quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Jigoro Kano: Um berço fervente (2)


No primeiro artigo dedicado a Jigoro Kano, o fundador do judô, olhamos para sua infância, seu local de nascimento perto de Kobe e um pouco da história do Japão, a fim de começar a entender quem ele era e quais foram as fases de sua vida que o guiaram para a criação do judô.

Jigoro Kano, de 20 anos (à direita) - © Instituto Kodokan

Para entender o personagem ainda melhor, é importante estudar sua família um pouco mais de perto, porque aqui novamente podemos encontrar as raízes profundas de sua motivação futura. 

Jigoro Kano, do lado de seu pai, veio de uma linhagem de sacerdotes, os Shōgenji, cujas origens remontam à época do deus xintoísta Kamotaketsunumi no Mikoto, na mitologia japonesa, de milhares de anos atrás. Inicialmente localizado nas proximidades de Kagoshima, o Shōgenji finalmente se estabeleceu em Ôtsu. 

O avô paterno de Jigoro Kano, Shōgenji Maretake, era o principal sacerdote do templo Hiyoshi-taisha, um santuário xintoísta, que faz parte da lista de 22 templos xintoístas. Inclui 22 edifícios, a maioria dos quais estão localizados na região de Quioto, listados a partir do período Heian (794-1185). Como tal, esses santuários recebem ofertas especiais da Corte Imperial do Japão. O Templo Hiyoshi-taisha está localizado em Otsu, na província de Shiga, a leste de Quioto. 

Shōgenji Maretake era um renomado com conhecimento especial de poesia clássica japonesa, bem como poesia clássica chinesa, mas também por sua grande família, já que ele tinha nada menos que quinze filhos (dez meninos e cinco meninas). Foi um de seus filhos, Shōgenji Marenu, que o sucedeu à frente do Hiyoshi-taisha. Um dos irmãos do avô de Kano, ele próprio um autor de poesia, tornou-se tutor de crianças da nobreza japonesa. Se Jigoro Kano realmente não conhecia esses membros de sua família, já que ele tinha apenas três anos de idade quando seu avô morreu, não é menos verdade que ele se banhou, desde a mais tenra infância, em um mundo onde o formigamento intelectual era forte.

Jigoro Kano (centro) em seu dia de formatura em Tóquio - © The Kodokan Institute

O pai de Jigoro Kano, filho de Shōgenji Maretake, nasceu em outubro de 1813. Jirōsaku Mareshiba, que sonhava em descobrir o mundo, deixou o berço da família e começou a explorar o Japão. Ele acabou deixando suas malas em Mikage, onde conheceu a família Kano. Eles eram uma antiga linhagem japonesa envolvida na fabricação e comércio de saquê desde pelo menos o século 17. 

Jirōsaku Mareshiba, portanto, começou a trabalhar com os Kanos, neste caso com Jisaku Kano. Este último, muito feliz com os esforços feitos por Jirōsaku Mareshiba, agradeceu-lhe dando-lhe sua filha Sadako. Ainda mais surpreendente para um observador moderno, embora fosse comum no Japão naquela época, Jisaku Kano o adotou. Foi assim que Shōgenji Maretake tomou o nome de Kano, que então permaneceu na família, da qual Jigoro obviamente se beneficiou. 

Com o passar dos anos, Jirōsaku 'Kano' tornou-se o representante oficial dos Kanos. Ele estava no centro do desenvolvimento das primeiras empresas comerciais japonesas, foi também um dos membros fundadores da primeira linha marítima entre Kobe, Oita e Edo (Tóquio) e interveio no desenvolvimento militar-industrial do país. Mais tarde, ele entrou na administração e esteve envolvido no desenvolvimento das relações comerciais do Japão nos estaleiros e na expansão do Palácio Imperial. Quando Jirōsaku Kano morreu em 1885, ele era o Secretário-Geral da Marinha Nacional. 

Se voltarmos à infância de Jigoro Kano, alguns anos antes, em Kobe, estamos em plena abertura do Japão ao mundo e os contatos com o exterior estão se intensificando. A família Kano estava na linha de frente. Jigoro herdou, portanto, uma forte bagagem intelectual do ramo paterno e a bagagem de abertura ao mundo do ramo materno; uma mistura que fazia maravilhas.

Jirōsaku Kano, pai de Jirogo Kano - © O Instituto Kodokan

Jigoro tinha dois irmãos (Kyūsaburō e Kensaku) e duas irmãs (Ryūko e Katsuko). Ele era o mais novo dos meninos. Seu irmão mais velho trabalhou com seu pai e várias famílias ao redor de Kobe antes de se mudar para o norte do Japão para iniciar seu próprio negócio. Seu segundo irmão participou da construção do porto de Osaka, enquanto sua irmã teve três filhos que seguiram os ensinamentos de Jigoro, mais tarde em sua idade adulta. Voltaremos a isso em um artigo posterior, quando nos concentraremos nas conquistas do fundador do judô. 

É notável ressaltar que um de seus sobrinhos, Nango Jirō, tornou-se o segundo presidente do Kodokan. Também é importante dizer que a maioria dos membros da família Kano ocupou cargos de importância ou foi casada com notáveis na administração japonesa, bem como na indústria ou no setor privado. A família Kano estava bem estabelecida e desempenhou um papel importante no desenvolvimento do Japão. 

Como vimos no primeiro artigo, infelizmente, Kano perdeu a mãe muito cedo, quando tinha apenas dez anos de idade. No entanto, mesmo que ele só a conhecesse durante os primeiros anos de sua vida, ela continuou a inspirá-lo por um longo tempo com sua abordagem educacional que era cheia de sentimentos e amor, sendo rigorosa. Sadako era um guia para Kano, quer ela estivesse fisicamente presente em sua vida ou não. Ela lançou as bases do que seria sua vida como educadora. 

É inegável que Kano, desde a sua mais tenra infância, mostrou habilidades surpreendentes em questões da mente. Sendo de grande curiosidade, ele estava sedento de conhecimento e floresceu na descoberta de tudo ao seu redor. Seus pais, mais tarde apenas seu pai, bem como toda a sua família, queriam o melhor para seus filhos e davam considerável importância à educação. Kano deveria, portanto, ter frequentado uma das escolas do bairro de Mikage, a chamada "Terakoya".

O irmão mais velho do bisavô de Jigoro Kano assumiu a Kiku-Masamune Sake Brewing - © Kiku Masamune

Essas escolas apareceram no início do século 17. Eles eram uma espécie de extensão das estruturas escolares em relação aos templos budistas. Antes do período Edo no Japão, as escolas públicas eram apenas para os filhos de samurais e famílias governantes. Então eles gradualmente se abriram para a ascensão da classe mercante. Numerosos nas grandes cidades, bem como nas regiões rurais e costeiras, eles não correspondiam à ideia que os pais de Jigoro tinham de aprendizado. Eles foram abolidos no início da era Meiji e substituídos por um sistema com escolas públicas para todos. 

Aqui está o que Jigoro Kano disse sobre isso: "Quando eu era criança, não havia escolas primárias como hoje e a maioria das crianças do bairro foi para o que eram chamados de terakoyas, onde recebiam educação primária. No entanto, no que me diz respeito, meu pai, que era originalmente filho de Shōgenji Maretake, ministro do Santuário Hiyoshi de Gōshū, um estudioso de letras japonesas, chinesas e budistas, estudou letras chinesas desde a infância. Ele foi adotado pela família Kanō enquanto ele estava passando pelos arredores de Mikage e ele passou a comentar sobre as Conversas de Confúcio, o que agradou o avô Kanō que finalmente o adotou; é por isso que meu pai não aceitou que eu pudesse ser enviado para um terakoya comum. A partir dos sete anos de idade, sob a orientação, é claro, de meu pai e meu avô, comecei a visitar a casa de um homem chamado Yamamoto Chikuun, um pintor de Sanuki que tinha uma segunda casa em Mikage, onde aprendi, em particular, caligrafia e os clássicos chineses. Então fui a um médico chamado Yamagishi, onde dei meus primeiros passos em kanji." (Fonte: http://judo-o-miru.fr/kano-jigoro/sa-formation)

Jigoro Kano, portanto, assistia a aulas particulares. Após a morte de sua mãe, Kanō foi enviado para se juntar a seu pai em Tóquio. Ele tinha apenas um desejo na vida: aprender e transmitir. Ele entrou em um primeiro curso particular, onde continuou seu aprendizado de clássicos chineses e caligrafia. Suas habilidades foram notadas por seu professor. Ubukata Keidō aconselhou-o a estudar inglês. Ele então se matriculou no curso particular de Sannyū. Ele foi então equipado para seguir os estudos japoneses e os estudos ocidentais ao mesmo tempo. 

Muito rapidamente, Kano ingressou no curso privado de Ikuei, com o ensino orientado para línguas estrangeiras e, em seguida, ele entrou em uma primeira escola pública, a Escola de Línguas Estrangeiras. Ele continuou sua maratona de educação entrando na escola Kaisei. Graduou-se em 1877, o que abriu as portas para a Universidade de Tóquio, que acabara de ser fundada. Durante um primeiro curso universitário de quatro anos, ele se interessou por economia e ciência política, que ele completou com um ano de estudo em filosofia.

Jigoro Kano tinha apenas vinte anos e seu conhecimento já era enciclopédico. Com uma cabeça bem construída, parecia óbvio que uma grande carreira estava aberta para ele. Fortalecido por sua herança familiar, ele estava pronto para enfrentar a vida, mas sofreu e vinha sofrendo há muito tempo devido à sua pequena estatura e às provocações e bullying que recebia na escola. Ele tinha uma solução, mas para isso ele tinha que estudar, estudar em um campo que à primeira vista parecia o oposto do que ele havia empreendido. Ele tinha que ser capaz de se defender. Isso veremos em um episódio futuro.

Por: Nicolas Messner - Federação Internacional de Judô

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Pesquisa: Identificação sobre a importância de Habilidades Psicológicas necessárias para o desenvolvimento do talento esportivo no judô


O professor Dr. Leandro Carlos Mazzei e a mestranda Mariane Cristina Vedana estão realizando uma pesquisa sobre as Habilidades Psicológicas necessárias para o desenvolvimento do talento esportivo no judô.

Para tanto, solicitam a ajuda de todos que se interessam pelo assunto para responder a pesquisa, que levará apenas alguns minutos e a sua vivência e experiência será de grande importância para contribuir com o ganho de informações para o judô brasileiro.

As respostas são confidenciais e não serão identificadas individualmente.

Clique no link abaixo para responder a pesquisa.


Por: boletim OSOTOGARI


Temporada 2023 da Seleção Brasileira de Judô começa nesta sexta-feira (27), no Grand Prix de Portugal


A Seleção Brasileira de Judô terá seu primeiro desafio no Circuito Mundial IJF 2023 a partir desta sexta-feira (27), no Grand Prix de Portugal. Com expectativa de receber mais de 560 judocas de 82 países, a competição marca a abertura do ano pré-olímpico e vai reunir alguns dos principais nomes da modalidade em Almada, cidade da região metropolitana de Lisboa, nos dias 27, 28 e 29 de janeiro.

Para a estreia, o Brasil vai contar com 25 atletas, mesclando o grupo de elite da seleção e novos nomes que chegaram pela Seletiva Nacional.

Para muitos, será a primeira oportunidade de marcar pontos no ranking mundial e abrir caminho para a classificação rumo ao Mundial de Doha, em maio. 

Essa será a segunda edição do Grand Prix de Portugal. Em 2022, o Brasil conquistou duas medalhas: ouro com Rafaela Silva (57kg) e bronze com Maria Portela (70kg). Uma boa colocação na etapa significa um ganho de até 700 pontos (campeão) no ranking mundial sênior. 

Confira abaixo a delegação brasileira em Portugal:

Atletas

Seleção Feminina:

48kg — Amanda Lima (Minas Tênis Clube/FMJ)

48kg — Natasha Ferreira (Sociedade Morgenau/F.PR.JUDÔ)

52kg — Thayná Lemos (Instituto Reação/FJERJ)

52kg — Yasmim Lima (Instituto Reação/FJERJ)

57kg — Jéssica Pereira (Instituto Reação/FJERJ)

57kg — Rafaela Silva (C.R. Flamengo/FJERJ)

63kg — Gabriella Mantena (Minas Tênis Clube/FMJ)

63kg — Ketleyn Quadros (Sogipa/FGJ)

70kg — Aléxia Castilhos (Sogipa/FGJ)

70kg — Ellen Froner (E.C. Pinheiros/FPJ)

78kg — Millena Silva (Minas Tênis Clube/FMJ)

78kg — Samanta Soares (Instituto Reação/FJERJ

+78kg — Giovanna Santos (C.R. Flamengo/FJERJ)

Seleção Masculina:

60kg — Matheus Takaki (Sogipa/FGJ)

60kg — Ryan Conceição (Instituto Reação/FJERJ)

66kg — Eric Takabatake (E.C. Pinheiros/FPJ)

66kg — Phelipe Pelim (E.C. Pinheiros/FPJ)

73kg — Michael Marcelino (SESI-SP/FPJ)

81kg — Eduardo Yudy Santos (E.C. Pinheiros/FPJ)

90kg — Giovani Ferreira (E.C. Pinheiros/FPJ)

90kg — Marcelo Gomes (Sogipa/FGJ)

100kg — Eduardo Bettoni (Minas Tênis Clube/FMJ)

100kg — Leonardo Gonçalves (Sogipa/FGJ)

+100kg — João Cesarino (Instituto Reação/FJERJ)

+100kg — Rafael Silva (E.C. Pinheiros/FPJ)

Comissão Técnica

Marcelo Theotonio — Chefe de Delegação

Maicon Maia — Sub-chefe de Delegação

Antonio Carlos "Kiko" Pereira — Treinador

Andrea Berti — Treinadora

Marcus Agostinho — Treinador

Rafael Sugino — Médico

Ricardo Amadei — Fisioterapeuta

Danilo Mansueto — Fisioterapeuta

AGENDA GRAND PRIX PORTUGAL 2023

Sexta-feira (27/01) — F: -48kg; -52kg; -57kg e M: -60kg; -66kg

Sábado (28/01) — F: -63kg; -70kg e M: -73kg; -81kg

Domingo (29/01) — F: -78kg; +78kg e M: -90kg; -100kg; +100kg

Horários:

Preliminares — a confirmar

Finais — 14h (horário de Brasília)

Transmissão ao vivo:

Preliminares — Live IJF

Finais — Canal Olímpico do Brasil

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

Foto: Anderson Neves


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Projeto Budô: Vídeo com a História de Jigoro Kano supera 52 mil visualizações


Quando o assunto é pesquisa sobre judô, o Canal do Projeto Budô tem sido a referência no assunto. Várias escolas de judô estão utilizando o conteúdo do canal para estudos, principalmente para realização de exames de faixa. 

A organização minimalista do canal se supera em conteúdo e qualidade. Tudo desenvolvido com a mais pura paixão e técnica e os números não negam essa tendência.

De forma totalmente orgânica, o Canal do Projeto Budô tem chegado à milhares de pessoas e de dojôs que buscam material sobre judô em formato audiovisual e se surpreendem com o material que é disponibilizado, totalmente de graça, e com uma didática surpreendente.

E o vídeo com a história de Jigoro Kano acaba de superar a marca dos 52 mil views. Para um canal de nicho os números surpreendem, e o melhor, motiva o professor Vinícius Erchov a continuar produzindo e publicando mais conteúdos interessantes e que ajudam os judocas a aprenderem o verdadeiro judô tradicional japonês.

Vale destacar que quando professor Erchov produziu esse vídeo ele estava graduado no 5º dan. Atualmente Vinícius Erchov é Kôdansha 6º dan.

Confira abaixo o vídeo com a História de Jigoro Kano:


O Projeto Budô faz parte da equipe de sponsors do boletim OSOTOGARI

Seja um Aluno em 2023!

(11) 9-8222-0115
Rua Antonio de Mariz, 123
Lapa, São Paulo - SP

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(8054) Projeto Budô - YouTube

Por: Boletim OSOTOGARI




domingo, 22 de janeiro de 2023

Feliz Ano Novo Chinês


Com o Ano Novo Chinês chegando, veio uma aula especial de treinamento que ocorreu na China. A ex-atleta olímpica, Li Shufang, ainda está muito envolvida com o judô e usa seu judogi regularmente, trabalhando com crianças para transferir sua paixão pelo esporte. Com uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2000 em Sydney, ela também competiu em 2004 em Atenas.


A sessão especial de judô foi a última aula de treinamento do ano chinês. "Organizamos um evento especial de amizade. Durante o dia, as crianças receberam prêmios e presentes", explicou Li Shufang, antes de acrescentar: "Ficamos no tatame para dizer adeus ao ano velho e dar as boas-vindas ao novo e desejamos às crianças de todo o mundo sucesso em seus estudos, crescimento saudável e judô feliz". 

Li Shufang então explicou: "Na China, a maioria dos pais não tem uma compreensão profunda do judô e não tem conhecimento suficiente dos valores do judô. Esperamos que mais pessoas possam ter uma compreensão correta do judô no futuro. Para isso, precisamos divulgar melhor quem somos e o que fazemos em nossos dojos. O judô não é apenas sobre competição, mas mais sobre obter felicidade com ela. Muitas pessoas ignoram o significado educacional mais amplo desse movimento. Remodelar e comercializar o judô não é uma tarefa fácil", mas pode-se dizer que o que Li Shufang está fazendo é ajudar a aumentar a conscientização sobre o que o judô pode trazer para a sociedade.


O objetivo é que, independentemente das habilidades existentes ou origem social, as crianças devem ser ensinadas os verdadeiros valores do esporte. "Reinventamos tudo e vamos estabelecer um novo modelo de clube, onde a parte mais importante é a diversão. Algumas crianças querem treinar loucamente, mas a maioria das crianças não", disse Li Shufang. 

"Acreditamos firmemente que o judô foi criado como uma ferramenta para cultivar pessoas melhores para a sociedade. Seguimos esta ideia para difundir e promover os nossos valores. Acreditamos que o verdadeiro valor das competições de judô e medalhas internacionais está no desenvolvimento físico, psicológico e moral das pessoas. Isso significa que todos desempenharão um papel importante no judô, desde que se concentrem no autodesenvolvimento, independentemente de terem talento no judô. Desta forma, eles podem ganhar uma saúde melhor, dominar novas habilidades psicológicas, como definição de metas e tomada de decisões, e se tornar pessoas úteis para a sociedade.


Através da orientação de treinamento fornecida pela Federação Internacional de Judô e com inspiração vinda de todo o mundo, Li Shufang estabeleceu seu próprio currículo. "Nossa visão é trabalhar para que todas as crianças tenham a oportunidade de participar de cursos de judô em nossas escolas. Queremos levá-los ao tatame. Sob as iniciativas do IJF, nos esforçamos para ajudar as crianças a estabelecer os valores fundamentais do judô: amizade, honra, respeito, modéstia, cortesia, coragem, autocontrole, sinceridade e também diversão. Isso contribuirá para o desenvolvimento do judô no mundo e esperamos melhorar nossa sociedade e promover a equidade, a excelência e a justiça. Esperamos educar as crianças através do judô e seus valores e construir uma sociedade melhor".


Li Shufang e seus amigos esperam compartilhar suas histórias e ideias amplamente porque esperam espalhar os valores do judô através da promoção do esporte para educar as crianças e construir uma sociedade melhor. Não há dúvida de que eles terão sucesso. Enquanto isso, feliz ano novo!

Por: Nicolas Messner - Federação Internacional de Judô

O Escopo do Judô Escolar Competitivo


Esta semana participei de uma competição regional para crianças em idade escolar no Reino Unido. Era ocupado e barulhento e muito produtivo. A gama de habilidades no evento foi ampla, com alguns jovens judocas claramente competindo pela primeira vez, enquanto outros já haviam mergulhado o dedo do pé nas águas dos campeonatos nacionais.

O espírito do evento pode muito bem ter sido a parte mais marcante, com a educação em exibição em todos os lugares. Os treinadores variavam de assistentes adolescentes a treinadores olímpicos, todos trabalhando com seus jogadores do clube. Em cada nível houve uma distribuição de informações, distribuição gratuita de conselhos de desenvolvimento totalmente engajados e tudo foi bem recebido. Os organizadores foram simpáticos às necessidades de todas as idades e níveis de participantes e também entenderam que os pais e as famílias também precisam de gestão. Nesta arena, os pais aprendem a abordar o judô competitivo, como lidar com a perda e a vitória, como alimentar seus filhos, como interagir com o treinador em um novo ambiente e muito mais. 


Continuando com o tema da educação e inclusão, o evento recebeu 4 árbitros qualificados da IJF. Esta é uma estatística impressionante a este nível. Entre elas estava Marion Woodard, uma das verdadeiras pioneiras do esporte, abrindo caminho para a arbitragem internacional para mulheres na década de 1990, quando era quase exclusivamente um domínio masculino. Representou a Grã-Bretanha, de camisola e gravata, nos campeonatos europeus e nos campeonatos mundiais de juniores e seniores, entre outros torneios de prestígio e, tendo agora se retirado do alto nível, continua ativa em casa, trabalhando para a excelência, um farol de possibilidade para quem agora escala. 


Marion Woodard (GBR) arbitrando no Grand Slam de Paris de 2004. 
Foto gentilmente cedida por David Finch e JudoPhotos.com

A colaboração entre o desenvolvimento e o nível de elite é praticamente única para o judô no mundo esportivo e algo que devemos reconhecer e valorizar. Os recém-chegados têm a oportunidade de trabalhar ao lado dos melhores, de treinadores a árbitros e, na verdade, enquanto estamos no assunto, vários dos organizadores do torneio estiveram presentes atrás de placares ou em outras funções técnicas nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Essa mistura de experiência e conhecimento é uma sala de aula para todos os envolvidos e merece destaque. 


Koshukai: o Judô para além do Esporte


O fato de a IJF (International Judo Federation) contar com mais de 200 países-membros é apenas um indicativo de como, pelo menos desde 1964, quando foi incluído no programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Judô vem se consolidando como um dos esportes mais difundidos em todo o planeta. Entretanto, para além dos torneios, rankings, categorias, tatames de vinil, placares eletrônicos e transmissões ao vivo via internet, o Judô segue sendo um terreno fértil para o compartilhamento de conhecimentos e tradições. Um exemplo concreto desta fertilidade ocorreu nos dias 14 e 15 de janeiro, em Macaé, com a realização de mais uma edição do Koshukai, organizado pelo sensei Shiro Matsuda, que lembrou as motivações que o levaram a criar o evento:

“Okano Shuhei, sensei em São Paulo, era uma grande referência minha. Em um dos nossos últimos encontros ele me apresentou o sensei Hatiro Ogawa, um grande homem cuja família é um marco na introdução do Judô no Brasil. Posso dizer que foi um dos maiores presentes que ganhei na vida. O sensei Hatiro Ogawa, além de ter grande conhecimento e ser um ícone do Judô nacional, é uma pessoa carismática que conquista a amizade e o apreço de todos por onde ele passa. Fizemos uma grande amizade e ele nos incentiva muito a passar conhecimento de linguagem japonesa, buscando facilitar e aumentar a compreensão de todos do que seria verdadeiramente o Judô na íntegra”, começou o sensei Matsuda, que prosseguiu detalhando o nascimento do Koshukai:

“Desde 2018, o sensei Ogawa visita nosso dojo em janeiro, trazendo muitos ensinamentos, trocas de conhecimento e alegrias. Ele nos renova e alimenta, nos incentivando muito a compartilhar com mais pessoas esses conhecimentos. Cada vez que o convidamos para esse encontro ele reforça a importância de entender mais sobre a ligação do Kanji original com as técnicas que eles nomeiam. Foi então que resolvemos expandir esse convite para outros professores que desejassem aprender e crescer uns com os outros, pois todo conhecimento é uma troca”, concluiu o sensei Matsuda.

A edição de 2023 do Koshukai contou com mais de 10h de atividades teóricas e práticas, contemplando temas como fundamentos básicos, pedagogia e abordagens de ensino para o público infantil e linguagem técnica do Judô, tudo permeado por tradições e elementos da cultura japonesa. Até por isso, o sensei Marco Aurelio da Gama e Silva, Presidente da Comissão Estadual de Graus da FJERJ, definiu o evento como uma imersão na cultura japonesa: “O sensei Matsuda, pela sua humildade, nunca diz o tamanho de sua importância, mas ele é de muita relevância não só para a difusão do Judô, notadamente na região norte fluminense do Rio de Janeiro, mas da cultura japonesa. Diria que ele é um embaixador da cultura japonesa no Brasil”.

Além da celebrada presença do sensei Hatiro Ogawa, o evento recebeu praticantes oriundos de outras cidades do Rio de Janeiro, como Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia, São Gonçalo e Petrópolis, além de Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. Entre os convidados, o sensei Shiro Matsuda destacou a presença do sensei Jucinei Costa, presidente da FJERJ: “Foi fundamental e importantíssima a presença do nosso presidente Jucinei Costa ao Koshukai, pois aproxima a FJERJ de núcleos do interior distantes como o nosso. As pessoas puderam tirar inúmeras dúvidas diretamente com o dirigente máximo de nossa federação e todos gostaram muito de tê-lo por aqui”.

A participação do sensei Jucinei Costa também foi exaltada pelo Coordenador do Núcleo Regional Costa do Sol (8°Região) da FJERJ, o sensei Marco Alberto de Souza, que era só elogios ao evento em Macaé: “O Koshukai, capitaneado pelo sensei Shiro Matsuda, juntamente com o sensei Hatiro Ogawa, foi de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento técnico da comunidade do Judô não só da nossa região, mas também de outras regiões que marcaram presença neste grandioso evento e que puderam desfrutar de todos os ensinamentos. Foi um evento inesquecível, proveitoso e edificante, que deu a oportunidade a muitos atletas e professores de diferentes idades e lugares de conhecerem um pouco mais sobre os fundamentos que norteiam o Judô, com verdadeiros expoentes da nossa modalidade. A presença do nosso presidente da FJERJ, sensei Jucinei Costa, abrilhantou o evento, dando notoriedade àquilo que foi preparado com tanto carinho”.

Mesmo o mês de janeiro sendo um período do ano muito exigente para a função de presidente da FJERJ, o sensei Jucinei Costa fez questão de privilegiar o Koshukai e não escondeu a satisfação pela forma como foi recebido:

“Não tenho palavras para agradecer o respeito com o qual fui tratado por todos os presentes ao evento, nem para demonstrar o orgulho que senti pela experiência vivida ao lado de mestres tão proeminentes como os senseis Shiro Matsuda e Hatiro Ogawa. Sabemos que o Judô está entre os esportes que apresentam uma estrutura de competições ampla, difundida e moderna, e a FJERJ não poupa esforços para organizar um calendário adequado a esta estrutura. Mas sabemos também que o Judô ultrapassa o que se vê nas competições, de modo que eventos como o Koshukai são essenciais para que os conhecimentos e tradições do Judô sigam sendo compartilhados e renovados. Por isso, a Federação reverencia o sensei Shiro Matsuda e a sua iniciativa”.

Separando o termo Koshukai para traduzi-lo, tem-se que “Ko” é ensinar, “Shu” é aprender, e “Kai” é grande encontro, ou seja, Koshukai significaria um grande encontro para ensinar e aprender. Porém, talvez a melhor definição de Koshukai venha da sabedoria do próprio sensei Shiro Matsuda: “Aqueles que estão dando aulas de Judô devem sempre oferecer total segurança aos praticantes e grande qualidade de ensino técnico, de filosofias e de cultura. O Judô é muito mais que um esporte, ele é permeado de filosofia. Uma ferramenta de lapidação do ser humano”.

Por:  Diano Massarani - Time Judô Rio    Foto: Ju Borba



Araras: Associação Mercadante na Seletiva Olímpica Paris 2024


O judoca Alexandre Santos, integrante do Projeto Kimono de Ouro participou da “Seletiva Nacional de Judô - Projeto Paris 2024” na última segunda-feira (16) na capital paulista. Nosso judoca garantiu o sétimo lugar após realizar três lutas.

Além dele, outros três judocas que foram do Projeto Kimono de Ouro também participaram da seletiva e fizeram bonito. O destaque ficou para o atleta Yudy Santos (Esporte Clube Pinheiros) que sagrou-se campeão e mantém seu lugar na seleção brasileira principal compondo a elite do judô brasileiro. Seguido dele, a judoca Sarah Souza (Esporte Clube Pinheiros) ficou com o honroso terceiro lugar após realizar seis lutas. E por último e não menos importante, o judoca João Paulo Correa (Clube Athlético Paulistano) que não consegui classificação.

“Parabenizo nosso atleta Alexandre Santos pelo desempenho apresentado nessa competição, onde o nível é alto e todos os judocas dão o melhor de si para alcançar o objetivo. Também não posso deixar de mencionar minha felicidade em poder ver nossos judocas que representam outros clubes brilhando em competições dessa importância, levando o nome de Araras para o mundo todo. Parabéns a todos pelo resultado, isso é fruto de um trabalho que já dura três décadas”, relata o comendador e professor kodansha Marcos Mercadante.


Por: Associação Mercadante de Araras


sábado, 21 de janeiro de 2023

#tbt do livro "A Trajetória de um Doutorado"


Com prefácio do Prof. Dr. Luciano A. Prates Junqueira (um dos maiores intelectuais em Administração e Saúde Pública do país) e colaboração de Iara Mola (doutoranda em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie), a trajetória deste livro se confunde com o percurso da vida acadêmica do próprio autor que, como então doutorando em Administração pela PUC-SP, transformou três das suas maiores paixões em três dos seus mais recorrentes problemas de pesquisa.

Dividida em Resultado, Esporte e Crítica, esta obra reúne uma breve análise e a seleção de seis artigos acadêmicos que, mais do que simplesmente compor A Trajetória de um Doutorado, podem igualmente indicar um caminho de estudo e de pesquisa para interessados no doutorado em Administração, além de revelar o processo de amadurecimento de um pesquisador essencialmente qualitativo. Livro feito com a conceituada Editora Labrador de Daniel Pinsky.

Saiba mais sobre esse e outros livros em: https://lnkd.in/dexyWxFM

Por: ASCOM ICI


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Jigoro Kano: Um Jovem (1)

Jigoro Kano, de 11 anos (à direita) - © Instituto Kodokan

O que não foi dito sobre o fundador do judô, Jigoro Kano? O que não foi explicado sobre seu método de ensino, o judô? Mas será que realmente conhecemos o homem que dedicou sua vida à educação? "Nada sob o sol é maior do que a educação. Educando uma pessoa e enviando-a para a sociedade de sua geração, damos uma contribuição que se estende por cem gerações vindouras".

Como, em um Japão que estava apenas começando a se abrir para o mundo, um nativo da região de Kobe se viu no centro das reformas educacionais mais modernas do país? E por quê? Quais foram exatamente as diferentes posições que Kano ocupou dentro do sistema japonês que o ajudaram a promover suas ideias? Como ele foi capaz de estabelecer os princípios do esporte, quando ele não tinha mais de 22 anos quando o judô foi inventado? Aqui estão algumas perguntas que não são insignificantes ao tentar entender como o judô se desenvolveu não apenas no Japão, mas se tornou um esporte importante no programa olímpico hoje. 

Assim, para entender melhor o judô, é impossível ignorar o homem, cujo cérebro fervente inventou os conceitos e a filosofia que, mais de 140 anos depois, ainda são relevantes. O Japão de Kano e, por extensão, o mundo da época não eram os mesmos de hoje e, no entanto, os princípios do uso máximo de energia (seiryoku zenyo) e da ajuda e benefício mútuos (jita kyoei), constituindo a espinha dorsal do judô, são mais necessários do que nunca. 

Nesta primeira parte, vamos nos concentrar na juventude de Jigoro Kano, sua infância antes do judô ser inventado. Passo a passo, em uma série de artigos, destacaremos o que faz do grande homem, um personagem cujo legado não é apenas útil e necessário para a nossa comunidade de judô, mas de forma mais geral e com toda modéstia, para a humanidade, ainda tão relevante em 2023. 

Se falamos de modernidade na abordagem de Kano, devemos também falar de tradição, porque desde cedo o jovem Kano foi criado na tradição japonesa de seu tempo, uma tradição à qual ele sempre permaneceu ligado, caracterizada pela educação clássica que recebeu. Por exemplo, ele escrevia chinês e conhecia os clássicos perfeitamente. Ele mergulhou em um mundo onde o respeito pelas regras, a obediência individual ao grupo e à autoridade superior, características do neoconfucionismo, eram necessárias. No universo de Kano reinava a humanidade, a justiça, a correção, a sabedoria, a fidelidade e a sinceridade.

Salão Público Mikage

O feito posterior de Kano foi combinar essa tradição com uma visão muito mais moderna da educação, conseguindo fazê-lo sem criar uma divisão entre os dois. É por isso que podemos dizer que, ainda hoje, o judô representa a síntese perfeita entre tradição e modernidade. O judô ajuda é entender o passado, viver no presente, para um futuro melhor. 

Porque ele tinha um temperamento forte, uma grande capacidade de síntese e análise e era um workaholic, Kano conseguiu ligar duas abordagens educacionais que tudo parecia se opor. 

Para entender isso, devemos lembrar que, quando Kano nasceu em 1860, o Japão estava em tumulto enquanto seu sistema feudal, o Xogunato ou Bakufu, em vigor há séculos, estava prestes a entrar em colapso. O xogunato Tokugawa, sob o período Edo, também conhecido sob o nome de Bakumatsu, estava prestes a tocar, uma vez que foi em 1868, quando Jigoro Kano tinha apenas oito anos de idade, que o Japão pôs fim à sua política isolacionista, conhecida como sakoku, e modernizou o sistema feudal do xogunato para dar origem ao governo Meiji. 

Os anos anteriores já haviam começado a soar a sentença de morte do Japão medieval. Entre os eventos deste período incerto, houve alguns que tiveram uma influência inegável sobre Kano e sua família e sobre o futuro do judô. Assim, em 31 de março de 1854, o "Tratado de Paz e Amizade entre os Estados Unidos da América e o Império do Japão" foi assinado. Este tratado previa a abertura de vários portos japoneses a estrangeiros. Mais tarde, seguiram-se tratados com a Rússia, Inglaterra e França. Foi, portanto, em 1867 que o porto da prefeitura de Hyōgo (Kobe) abriu suas portas para o mundo. Kano se beneficiou de sua nova abertura a outros países. 

Porto de Kobe hoje

Nascido em Mikage em 28 de outubro de 1860, na casa da família, a apenas dez quilômetros de Kobe, Kano, cujo nome de infância era Shinnosuke, rapidamente viu mais e mais não-japoneses passarem em frente à sua casa. A escola naval de Kobe, não muito longe dali, estava atraindo mais e mais pessoas e a atividade do porto estava seguindo uma trajetória exponencial. Se hoje a região parece uma série contínua de cidades e subúrbios modernos, nesta segunda metade do século 19, era bem diferente. 

Mikage era uma pequena aldeia, à sombra do Monte Rokkō, cuja proteção garantia invernos mais amenos do que em outros lugares. A casa da família, um grande edifício de dois andares articulado em torno de dois quartos e um jardim de estilo japonês, foi chamado Senbankaku. O mar estava a poucos passos de distância e o jovem Kano passava um tempo lá pescando, em contato e comunhão com a natureza. 

Yokoyama Kendo, que mais tarde se tornou um dos primeiros alunos de Kano no Kodokan, descreveu suas impressões de Mikage, que ele visitou muito mais tarde (fonte: Jigoro Kano, Père du Judo - Michel Mazac - Budo Editions, 2014), "Foi sem dúvida este mar onde o mestre aprendeu o básico da natação que ele amava, este grande palco natural para a ginástica ideal onde ele descansou deitado na bela areia branca ... Era um grande dojo natural de imensas dimensões em paz, liberdade e generosidade."

Voltaremos em outro artigo, sobre a família de Jigoro Kano, a fim de entender melhor o ambiente social em que ele evoluiu, mas é necessário a partir de agora saber que ele perdeu sua mãe muito jovem, quando tinha apenas dez anos de idade. É óbvio que esse trauma o marcou profundamente. Sadako Kano era uma mulher de princípios, ambas muito carinhosas com seus filhos, sendo rigorosa e intransigente. Kano descreveu sua mãe como uma mulher cativante, mas que sabia como repreender com autoridade quando necessário.

Kobe e a prefeitura de Hyōgo hoje

A partir dos sete anos de idade, Kano aprendeu a ler e escrever a partir de textos de Confúcio. Se isso não era excepcional em si mesmo na época, não se pode evitar admirar tal precocidade. O que talvez seja ainda mais impressionante e dê uma ideia de como seria sua vida mais tarde, é que, a partir dos oito anos de idade, ele gostava de ensinar a outras crianças o que havia aprendido. Ele já tinha a alma de um educador. 

Se a vida de Kano era bastante pacífica em Mikage, parece que muito rapidamente, ele se sentiu apertado lá. A morte de sua mãe e a transferência por razões profissionais de seu pai para Edo, logo conhecida como Tóquio, pois durante a Restauração de 1968 o governo Meiji renomeou a cidade e a designou a capital do Japão, em detrimento de Kyoto, deu-lhe a oportunidade de imaginar a vida que ele sonhava. Ele não disse a suas irmãs: "Eu não vou viver muito tempo em Mikage. Enfim, vou para Edo e me tornarei um grande homem" (fonte: Jigoro Kano, Père du Judo - Michel Mazac - Budo Editions, 2014). Aos onze anos de idade, Jigoro Kano chegou a Edo. 

A primeira parte de sua vida, não muito longe de Kobe, havia deixado sua marca. Em contato com viajantes estrangeiros, ele havia aprendido e entendido que havia um mundo além da costa japonesa. Este mundo ele sonhava em conhecer e talvez conquistar. Aos quatorze anos, Kano começou a aprender inglês diligentemente, com professores estrangeiros. Ao mesmo tempo, ele aperfeiçoou seus conhecimentos da história clássica japonesa e chinesa e desenvolveu uma paixão pela caligrafia, que permaneceu uma de suas grandes paixões até sua morte. Ainda com a idade de quatorze anos, ele estava a ponto de colocar sua vida em uma engrenagem que o guiaria a partir daí: sua necessidade de transmitir e ensinar com o sonho de criar uma sociedade mais justa. Kano ainda não era o velho homem que todos vemos em dojos ao redor do mundo. Ele era jovem, dinâmico, apaixonado e já tinha uma forte educação baseada em valores, mas era pequeno e magro e isso teve uma influência muito grande no futuro. No entanto, essa é outra história; a ser continuado.

Por: Nicolas Messner - Federação Internacional de Judô

As eleições da FPJ estão marcadas para 19 de fevereiro



Destituído em dezembro em Assembleia Geral, o presidente da Federação Portuguesa de Judô (FPJ) entre 2017 e 2022, Jorge Fernandes, oficializou a entrega de nova lista candidata às eleições do organismo, com um grande apoio dos delegados.

«A lista foi subscrita por 42 delegados (dos 61). Não diria que é uma vitória antecipada, porque o voto é secreto, mas julgo que, é o que tenho dito desde o início, 90 por cento do judô está conosco», disse Jorge Fernandes à agência Lusa.

O dirigente entregou a lista na quinta-feira, um dia antes do prazo final, e as escolhas para os órgãos sociais não diferem muito relativamente ao mandato anterior.

Jorge Fernandes continua a contar com Carlos Andrade como presidente da Assembleia Geral, Nuno Carvalho na Arbitragem, António Borrego no Conselho de Justiça e Hélder Lourenço no Conselho de Disciplina.

A mudança mais relevante é a proposta para o Conselho Fiscal, órgão de que saem os anteriores titulares, entrando Hélder Cortes como candidato a presidente e Augusto Almeida e José Vítor Costa como vogais.

As eleições da FPJ estão marcadas para 19 de fevereiro e acontecem após a destituição do presidente Jorge Fernandes a 18 de dezembro, após um inquérito concluído pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).

Desse inquérito, o IPDJ já extraiu outro, em relação a alegadas irregularidades em convocatórias internacionais, mas também aqui Jorge Fernandes diz nada temer que o possa fazer perder na ‘secretaria’ uma nova presidência da Federação.

«Já paguei pelo que estava para trás e esse processo tem dois anos quase, também foi resolvido na altura e não tenho nada a acrescentar. Esse da Joana Crisóstomo, foi quase há dois anos, parece-me a mim que teve a ver com o Europeu em Lisboa e foi respondido na altura e é um ciclo fechado. Estou a pensar no que temos por aí, durante 2023 e 2024», afirmou.

Além de Jorge Fernandes, vai a eleições também a lista liderada por José Mário Cachada, antigo praticante de judô, chefe de divisão da educação e cultura na Câmara de Espinho.

Recorde-se que Jorge Fernandes teve de abandonar a presidência da federação após um inquérito do IPDJ por incompatibilidades ao abrigo do artigo 51 do regime jurídico das Federações Desportivas. 


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