terça-feira, 8 de maio de 2012

O dia em que perdi por ippon do líder do ranking mundial de judô!


No destaque, Leandro Guilheiro luta com o repórter do Terra Gustavo Setti

Tive a oportunidade de aprender um pouco de como é enfrentar os melhores judocas brasileiros. Na Escola Técnica Estadual (Etec) da favela de Paraisópolis, em São Paulo, fiz meu máximo para não deixar os atletas garantidos em Londres me atirarem ao chão no tatame. Como era de se esperar, aguentei pouco mais de 20 segundos contra Leandro Guilheiro, e surpreendente 1 minuto na luta frente a Rafael Silva.

Muito destreinado, tive que pedir um kimono (ou judogui) emprestado para a organização. Recebi meu uniforme oficial da Seleção Brasileira, azul e muito semelhante ao que os atletas utilizam nas competições. Mesmo assim ainda faltava a faixa. Depois de algum tempo me emprestam uma faixa preta, que eu nem sabia como colocar direito.

Finalmente subi ao tatame, respeitando os cumprimentos e tradições que o esporte exige. Em uma roda com Tiago Camilo, Leandro Guilheiro, Rafael Silva, Mayra Aguiar, Sarah Menezes e Rafaela Silva, a primeira coisa que aconteceu foi Camilo arrumar meu kimono. O atleta da categoria até 90 kg, me monstrou que a parte da esquerda fica sempre por cima e me mostrou como se amarra a faixa.

Depois disso, Tiago Camilo ainda me ensinou, e a outros jornalistas, alguns movimentos básicos do esporte. Primeiro foi a vez da queda: "quando for cair você primeiro 'cola' o queixo no pescoço, para evitar bater a cabeça, e depois tem que bater a mão no tatame, assim amortecendo a queda", disse o professor. Depois disso, ele mostrou como segurar o kimono do adversário e a forma de aplicar alguns golpes, me fazendo relembrar a época que já tinha praticado o esporte, exatos dez anos atrás.

Versus Rafael Silva

Após a breve explicação, fui "enfrentar" Rafael Silva, 3º do ranking mundial na categoria acima de 100kg. Com seus 2,03 m e 146 kg, Baby, como é conhecido, colocou em prática mais técnicas do esporte. Ele me mostrou o jeito que costuma aplicar os golpes nos adversários e contou que, pela categoria, não gosta de levar a luta para o chão, já que os atletas são pesados e usa-se mais a força do que agilidade.

Voltando para a luta, logo de cara já tomei uma "bronca" do professor. "Isso você não pode fazer. Nunca se cruza a perna quando estiver lutando", disse Baby enquanto eu tentava me movimentar. Após mais um reinício, o judoca me deixou no tatame por duas vezes, mas no final "consegui" aplicar um ippon no adversário, minha primeira vitória.

Versus Leandro Guilheiro

No meu segundo confronto fui um pouco melhor na movimentação, lembrando o que havia aprendido há uma década. Porém não foi o suficiente para aguentar Leandro Guilheiro, número 1 do ranking da Confederação Internacional de Judô (IJF) na categoria até 81 kg.
Para que esse último confronto fosse um pouco mais emocionante, pedi para que ele lutasse de verdade, claro, respeitando os limites de seu adversário. "Não vou facilitar, você falou pra lutar sério, então vamos lutar de verdade", disse Guilheiro.

Favorito para a medalha em Londres, logo no início do combate ele começou a se movimentar em giros, tentando me fazer perder o equilíbrio. Após algumas escapadas dos golpes, Guilheiro me derrubou e venceu com um ippon, fazendo eu bater as costas no chão. Após a queda ele reforçou que esqueci de bater a mão no tatame, para evitar lesões. Mesmo assim, vitória incontestável em pouco mais de 20 segundos de luta.

Final de combate, não quis revanche com meus adversários. Afinal, não tinha necessidade. Vai que eu aplico um golpe e eles se machucam na queda, melhor evitar que um deles fique de fora da Olimpíada por culpa minha. A experiência de lutar contra alguns dos melhores judocas ranqueados do mundo foi muito boa, mas não penso em largar o jornalismo e investir no judô, ninguém iria ter chance contra mim, ou até iriam...


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