sexta-feira, 9 de abril de 2010

Entrevista: Marcos Elias Mercadante

Na matéria publicada na revista Budô, sobre “Explosão do Judô Feminino Paulista” com a Nathália Mercadante e a Camila Minakawa, pudemos ter uma boa noção do que elas pensam a respeito do judô, a responsabilidade e o sacrifício para se manterem competitivas, dentro do peso, além de conciliarem treinamento de alto rendimento e os estudos. Mas agora, gostaríamos de saber um pouco sobre o que pensa o pai da Nathália, Marcos Elias Mercadante. Por isso vamos fazer esse “uchikomi” rápido e descobrir qual é o filme que passa na cabeça de um pai e técnico que dedica quase que integralmente à preparação de sua filha para participar de competições internacionais de judô.

B.O.: Entre os dias 17 e 31 de março, você acompanhou a sua filha Nathália nos torneios sub 17 e também nos treinamentos de campo na Alemanha. O que você sentiu ao ver sua filha iniciando essa longa caminhada, que poderá culminar na participação dela nas Olimpíadas de 2016?

Marcos: Senti ainda mais nesta viagem, que realmente a Nathália, quer buscar uma vaga olímpica. Competiu e treinou como uma atleta de alto nível, que sabe o que quer no futuro.

B.O.: Qual a sua avaliação, como técnico, do desempenho da Nathália na Alemanha? E como pai, como você faz essa avaliação?

Marcos: Como qualquer atleta, ela tem falhas que serão corrigidas. Por outro lado, vi que o seu condicionamento e a sua força física estão ótimos, quando comparado com as grandes adversárias. Foi importantíssimo a Nathália participar desta competição na Europa. Segurar no kimono neste nível de competição é fundamental para quem quer buscar uma vaga nas Olimpíadas 2016. Ela está no caminho certo. Já como pai, vi que ela foi muito bem e ganhou muita experiência internacional. Fez 3 competições e 15 treinamentos que darão uma outra visão em sua carreira. Além de ser o primeiro ano da categoria Sub 17, temos que levar em conta isso também. Só de estar na Seleção Brasileira Sub 17 com 15 anos, já é um passo muito importante.

B.O.: Muitas pessoas acham que chegar numa olimpíada, basta treinar bastante uns dois anos antes, passar na seletiva e partir para a competição. Explique para nós como é o processo dos ciclos olímpicos e como funciona.

Marcos: No meu ponto de vista, não se faz um atleta olímpico em apenas dois ou cinco anos. Um atleta olímpico se faz desde quando ele nasce. Ele tem que ser completo. Ele tem que nascer com a personalidade olímpica, com a dedicação olímpica e com o talento olímpico. Gostar de competir e viajar todos gostam, mas é preciso gostar muito, muito de treinar. Saber corrigir as falhas e ter humildade. Também vejo que a família é a base que sustenta o atleta olímpico. O esporte tem que estar sempre em primeiro plano, depois os amigos e a vida social.

B.O.: Muitos atletas de alto rendimento hoje participam de treinamentos nos grandes centros de treinamentos e clubes, principalmente nas capitais. A Nathália faz a sua preparação basicamente na sua academia, em Araras, interior de São Paulo. Como é feito o trabalho de preparação física, técnica e tática dela? Qual o peso nesta preparação da equipe da Academia Mercadante?

Marcos: Toda a sua preparação é feita dentro da Mercadante. Temos uma excelente estrutura: dojo, sala de musculação, piscina, o que contribui muito para a evolução dos nossos judocas. Temos também uma equipe de profissionais que sonham junto com a Nathália. Toda parte dos nossos treinamentos são analisados e avaliados entre três profissionais professores: Marcos Mercadante, Bruno Pasqualoto e José Olívio. Juntos decidimos sobre os treinamentos técnicos e táticos, para termos o melhor pico nas competições mais importantes. O condicionamento e a preparação física é montada pelo professor José Olívio, que além de passar os treinamentos, ele faz toda a avaliação dos rendimentos dos atletas, como força e condicionamento físico. Também temos um excelente fisioterapeuta, o judoca Antonio Carlos Bento, que cuida dos nossos atletas, nas piores horas. Sempre digo que o mais importante para a evolução é a união do grupo, que busca o mesmo ideal e para isso temos um excelente grupo de atletas, que gostam de treinar e de estar juntos todos os dias.

B.O.: Para finalizarmos esse "uchikomi", por favor, deixe uma mensagem para os judocas que pretendem seguir a carreira de competidor, sejam em âmbito regional, estadual, nacional e internacional.

Marcos: "Não importa onde você treine. Sempre treine com dedicação, buscando um objetivo, focando uma competição que você acha importante. Então você começará a se destacar no seu grupo. Buscar treinamentos paralelos, em outros clube também é importante para a sua experiência, mas não se esqueça de pedir autorização para o seu sensei. Não se esqueça também que, gostar de competição todo mundo gosta, tem que gostar mesmo é de treinar, só treinando você alcançará o seu objetivo".

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