De Manaus para a seleção brasileira de judô, com escala estratégica em Belo Horizonte. O amazonense Daniel Santos de Moraes, 21, encara a semana mais importante de sua vitoriosa carreira nos tatames. Neste sábado, 26 de março, em Vitória (ES), ele disputa a seletiva nacional final para as Olimpíadas de Londres 2012.
São apenas os quatros melhores atletas do Brasil na competição e Daniel lutará, literalmente, para ficar entre os dois melhores do ligeiro (até 60kg), categoria em que é apontado como uma das novas promessas do esporte verde e amarelo.
“Os dois primeiros em Vitória integrarão as seleções A e B do Brasil, ou seja, terão a tutela da Confederação Brasileira de Judô e disputarão o calendário internacional, que contará pontos para Londres 2012. Tudo só depende dele”, explicou, por telefone, do Rio de Janeiro, o coordenador técnico do time canarinho, Ney Wilson.
Segundo Ney, o próximo passo para quem avançar na seletiva é garantir um lugar entre os 22 melhores do mundo - apenas um por país em cada categoria entra nas chaves dos Jogos Olímpicos.
“A CBJ está de olho nos atletas de todo o Brasil”, enfatizou o coordenador, lembrando que a nordestina Sarah Menezes, do Piauí, é uma das atletas da seleção principal.
Ralação desde criancinha
Daniel deu seus primeiros ippons na academia GMJ, do mestre Gregório Magno Júnior, no Japiim, Zona Sul de Manaus. Foi o trampolim para pódios nos principais campeonatos do Estado. As fronteiras foram superadas e, em 2005, Daniel conquistou a medalha de ouro do Campeonato Sul-Americano, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, novo ouro, agora nos Jogos Escolares Brasileiros, disputados em Brasília.
Após isso, Daniel ganhou bolsa de estudos no Colégio La Salle, no Dom Pedro, Zona Centro-Oeste, e foi treinar com o professor Júlio Prado. A nova parceria rendeu dezenas de pódios no cenário local e nacional.
O “pulo do gato” foi o convite para treinar no Minas Tênis de Clube, em Belo Horizonte (MG). Lá desde 2008, Daniel aprimora a técnica com Floriano Almeida, um dos nomes mais respeitados da modalidade no Brasil. Além disso, tem companheiros como Luciano Corrêa, campeão mundial em 2007, e Ketleyn Quadros, bronze em Pequim 2008.
“Já são três anos longe de casa e os frutos começam a aparecer. O judô sempre foi a minha vida e as conquistas acontecem graças ao trabalho”, disse Daniel, que, lutando pelo clube mineiro, foi bicampeão brasileiro Sub-23 e também o conquistou o inédito brasileiro Sênior.
Com o pé direito
No começo deste mês, Daniel deu, enfim, o “grande salto para frente”: foi chamado pela primeira vez ao time de elite nacional. Em Guayaquil, Equador, faturou as medalhas de ouro na Copa Pan-Americana e no Campeonato Sul -Americano.
“A primeira impressão foi muito boa, mas o caminho até Londres até longo”, advertiu o coordenador técnico.
Extremamente técnico na área de combate, Daniel é de poucas palavras e muitas estratégias na área de combate. Em Manaus, os pais, Jonas e Patrícia, se rendem ao talento do judoca.
“No começo, não entendia muito a paixão do Daniel pelo judô, mas hoje sou o fã número 1. Mesmo de longe, tento acompanhar o desempenho dele nas competições. A família toda está na torcida”, afirmou Jonas.
Feliz pela boa fase, Daniel pede os bons fluidos da torcida amazonense na seletiva do fim de semana. Orações bem-vindas na busca pelo golpe perfeito.