quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sarah Menezes: O tatame do mundo é ali


O movimento não para na casa 10 do conjunto Bela Vista, bairro de classe média da zona sul de Teresina. As pessoas querem se aproximar um pouco da campeã, até então só conhecida de alguns piauienses e mídia especializada. A própria Sarah Menezes recebe os jornalistas, atenciosa, com seu jeito simples e sereno. 

Sarah também conta com o apoio do Bolsa-Atleta, do Ministério do Esporte, desde 2004. Começou na categoria Nacional do programa e em 2009 entrou para a categoria Olímpica. "Treinar golpes, todo mundo treina. Mas o que faz a diferença é a cabeça".

Na sala principal de sua casa, tenta prever como será sua vida daqui para a frente, após a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, em Londres. “Essa medalha muda tudo. Mas vou continuar treinando para me classificar novamente para a Olimpíada, me manter bem ranqueada e conquistar mais uma em 2016”, resume. 

A declaração representa uma projeção para melhores dias nas finanças e no reconhecimento como atleta. E vem com a mesma convicção mostrada nas cinco lutas que a levaram ao topo do pódio olímpico na categoria 48 kg. O segredo do triunfo: “Treinar golpes, todo mundo treina. Mas o que faz a diferença é a cabeça”, ensina.

Aos 22 anos, a piauiense interrompeu ainda um jejum de 20 anos sem ouros do país no tatame – Rogério Sampaio foi o último, em 1992. Sarah Menezes foi a primeira medalha de ouro nos Jogos de 2012 e a primeira judoca brasileira a recebê-la. Estratégia e convicção a garota exibe desde quando começou a praticar o esporte, aos 9 anos, a contragosto dos pais, que o achavam masculino demais. Às propostas para treinar fora de Teresina, onde nasceu, ela sempre disse não, obrigada. “Há 12 anos ela se dedica ao judô. O treinamento foi sempre em Teresina, nunca precisou sair daqui para ganhar título. Ela provou isso para o mundo inteiro. A Sarah não teve infância, foi tudo dedicado ao judô”, diz dona Olindinha Menezes. O pai também recorda o início da carreira, quando a menina dava trabalho: “Eu queria que ela estudasse, mas ela fugia para treinar judô”.

A menina de ouro do esporte nacional não abre mão de seguir sob o comando do técnico da infância, Expedito Falcão, sempre presente. Nem sempre, porém, o caminho de Sarah foi de conquistas e reconhecimentos. As dificuldades financeiras quase a fizeram desistir. Quando ela teve a oportunidade de viajar pela primeira vez para competir no exterior, com pouco mais de 12 anos, Expedito Falcão tirou do bolso o valor de R$ 5 mil das passagens de ambos até Laz Paz, na Bolívia. 

Aos 16, precisou contar mais uma vez com o apoio do treinador e amigo para seguir em frente nos treinos. “Teve um momento em que eu quis desistir. Não tinha sonho olímpico. Não tinha mais gosto pelos treinos. Mas o Expedido sempre acreditou que eu fosse chegar à seleção e à Olimpíada”, conta. Ele, claro, não se arrepende de nada. “Sempre fomos muito cúmplices, parceiros. Nunca deixamos a peteca cair”, confirma Falcão. “Ficávamos tristes com a falta de apoio, de grana, mas é um problema que afeta o esporte brasileiro como um todo.”

Clique aqui e confira a matéria na íntegra.

Por: Rede Brasil Atual
Foto: Benonias Cardoso/Piauiimagens

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