quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Falando de Judô: Do aprendiz ao mestre – o conceito do shu-ha-ri


Quando entramos em contato com uma arte marcial japonesa é comum escutarmos que a aprendizagem durará a vida inteira. Em outras palavras trata-se de um processo duradouro o qual iremos aperfeiçoando com o passar do tempo de acordo com as experiências vividas. Sob o ponto de vista das artes marciais japonesas, quando aprendemos ou treinamos algo (técnica) passamos por três estágios que englobam o processo de aprendizagem e maestria, o shu-ha-ri.

No primeiro estágio, shu, literalmente significa ‘obedecer’ ou ‘proteger’ o aprendiz está concentrado em aprender os fundamentos técnicos, ou seja, o foco está voltado na forma criada por seus predecessores. É o estágio o qual a forma é absoluta, não há ‘abertura’ para qualquer variação na técnica. Quando o aprendiz começa a buscar o entendimento de uma técnica, está no segundo estágio, ha, literalmente significa ‘romper’ ou ‘modificar’. Neste estágio inicia o processo de compreensão do princípio e teorias que estão por trás da técnica. O rigor não mais absoluto permite ao aprendiz integrar os conhecimentos oriundos de outros mestres e aplicar em sua prática, é a fase dos questionamentos, as descobertas são baseadas através da experiência. Quando não mais existir a presença da figura de um mestre, e o aprendiz capaz de compreender apenas através de sua prática, é atingido o terceiro estágio, ri, que literalmente significa ‘separar’ ou ‘superar’. Neste estágio o aprendiz cria sua própria abordagem e está totalmente ‘liberto’ do rigor, no entanto a essência da técnica se mantém.

O conceito de shu-ha-ri não é um processo linear, pode ser ilustrado como três círculos concêntricos, com shu localizado internamente seguido por ha e, finalmente, ambos envolvidos por ri. Em resumo, o conceito de shu-ha-ri pode ser descrito como: shu representa algo concreto que apenas é reproduzido, ha o foco está na compreensão e ri na inovação. Os fundamentos se mantêm, apenas as aplicações e as sutilezas de execução se alteram, representando o progresso do aprendiz. 

Por: Fernando Ikeda - Associação de Judô Vila Sônia

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