De fato, 20 anos se passaram e as paredes dos tatames do clube mostram as glórias acumuladas ao longo do tempo. Mas a foto centralizada ainda é a mesma de 2005, da conquista do primeiro título mundial, para sempre incentivar quem sonha em se tornar um judoca de excelência.
Derly, hoje com 44 anos, conquistou o mundo ao longo da carreira, mas foi forçado a parar em 2012, em razão do grande número de lesões que enfrentou durante sua caminhada de vitórias. Logo depois, migrou para a carreira política, foi eleito vereador em Porto Alegre e, em seguida, deputado federal, além de ter sido secretário de esporte e lazer.
Porém, há cerca de um ano, o apego de Derly ao tatame falou mais alto e ele retornou à Sogipa não mais como atleta, mas como técnico. Agora, os pequenos judocas podem conviver de perto com um ídolo e uma inspiração. “Sempre gostei de estar perto da gurizada para mostrar que é possível para pessoas simples fazerem grandes feitos, e que todos nós sentimos as mesmas dificuldades — fome, medo, frio, cansaço — mas que isso não nos abate. O objetivo é que eles absorvam essa resiliência”, aponta João Derly.
Inspiração e retorno como técnico para o clube do coração
Para Daniel Pires, hoje colega de João nos treinamentos na Sogipa, a atmosfera de treinamento do clube é diferente. A possibilidade de estar no mesmo ambiente do primeiro brasileiro campeão mundial, além das paredes recheadas de conquistas, trazem uma perspectiva de futuro para quem está iniciando na modalidade.
“Muitas vezes eu estou trabalhando junto com o João, com os atletas menores e eu presto atenção e penso ‘nossa, aqui do meu lado tem um cara que foi bicampeão mundial’. Então faço questão de falar isso para os atletas, para que a gente valorize esses feitos grandiosos, mesmo que eles estejam do nosso lado, porque ter essa proximidade com um cara que fez algo inédito no Brasil, que ainda é uma referência no judô mundial, para quem é do meio, é um negócio muito bacana”, salienta Pires.
Hoje, a conquista do título passa como um filme na cabeça de João Derly. A sensação de sagrar-se campeão mundial, ser escolhido como melhor atleta do mundo, vencer o maior judoca da época e no fim de tudo o alívio de missão cumprida. Para o futuro, agora como técnico, ele deseja continuar incentivando os jovens atletas, vê-los se tornarem campeões e principalmente sempre mostrar que é possível alcançar o topo com muita dedicação, foco, vontade de vencer e em ser o melhor no que faz. Segundo ele, isso serve tanto para o judô como para a vida.
“Às vezes sinto que não mereço tanto, por isso sempre tento dar um retorno de tudo que recebi, compartilhando tudo o que sei com a gurizada. Sempre enfatizo que eles não podem se acomodar com essas condições melhores que o título mundial trouxe, eles devem continuar aproveitando tudo isso e se esforçando para se desenvolver. O título ajudou a dar as condições, mas também para sempre mostrar que no passado era diferente e, por isso, você tem que valorizar o presente”, conclui João.