Líder do ranking mundial, Mayra Aguiar contará com sparring homem em Londres
Pela primeira vez o judô brasileiro vai com uma equipe de chamados atletas de apoio, ou sparrings, para preparar a equipe para os Jogos Olímpicos de Londres. Vão ser 18 atletas selecionados com critérios de futuro olímpico e de qualidade em disputas internacionais. Até mesmo os atletas classificados tiveram a chance de indicar, cada um, três nomes, para entrar na lista.
"Para Pequim, levamos a equipe Sub-20, mas muitos não tinham qualidade para treinar com os de ponta e desta vez mudamos o processo de escolha", explica o coordenador técnico da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson. Nesse processo, algumas dificuldades tiveram que ser superadas, como a falta de atletas de nível para treinar com Mayra Aguiar e Maria Suelen Altheman, judocas mais pesadas.
"Tivemos que trazer dois homens a mais para essa categorias", disse Wilson. Os outros atletas terão apenas um sparring, mas os pesados e meio pesados entram no tatame mais tarde, o que significa que vão precisar de mais tempo de treinamento e por isso, vão ter mais ajuda.
Entre os que vão estar lá está a judoca Flávia Gomes, de apenas 18 anos, que também vai participar do projeto Vivência Olímpica, do Comitê Olímpico Brasileiro, que vai levar 16 jovens atletas de várias modalidades para começar a sentir o gostinho de uma Olimpíada.
O Brasil chega a Londres para enfrentar de igual para igual Japão e França, maiores potências olímpicas no esporte que conseguiram também 14 vagas para a competição de forma direta (a Coreia do Sul também conseguiu, mas valendo-se do ranking asiático e não apenas no mundial como os outros três países). Para o presidente da CBJ, Paulo Wanderley, isso é fruto de investimento, boas ideias e, principalmente, descentralização.
"Estamos levando competições de alto nível para todos os cantos do País e não apenas Sul e Sudeste" disse, exemplificando com o Campeonato Mundial por equipes que vai acontecer em Salvador outubro deste ano. "A Federação Internacional de Judô passou a confiar mais em nós como promotores de eventos importantes", comemorou.
Com um orçamento próprio de cerca de R$ 10 milhões por ano, Paulo Wanderley afirmou que desde a categoria Sub-15 todos os atletas que vão competir no exterior têm seus gastos pagos pela CBJ. "Desde que saem de casa até voltar", disse.
O presidente da CBJ afirmou que sua confederação não depende apenas nem de patrocínio do governo e nem apenas do privado, o que segundo ele garante ao esporte maior autonomia para pensar e planejar o futuro.
Para os atletas de ponta, Paulo Wanderley anunciou que, além da premiação anual, que gira em torno de R$ 1 milhão, para este ano vai dobrar o valor. "Eles já receberam a primeira parte e recebem a segunda metade assim que pisarem na Vila Olímpica, antes de competir", explicou. Para Paulo Wanderley, todos esses valores são bons, mas ele quer mais. "O infinito é nossa meta. Não vamos voltar de Londres sem pódio", disse com a confiança de um esporte que há sete Olimpíadas traz pelo menos uma medalha para o Brasil.