quinta-feira, 1 de agosto de 2024

PARIS 2024 - Mayra Aguiar não avança e deixa os Jogos Olímpicos nas oitavas do meio-pesado feminino


Paris 2024 terminou para Mayra Aguiar diferentemente das suas últimas três participações olímpicas, quando saiu vitoriosa e premiada com três medalhas de bronze consecutivas, feito inédito no judô brasileiro. Na França, nesta quinta-feira, 01 de agosto, Mayra pisou no tatame da Arena Champ-de-Mars com o enorme desafio de enfrentar a número um do mundo, Alice Bellandi, da Itália, logo na primeira luta. E, dessa vez, Mayra caiu antes de chegar ao bloco final, raríssimo em sua longa e vitoriosa carreira. 


“A derrota é dura. É muito ruim. Dói para caramba, é amarga, é doída, é um saco. Eu não gosto de perder nem brincadeira, imagina um negócio que a gente se doa tanto. Doa saúde, tempo de família, parte mental. É dieta rígida e restrita, treinar todos os dias com dor. Então não é só hoje, é o ciclo olímpico inteiro que é uma luta. E quando acaba assim, dessa forma, é muito ruim. Mas eu sei também que em todas as vezes que doeu muito, seja dentro do tatame ou fora, eu sempre levantei muito forte. Quanto mais dói, mais a gente se fortalece, e talvez eu esteja me apegando nisso agora. A gente aprende muito rápido a renovar as coisas. Seja em uma vitória ou em uma derrota, eu nunca parei muito tempo para comemorar, ou ficar aflita, baixar a cabeça e chorar. Óbvio que a gente tem que fazer isso, deixar sair esse sentimento, mas é uma coisa que sempre levei pra mim. É pegar as coisas boas que passaram e pensar na frente. Pensar no que posso melhorar como atleta e como pessoa”, disse Mayra.


A luta começou com Bellandi levando uma punição por falso ataque, mas, por conta de seu estilo volumoso, nos próximos minutos Mayra foi punida duas vezes por falta de combatividade e ficou pendurada. Já no golden score, a italiana tomou uma nova punição, desta vez por falta de combatividade, e deixou tudo empatado.


Aos dois minutos do tempo extra, Bellandi projetou Mayra em waza-ari, que foi retirado pela arbitragem de vídeo, mas, poucos segundos depois, uma nova pontuação foi marcada, desta vez encerrando a luta e a participação da brasileira em Paris 2024.


“Eu já sabia que a luta ia ser dura também e que talvez não tenha aprendido a jogar esse estilo. É algo mais estratégico, que talvez eu tenha pecado. Por mais que eu tenha treinado isso, é um estilo de luta difícil. Eu procuro muito ippon e é mais estratégia, com punição”, analisou Mayra.


Após a competição, ela fez um forte desabafo e revelou que, por entender os limites do próprio corpo, precisou ficar ausente do Circuito Mundial e guardar todas suas energias para os Jogos Olímpicos. 


“Já passei do meu limite. Já tem um tempo que eu venho mentindo para o meu corpo. Mentindo que está tudo bem. Tenho várias cirurgias e a primeira foi com, sei lá, 16 ou 17 anos. Eu ainda sinto ela, e as próximas. Aprendi a treinar e a lutar assim, mas nos últimos anos vem sendo mais difícil. Não adianta, é um preço que a gente paga. Não dá pra brigar tanto com nosso corpo, temos nossos limites. Mas eu fui até onde consegui, até onde o corpo deixou e não deixou também. Eu tentei, até por isso que fiquei um pouco mais fechadinha. Talvez tenha sido mais difícil por isso. Por brigar com meu corpo mais do que eu estou acostumada a fazer. E não tinha como eu fazer muita competição. Acho que essa foi a maior luta”.


Durante todo o período, Mayra foi ouvida e teve seu planejamento alinhado com a comissão técnica da CBJ e da Sogipa, seu clube, para que ela pudesse se preparar da melhor forma e dentro das suas possibilidades neste ciclo. 


“Eu só tenho a agradecer à CBJ, à Sogipa, meu clube, a todo mundo que compreendeu. Há algum tempo eu falei com eles que não ia conseguir fazer o tanto que eu queria fazer. E isso já tem uns três anos. Eles sentaram comigo, falaram ‘calma, dá teu tempo, faz teus treinos, fica em casa, descansa’, e eu fico muito feliz por eles terem compreendido e ter deixado eu fazer dessa forma. Ano passado, eu ganhei o Grand Slam de Tóquio, uma competição que eu queria muito, que tenho muito carinho. E foi muito gostoso, especialmente também porque acreditaram em mim. Tentei fazer tudo o que deu e o que podia. Claro que vou sempre me cobrar, não adianta, mas tenho que lembrar também que me esforcei muito e sei do quanto abri mão e do quanto me ajudaram. Então é agradecer essas pessoas pelo carinho por mim”, concluiu.


Mayra Aguiar é uma das maiores judocas brasileiras de toda a história, tendo conquistado três bronzes olímpicos — Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020 — e três títulos mundiais, além de inúmeras medalhas em competições do Circuito Mundial de Judô. 


Sobre o futuro nos tatames, a gaúcha preferiu deixar a decisão para um outro momento. 


“Eu amo esse esporte, amo estar perto das pessoas e fazer isso. Amo esse clima, essa força que os atletas têm, a alegria que é um treino, sabe? Isso que me fortalece, que me faz treinar todos os dias. Levantar com dor, treinar com dor. Já tem um tempo que eu falo isso [parar], mas é difícil, porque eu gosto muito. Não posso dar certeza do que vou fazer ou não. Vou voltar pra casa, esfriar a cabeça e ver como estou. Ver como está meu corpo e pensar friamente depois”.


Mayra não está inscrita na competição por equipes mistas do judô em Paris 2024 e já retornará ao Brasil.


Por: Assessoria de Imprensa da CBJ


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