terça-feira, 19 de abril de 2022

FIJ: Brasil Voraz


Agora sabemos que, nas categorias de peso pesado e com poucas exceções, Brasil e Cuba têm a liderança. Então, os altos, fortes e pesados chegaram ao Campeonato Pan-Americano e da Oceania para fazer barulho e, aliás, colocar algumas medalhas em seus bolsos. O Brasil era voraz quando se tratava de morder o ouro.


Para começar, um duplo, algo como uma declaração de intenção do tipo: estamos aqui, senhoras e senhores, e não estamos nos movendo. 

Aos 81kg, Guilherme Schmidt e Vinicius Panini realizaram um duelo fratricida. Guilherme queria que o tatame fosse como a cozinha de sua casa, seu território, onde ele governa. Vinicius queria adicionar mais um à sua coleção de cartões. Schmidt ganhou, primeiro ouro e primeira prata do dia para o Brasil e ainda era cedo. 

Vale ressaltar as duas medalhas de bronze obtidas pelo Canadá, nas mãos de Etienne Briand e François Gauthier. 

Elvismar Rodríguez era o raio de luz da resistência. Não havia como tirar os brasileiros do pódio até que, aos 70kg, o venezuelano decidiu algo como: tudo bem, não vai acabar assim! 

Rodríguez conquistou o ouro, derrotando a brasileira Luana Carvalho, deixando o bronze para a australiana Aoife Coughlan e a brasileira Maria Portela. 

Assim, o Brasil já adicionou um trigêmeo com ouro, prata e bronze. Por sua vez, Cuba aqueceu seus motores. 


Chegou a categoria -90kg, peso em que Cuba tem Iván Silva Morales, recente vencedor do Grand Slam de Antalya, vice-campeão em um campeonato mundial, ou seja, ele não é um iniciante que apenas descobre o sabor do alto nível. Silva Morales foi o responsável por parar os pés do Brasil. Na final, ele venceu Marcelo Gomes, enquanto o dominicano Robert Florentino e o americano John Jayne reservaram os bronzes. 

A vingança brasileira não demorou muito. Mayra Aguiar está entre a elite do judô há uma eternidade. Em Lima, ela não quis perder a oportunidade de ganhar mais uma medalha de ouro, somando as outras quarenta e quatro medalhas internacionais que enchem seu quarto, incluindo dois ouros mundiais e três bronzes olímpicos. 

Aguiar venceu a venezuelana Karen León. A Venezuela se resistiu, assim como a Nova Zelândia e a República Dominicana, graças a Moira De Villiers e Eiraima Silvestre, bronzes nesta categoria -78kg. 

Os super pesados permaneceram, aqueles que tomam mais espaço. Como poderia ser de outra forma, com base no que tínhamos visto durante o dia, a final colocou um brasileiro contra um cubano. 


Primeiro, as medalhas de bronze, para que possamos terminar com o ouro. O chileno Francisco Solís e o americano Christian Konoval fizeram uma grande luta, mas para chegar à final deveriam ter elevado consideravelmente o nível de seu judô, até porque Rafael Silva e Andy Granda estavam na frente deles. Silva é como sua compatriota Aguiar; ele tem experiência e sabe como ganhar medalhas. O Granda cubano não tem, nem remotamente, o recorde de Silva, mas em 2022 ele parece ter alcançado a maturidade total, como demonstrou com o bronze em Antalya. Na verdade, ele chegou em Lima em melhor forma que Silva e levou o ouro, o Brasil completando um dia de tipo japonês. Venezuela, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e República Dominicana, foram os escudeiros e o resto verificou a forma como eles ainda têm que ir para estar entre os primeiros. 



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