quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Judô - Criança - Competição - Iniciação Precoce: Uma questão para refletir...


É notório que o Judô desperta aos olhos daqueles que o veem uma forte admiração, como fonte desta admiração podemos exemplificar o “caráter disciplinador” que o Judô carrega consigo. E, por conseguinte um verdadeiro “chamariz” para as aulas de Judô, principalmente para o público infantil. No entanto, esta prática pode gerar um quadro preocupante, quando a criança é inserida precocemente no contexto do Judô como Esporte de rendimento.

Para permitir uma melhor compreensão sobre o tema, faz-se necessário, como embasamento teórico, o conceito de esporte que é entendido no presente texto. Para Tani (2001), o esporte pode ser entendido de acordo com a ênfase a determinados aspectos; o esporte rendimento que preconiza pela obtenção do recorde e resultados e o esporte como conteúdo da Educação Física, não apenas escolar, que objetivam primordialmente pela qualidade de vida, aquisição de habilidades e conhecimentos e uma prática duradoura ao longo da vida.

Trazendo estes conceitos à luz do universo do Judô, podemos classificar de duas formas distintas: o Judô como rendimento, sob o contexto da competição objetivando o resultado; tendo como consequência o processo de obtenção do talento, consequentemente o torna excludente; enfatiza o produto; preocupa-se com o potencial; orienta-se para a especificidade. De outro lado temos o Judô sob o contexto da Educação Física, objetivando a aprendizagem, não se preocupa com a obtenção de talento, consequentemente tem um caráter universalista; enfatiza o processo; preocupa-se com o potencial e limitações; orienta-se para a generalidade.

A iniciação precoce ocorre, em sua maioria, quando há o envolvimento da prática sistemática do esporte, objetivando o esporte rendimento, pois na perspectiva do Esporte como conteúdo da Educação Física não haveria nenhuma lógica em acelerar os acontecimentos (TANI, 2001).

Tendo como base o caráter formador do Judô, amplamente conhecido e divulgado, não faz sentido antecipar ou “periodizar” as aulas de Judô para as crianças focando apenas no resultado (competição) e, por conseguinte acabar incorrendo na iniciação precoce e suas consequências. 

Referência:
TANI, Go. A criança no Esporte: implicações da iniciação esportiva precoce. In. “Desenvolvimento infantil em contexto – Livro do Ano da Sociedade Internacional para Estudos da Criança” org. R.J.Krebs, F. Copetti, M.R. Roso, M.S. Kroeff & P.H. Souza. Florianópolis: Editora da UDESC, p. 101-113, 2001

Por: Professor Fernando Ikeda

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