João Derly se despediu das competições de judô nesta quinta-feira, 14 de maio. O único brasileiro bicampeão mundial de judô anunciou em Porto Alegre o adeus após 25 anos dedicados à modalidade.
João Derly de Oliveira Nunes Júnior nasceu em Porto Alegre no dia 2 de junho de 1981. É filho de João Derly de Oliveira Nunes e Vera Lúcia Nunes. Tem dois irmãos: Patrícia, 36 anos, e Gerson, 41. Era um garoto agitado e asmático na infância.
Começou a praticar judô por indicação médica aos 6 anos no Colégio Rio Branco, onde estudava. Desde a primeira aula, teve como técnico Antônio Carlos Pereira, o Kiko, que o acompanha até hoje.
Depois de um ano, aproximadamente, transferiu-se para a Sogipa. Ganhou suas primeiras medalhas logo. Em 1991, aos 10 anos, conquistou seu primeiro título brasileiro. Então, a carreira vitoriosa nos tatames começou a deslanchar. Com apenas 15 anos, foi campeão brasileiro adulto – ou seja, contra adversários bem mais velhos.
Em 1998, com apenas 17, viajou para a Europa e conquistou a medalha de ouro no Torneio de Tre Torri, na Itália, um dos mais importantes do Mundo. Em 2000, alcançou outra grande conquista internacional: a medalha de ouro no Campeonato Mundial Júnior (Sub 20).
O judoca, até então promissor, virou realidade. João, apesar de ainda não contar com patrocinadores, passou a dedicar ainda mais horas do seu dia ao judô. Em 2001, participou do seu primeiro Campeonato Mundial Adulto, ficando na sétima posição em Munique (Alemanha).
Em 2003, foi para os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo e não alcançou um bom resultado. De volta ao Brasil, mudou de categoria. Passou da ligeiro (até 60kg) para a meio-leve (até 66kg). Na nova categoria, começou a brigar pela vaga nos Jogos Olímpicos de Atenas. No entanto, acabou ficando de fora do evento.
No começo de 2005, venceu a seletiva nacional para o Campeonato Mundial no Egito e voltou à Seleção Brasileira. No dia 10 de setembro do mesmo ano, no Cairo, conquistou a primeira medalha de ouro em mundiais da história do judô brasileiro. Na grande final, derrotou e então campeão olímpico, Masato Uchishiba, do Japão, com um ippon em apenas 42 segundos. De quebra, foi eleito o melhor judoca do evento.
Naquele ano, Derly recebeu do Comitê Olímpico Brasileiro o Prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta entre todos os esportes, concorrendo contra Roberto Scheidt, da Vela, e Giba, do vôlei.
O ciclo de vitórias inéditas e histórias prosseguiu, com a conquista da medalha de ouro no Grand Slam de Paris, mas começaram os problemas médicos. Neste ano, João Derly fez a primeira cirurgia da carreira para corrigir um problema nos ligamentos do ombro do esquerdo.
2007 também foi um grande ano. No entanto, começou com uma lesão. No início da temporada, Derly machucou – rompendo parcialmente - o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Na época, não foi necessário fazer cirurgia graças a um trabalho de musculação e fisioterapia. Mesmo assim, o judoca gaúcho conquistou, primeiro a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, e, em seguida, o bicampeonato mundial, outro feito inédito e até então inalcançado por judocas brasileiros. Em ambas as competições, na final, o adversário derrotado foi o cubano Yordanis Arencíbia.
Em 2008, o ano olímpico. Derly foi para Pequim como um dos favoritos na categoria meio-leve. Era apontado por especialistas como provável medalhista. No entanto, parou na segunda rodada, diante do português Pedro Dias.
A frustração do atleta foi grande, mas encarada como parte de uma trajetória esportiva. O judoca deu prosseguimento à carreira. No final de 2009, porém, numa seletiva no Rio de Janeiro, o joelho esquerdo não resistiu mais. Derly rompeu os ligamentos cruzados e o menisco. Fez uma cirurgia nos primeiros dias de 2010. Seis meses depois, teve de refazer o processo cirúrgico.
Voltou em início de 2011, teoricamente ainda a tempo de concorrer a uma vaga nos Jogos de Londres. Porém, na primeira competição, voltou a machucar os ligamentos e o menisco do outro joelho, o direito. Mais alguns meses fora dos tatames. O novo retorno ocorreu para a disputa de duas Copas do Mundo. Mas, os problemas físicos não permitiram um bom desempenho.
A decisão por parar de lutar em alto rendimento ocorreu no início de 2012. João Derly encerra a carreira no dia 14 de julho, em um evento transmitido pela TV para todo o Brasil, como um dos atletas mais vitoriosos e importantes do Brasil. Passará a dedicar-se a outros projetos.
Principais títulos:
· Campeão Gaúcho Absoluto (2001)
· Bronze no Mundial Juvenil (1998)
· Bicampeão Sul-Americano Adulto (98/99)
· Ouro no Aberto Internacional de Tre Torri - Itália (1998)
· Prata no Aberto Internacional de Ter Torri – Itália (2001).
· Campeão Mundial Júnior na Tunísia (2000)
· Medalha de bronze no Campeonato Mundial Universitário (2000)
· Medalha de bronze na Universíade 2001, em Pequim (2001)
· 7º colocado no Campeonato Mundial Adulto, na Alemanha
· Medalha de prata no Torneio Aberto de Paris (2002)
· Medalha de ouro no Grand Prix da Áustria, em Leonding (2002)
· Medalha de ouro no Grand Prix de Praga, na República Tcheca (2002)
· Medalha de ouro no Grand Prix de Varsóvia, na Polônia (2002)
· Medalha de Bronze no Torneio de Guido Sieni, na Itália (2002)
· Vice-campeão Grand Prix Nacional de Judô (2003)
· Campeão Pan-Americano sênior (2005)
· Campeão mundial (Egito, 2005)
· Medalha de ouro no Grand Slam de Paris (2006)
· Medalha de prata na Copa de Leonding, na Áustria (2006)
· Medalha de ouro na Copa do Mundo de Vasóvia (2007)
· Medalha de bronze na Copa do Mundo de Belo Horizonte (2007)
· Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007)
· Bicampeão mundial (Rio de Janeiro, 2007)
· Campeão do Troféu Brasil (2008)
· Campeão Pan-Americano (2009)
· Campeão do Desafio Internacional contra França e Inglaterra (2009)
Por: Confederação Brasileira de Judô