buenos Aires: O jogo como meio, o 'tecnicismo' de cara nova: o caso do judô, onde discute um pouco do enfoque que pode ser dado ao Judô pensado na perspectiva de Jogo.

E possui várias outras publicações, sendo possível encontrá-las através de ferramentas de busca na internet procurando pelo seu sobrenome (Cazetto) poderá encontrar a maioria de seus artigos on-line. Também está sempre à disposição através de seu e-mail: fabianocazetto@yahoo.com.br.

B.O.: Com que idade começou a praticar judô?
Fabiano: Comecei a praticar Judô com 7 anos de idade no clube da Bosch por influência de meus pais. Isso foi em 1988, ano que Aurélio Miguel trouxe o primeiro ouro olímpico para o Judô Brasileiro. Claro que na época eu nem tinha noção do que isso representava, apenas gostava de lutar e me adaptava bem à disciplina do Judô.

B.O.: Focava seus treinos para competição?
Fabiano: Sempre gostei de competir, porém nunca recebi fortes pressões de minha família como um todo ou de meu pai que me acompanhava mais de perto. Na época no clube quase todos iam para campeonatos, no treino não existia separação entre quem ia ou não competir, treinávamos para aprender Judô, entender as técnicas e a filosofia, competir era uma conseqüência.

B.O.: Como divide seu tempo? Continua treinando judô? (Se sim) Treina para competir?
Fabiano: Atualmente divido meu tempo entre as aulas de Educação Física Escolar que dou para o Ensino Médio em uma Escola particular na região de Campinas, as aulas de Judô que dou em outra escola e a academia a noite onde treino e dou aulas. É claro que ainda tem que sobrar um tempo para me dedicar às pesquisas e à Universidade.
Minha carga horária de trabalho passa de 60 horas semanais entre aulas, horas extras, palestras e reuniões, assim somente consigo treinar Judô enquanto estou dando aula.
Operei três vezes o joelho por que queria voltar a competir, já faz um bom tempo que não participo de nenhum campeonato de Judô, porém tenho muita vontade de voltar e eventualmente, quando consigo treinar um pouco mais, participo em campeonatos de outras modalidades. No ano passado voltei a lutar no jiu-jitsu e estreei no Kung-Fu (Boxe Chinês).

B.O.: Um momento marcante para você com a modalidade:
Fabiano: Uma das minhas linhas de pesquisa é a competição esportiva. O tema me fascina, lembro de muitos momentos em minha vida esportiva. Consigo recordar como se fosse hoje meus primeiros campeonatos, os medos, as derrotas, as vitórias, as alegrias. A competição é algo que marca a vida das pessoas, para o bem e para o mal, por isso merece atenção dos estudos acadêmicos.

B.O.: Essa é uma pergunta um pouco óbvia, mas como surgiu o interesse em seguir a carreira acadêmica na área de lutas?
Fabiano: Com 18 anos entrei na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), logo no primeiro ano já procurei professores que pudessem me auxiliar nos meus estudos. O professor Roberto Paes (Robertão) foi meu primeiro orientador e me deu todo o suporte para escrever meus projetos de pesquisa. Tive também muita ajuda do professor Júlio Gavião nos projetos de extensão que levavam o Judô para a comunidade local, principalmente para universitários.
Mais tarde tive a oportunidade de participar do programa de mestrado sob orientação do professor Paulo Cesar Montagner (Cesinha). Neste último projeto estudei a estrutura/formato da competição de Judô dos mais jovens utilizando a sociologia e a pedagogia para entender esse fenômeno social.

B.O.: Algum projeto acadêmico em andamento?
Fabiano: Durante as primeiras fases dos meus estudos ficaram muitas coisas por publicar, como eu estudava, trabalhava e treinava ao mesmo tempo muitos de meus estudos foram apenas publicados parcialmente. Atualmente tenho tido um esforço em publicar, tornar públicos, acessível a todos, aquilo que foi construído dentro de uma universidade pública, nada mais justo que fique disponível a todos.
Meu primeiro projeto foi sobre o ensino do Judô, logo nos primeiros anos de faculdade pude acompanhar como o professor Robertão conseguia despertar o interesse dos alunos pelo basquete através de uma metodologia de aula bem organizada e simples. Todos os alunos, mesmo que nunca tivessem jogado basquete, saiam da aula dele preparados para ensinar basquete, meu projeto era sistematizar alguns elementos fundamentais do Judô para que fosse possível que todos pudessem também ter acesso à essa prática.
Depois de estudar isso nos primeiros anos fizemos um projeto que foi aprovado pelo CNPq e fui pesquisar como era ensinado o Judô nos diferentes cenários (Clube, Academia, Escola). Tive muita ajuda e colaboração dos professores voluntários neste projeto, eles me receberam em suas aulas, responderam questionários, foram super prestativos.
O segundo projeto aprovado pelo CNPq foi sobre a participação dos Pais na competição, também tive colaboração total dos dirigentes e dos pais neste projeto. O ultimo projeto foi o mestrado em que estudei a competição. Agora tenho centrado mais meus estudos nas questões escolares.

B.O.: Qual sua meta com as pesquisas e trabalhos acadêmicos?
Fabiano: Os trabalhos mais antigos precisam ser publicados e divulgados nos mais diversos meios para que tenham sentido social, minha meta sempre foi fazer trabalhos que pudessem contribuir com a sociedade. Atualmente pretendo focar meus estudos mais na área escolar, construindo uma perspectiva para o trabalho educacional em lutas e artes marciais de forma digna e aprofundada.

B.O.: Qual recado você deixará para os judocas que queiram se formar em educação física e seguir a carreira acadêmica como você?
Fabiano: A vida acadêmica é uma opção em longo prazo que exige grande dedicação e tempo. Porém é necessário que tenhamos pessoas dispostas a se dedicar profundamente a essa área para que haja subsídio acadêmico na construção de uma sociedade melhor. A comunidade do Judô como um todo é muito solidária a pesquisa, o que ajuda muito para quem quer se dedicar à essa área.
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