domingo, 22 de abril de 2012

Melhor do mundo, Rishod Sobirov tenta ouro inédito em Londres.


O maior nome do judô mundial não é oriundo do Japão, do Brasil ou da França, mas de um país que atingiu a “maioridade” há apenas três anos: o Uzbequistão. Rishod Sobirov não se destaca por seus atributos físicos, e sim por seu currículo. Dominante na categoria ligeiro (até 60kg) desde o fim de 2008, ele foi eleito pela Federação Internacional (FIJ) o melhor judoca do planeta no ano passado.

Bicampeão mundial, o uzbeque tem quase todos os títulos relevantes na galeria. Falta o ouro olímpico, que ele buscará em Londres.

“Nos Jogos de Pequim eu obtive certo sucesso ao ganhar a medalha de bronze. Mas, agora, vou fazer de tudo para ir ao topo. Quero sentir o gostinho do ouro”, afirmou o judoca de 25 anos.

Sobirov adotou uma rotina espartana para atingir a meta. Treinos diários em três períodos, afastamento consentido da mulher e do filho recém-nascido e concentração total no centro nacional de judô do Uzbequistão, na capital Tashkent. Inaugurada em 2011, a instalação tem uma equipe multidisciplinar com médicos e preparadores para a seleção nacional, da qual Sobirov é líder.

O projeto de um centro nacional de judô, por sinal, é parte de um grande investimento, iniciado em 2009, que o governo uzbeque fez em 12 esportes. Segundo Sobirov, a cada uma destas federações nacionais foram designados quatro patrocinadores, que ficaram a cargo de custear viagens, training camps e participações em eventos internacionais.

A ideia é tornar o Uzbequistão, país que teve a independência reconhecida em 1991 e cuja estreia olímpica se deu três anos depois, nos Jogos de Inverno de Lillehammer (NOR), uma potência esportiva. E aumentar a contagem de medalhas no maior evento do mundo – até agora, são 17 em Jogos de Verão.

Nesta ofensiva uzbeque para ser um peso-pesado no esporte, Sobirov, cujo apelido é Napoleão, por conta suas grandes ambições, é protagonista. Nele recai a esperança de ganhar um ouro olímpico inédito no judô – o país é tradicional e tem ouros no boxe e na luta livre olímpica.

“Não sou um herói nacional, mas também não nego que é bom ter atenção do público e da mídia”, disse o campeão mundial, lembrando que seu técnico, Andrey Shturbabin, também foi eleito o melhor de 2011.

Até agora, o judoca tem recompensado o investimento, e entrou na reta final para Londres em grande forma. Embora tenha sofrido uma inesperada derrota para o russo Arsen Galstyan na final do Masters de Almaty, no Cazaquistão, em janeiro, ele se redimiu e triunfou no Grand Slam de Paris, no mês seguinte.

Nos 96 dias restantes para o início da Olimpíada britânica, a ordem é treinar mais do que competir, até para não agravar uma lesão na mão direita que o fez passar por uma cirurgia no fim do ano passado.

Se tudo correr como planejado, Sobirov deve chegar a Londres como megafavorito. E a mais napoleônica de suas conquistas estará próxima.

Judoca já tem um bronze olímpico, em Pequim 2008

Bate-Bola

Você foi eleito o melhor judoca do mundo em 2011. Concorda com esta definição que lhe foi dada?

Rishod Sobirov: Eu prefiro me caracterizar pelas minhas ações, e não pelo que dizem de mim. Eu sempre trabalhei com muito afinco, e é agradável saber que isso esteja sendo noticiado. Agora, se sou o melhor do mundo ou não, o tempo dirá.

Você e o francês Teddy Riner (tetracampeão mundial no peso-pesado) são os mais dominantes. Como mantêm a hegemonia?

RS: São muitos anos de treinos, ambições e desejo de ser o melhor possível. Talvez um pouco de sorte em dias ruins (risos). O que me diferencia dos outros? Sugiro que você pergunte aos meus rivais.

Como você lida com a pressão de seguir sempre vencendo?

RS: A pressão existe, e às vezes me leva a falhar. Talvez ela tenha me prejudicado no Masters de Almaty (quando perdeu a final). Faz parte. Boa parte do sucesso vem de como lidar com a pressão.

A derrota em Almaty fez você rever algo para Londres?

RS: Muitos me perguntaram por que eu perdi. E eu me perguntava: “será que acham que eu queria perder?”. Infelizmente, não sou máquina, nem sempre venço.

Você espera competir no Rio-2016? Já conhece o Brasil?

RS: Eu já visitei seu país duas vezes, em 2007 e 2010. Do que me recordo é o sol, as praias, a natureza e o povo hospitaleiro. Quanto à Olimpíada no Rio, espero estar em forma para lutar por medalhas.



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