terça-feira, 26 de agosto de 2014

Érika Miranda fatura o bronze, primeira medalha do Brasil, no Mundial


Chelyabinsk é considerada o portão da Sibéria, uma dos locais mais frios do mundo. E foi justamente a frieza que marcou a campanha de Érika Miranda na conquista do bronze no Mundial 2014. Ela dominou a luta decisiva contra a cubana Yanet Bermoy Acosta e venceu por ter tido uma punição a menos. Essa é a segunda medalha seguida da brasileira na competição mais importante do judô depois dos Jogos Olímpicos. Ano passado, ela ficou com o vice-campeonato perdendo para Majlinda Kelmendi, atleta do Kosovo, que repetiu o feito esse ano ao derrotar Andreea Chitu, algoz de Érika nas semifinais, na grande decisão. O outro bronze ficou com a russa Natalia Kuziutina para alegria da torcida local.

“Passam muitas coisas na cabeça de quem vai para a disputa do bronze, ainda mais no meu caso que vim de uma derrota. São só dez minutos, o tempo de trocar o quimono e voltar para a luta. Mas a Luciana (Castelo Branco), psicóloga da seleção, faz um trabalho muito bacana. Era o momento, eu tive cabeça e consegui trazer essa medalha”, disse Érika.

Agora é refletir, pensar, corrigir, treinar para o sonho maior que é 2016.

A disputa do bronze foi totalmente dominada por Érika. Com menos de minuto, a brasileira saiu na frente por conta de uma punição à cubana. Atrás no placar, Bermoy foi para cima e a brasileira que passou a se defender, também foi punida. A partir daí só deu Érika, que dominou a pegada da cubana e forçou outra punição para Bermoy por falta de combatividade, se impondo até o cronômetro zerar. Assim, Érika deixou pra trás um retrospecto ruim contra Bermoy: de acordo com os dados da FIJ, eram nove confrontos com sete vitórias da cubana.

“Eu não me preocupei com isso (retrospecto) porque eu vim aqui para ganhar, não vim pra escolher adversária. Isso é um erro que muita gente comete. Poderia ser ela ou poderia ser a Hashimoto que minha postura seria a mesma”, comentou.

E essa postura se repetiu nos outros combates.  A estreia contra Gulbadam Babamuratova, do Turcomenistão, e esteve sempre com o controle da luta. Saiu na frente depois que a adversária foi penalizada por pisar fora da área. Cerca de um minuto depois, conseguiu um estrangulamento.  Na segunda luta, contra a espanhola Laura Gomez, veio o primeiro grande desafio. O confronto parecia que não ia ser tão complicado já que logo no começo da luta, a brasileira conseguiu um yuko. Porém, faltando um minuto e quinze para o fim da luta recebeu a terceira punição. Se sofresse mais uma, perderia a luta por desclassificação. Mais uma vez, Érika se manteve fria e garantiu a classificação para as quartas-de-final.

O confronto contra a chinesa Yingnan Ma, muito rápida, exigiu muito da concentração da brasileira. Apesar de dominar a luta, os golpes não estavam encaixando. Foi então que a brasileira usou a frieza e esperou o momento certa para encaixar um okuri-eri-jime (técnica de estrangulamento) para encerrar a luta com um ippon. Na semifinal, um momento de descuido foi o suficiente para colocar todo o domínio apresentado na luta contra Andreea Chitu, adversária da semifinal no Mundial Rio 2013, por terra. Érika conseguiu um wazari com cerca de 30 segundos de luta e seguiu bem até o minuto final. Numa disputa que já estava fora da área, as duas atletas caíram e a arbitragem definiu que a romena foi quem fez a projeção e, portanto, teve o ippon a seu favor.

“Não posso ficar cometendo erros no final da luta, ainda mais de uma luta dura. Eu vacilei e perdi. Fiquei um pouco abalada mesmo mas tive que dar a volta por cima, engolir o choro e ir buscar minha medalha”, disse Érika.


Charles Chibana, o outro brasileiro em ação hoje chegou até as oitavas-de-final, quando enfrentou o bicampeão mundial (Tóquio 2010 e Paris 2011) e duas vezes medalhista olímpico (Pequim 2008 e Londres 2012) Rishod Sobirov (UZB). Com a luta empatada em três punições para cada lado, Chibana tentou resolver a luta antes do golden score, acabou sendo projeto e caiu em ponte, o que configura um ippon. Como a disputa valia pelas oitavas-de-final, o brasileiro se despediu do Mundial sem medalha. Antes, eles havia vencido o sul-coreano Tae-Ho Youn por uma punição no golden score e o armênio Davit Ghazaryan na estreia por ippon. O título foi novamente para Masashi Ebinuma, o vice-campeonato ficou com Milhail Pulyaev (RUS) e os bronze com Georgii Zantaraia (UKR) e Kamal Khan-Magomedov (RUS).

Nesta quarta, dia das disputas da categoria leve, Rafaela Silva, que busca o bicampeonato, Ketleyn Quadros e Alex Pombo serão os representantes do Brasil no Mundial.

Por: Assessoria de Imprensa da CBJ

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